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Impactos das doenças transmitidas por aves

Infecções como gripe, psitacose, criptococose e febre do oeste do Nilo foram discutidas em workshop

A necessidade de visão integrada sobre a saúde humana, animal e do ecossistema, conhecida como abordagem de saúde única, foi destacada no ‘Workshop em biodiversidade e saúde: principais zoonoses em aves silvestres e sinantrópicas’. Realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), nos dias 08 e 09 de outubro, o curso abordou infecções que afetam as aves e podem representar riscos para as pessoas e a biodiversidade, assim como prejuízos econômicos. A atividade foi promovida pelo Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Saúde em parceria com os Laboratórios de Hantaviroses e Rickettsioses e de Vírus Respiratório e do Sarampo do IOC, além da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde da Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O workshop reuniu cerca de 80 participantes, entre estudantes e profissionais das áreas da saúde e meio ambiente.

Foto: Gutemberg Brito

Pesquisadores da Fiocruz, USP, UFF e UFRJ abordaram infecções de aves que podem representar riscos para as pessoas e a biodiversidade

“As aves sempre tiveram um papel marcante nas culturas humanas, muito além de serem simples fonte de alimento. Elas continuam a inspirar pesquisas em diversas áreas como evolução, comportamento, fisiologia e ecologia, o que as torna um dos grupos animais mais bem conhecidos. O Brasil é um dos países com maior diversidade de aves do mundo, entretanto, muitas espécies estão ameaçadas. Neste contexto, o workshop abordou as principais doenças que afetam as aves, com a participação de especialistas para discutir tanto aspectos ligados à saúde humana quanto à saúde animal”, comentou Maria Ogrzewalska, pesquisadora do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do IOC e uma das organizadoras da atividade. “Para avançar na vigilância de doenças humanas é preciso avançar também na vigilância animal. Por exemplo, as aves são sentinelas para a febre do oeste do Nilo, da mesma forma que os macacos, para a febre amarela”, acrescentou Marina Galvão Bueno, pesquisadora da Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde da Presidência da Fiocruz, também organizadora do curso.

Infecções virais, bacterianas e fúngicas
O panorama da biodiversidade e da evolução das aves brasileiras foi apresentado no workshop por Luiz Pedreira Gonzaga, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As infecções causadas pelos vírus influenza, agentes da gripe, foram discutidas em duas palestras: Paola Cristina Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, falou sobre a vigilância epidemiológica e laboratorial dos casos humanos, enquanto aspectos ligados à doença aviária foram apresentados pela responsável técnica pelo Laboratório de Sanidade Aviária do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Dilmara Reischak.

A psitacose, forma de pneumonia bacteriana que pode ser transmitida por pássaros frequentemente mantidos como animais de estimação (incluindo papagaios, cacatuas, calopsitas e periquitos) e a criptococose, infecção fúngica que pode ser propagada por fezes de aves (especialmente pombos) foram temas da palestra de Tânia de Freitas Raso, professora do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). A veterinária abordou ainda o risco para a conservação das aves brasileiras representado pelo Bornavírus e pelo Circovírus. As duas viroses zoonóticas já foram identificadas em pássaros exóticos, importados para o Brasil como animais de estimação, e são consideradas uma ameaça à biodiversidade, uma vez que, potencialmente, podem se espalhar para a fauna nativa do país.

A programação do evento contou ainda com a participação de Virgínia Léo de Almeida Pereira, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela discutiu infecções causadas por bactérias Mycoplasma e Salmonella, que podem afetar tanto aves de vida livre, como aves de produção, causando prejuízo econômico e riscos para a saúde humana. Já Alex Pauvolid Corrêa, pesquisador visitante do Laboratório de Flavivírus do IOC, falou sobre o vírus do oeste do Nilo. Comum no hemisfério norte, o patógeno já foi identificado no Brasil e é transmitido para as pessoas por mosquitos que se infectam ao sugar o sangue de aves, incluindo as migratórias, que atuam como hospedeiras do microrganismo.

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Vinícius Ferreira
17/10/2018
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