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Ciência contra a desigualdade

Presença do IOC na 15ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia contou com 18 atividades destinadas ao público adulto e infanto-juvenil e reforçou a importância da divulgação do conhecimento científico na luta para redução das desigualdades


Estabelecer uma nova perspectiva sobre o enfrentamento às desigualdades. Esta foi a missão das atividades desenvolvidas por institutos, escolas e organizações de todo o país durante a 15ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI). Mais uma vez, pesquisadores e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) marcaram presença na edição organizada pela Fiocruz. Apresentado a centenas de adolescentes, jovens e adultos, o tema de 2018 ’Ciência para a redução das desigualdades’ foi abordado de forma didática e lúdica.

Entre oficinas, jogos, rodas de conversa e exposições, 12 laboratórios do IOC, um Programa de Pós-graduação e um de Curso de especialização, além de profissionais da área de Biossegurança contemplaram assuntos diversos, que foram desde atividades destinadas à prevenção ao uso de drogas e a doenças sexualmente transmissíveis, passando por ações de divulgação científica voltadas à inclusão social, até a apresentação de doenças tropicais diretamente relacionadas a condições de desigualdade social que englobam saneamento, poluição do ar e alimentação.

Gutemberg Brito

Dezoito atividades foram promovidas pelo IOC na 15ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia


“A semana contribuiu para ampliar a interação entre a sociedade e os pesquisadores e mostrar ao público interno e externo a importância das pesquisas desenvolvidas pelo IOC. Somente através da ciência e do ensino o Brasil poderá avançar e se tornar, de fato, um país mais justo e igualitário”, destacou José Paulo Gagliardi Leite, diretor do Instituto. As atividades contaram com a participação do projeto ‘IOC + Escolas’ e foram realizadas de 16 a 20 de outubro, no campus da Fundação, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro e em locais itinerantes.

Diálogo é o caminho
Ilustrando de modo abstrato a realidade de pessoas que enfrentam diariamente a desigualdade social, a oficina ‘Retalhos & Histórias’, oferecida pelo Curso de Especialização Ciência, Arte e Cultura na Saúde, promoveu uma roda de conversa e reflexão baseada na análise de histórias relacionadas a situações de desigualdade. A oficina permitiu que os participantes construíssem as cenas apresentadas a partir de retalhos de tecidos, estimulando a imaginação e reforçando a percepção de empatia sobre as dificuldades enfrentadas por diversos grupos sociais. O diálogo e a interação também foram estratégias utilizadas na atividade desenvolvida pelo Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde (LEAS), que uniu jovens e educadores no ‘Jogo da Onda virtual: um material educativo sobre drogas’, dinâmica que promoveu conhecimento e aprendizagem por meio do compartilhamento de informações sobre temas associados ao uso indevido de drogas.

Gutemberg Brito

Jogos e brincadeiras estimularam participantes a refletir sobre a luta em prol da redução das desigualdades através da divulgação científica


Já na atividade do Laboratório de AIDS & Imunologia Molecular o assunto girou em torno de questões relacionadas à prevenção, diagnóstico, sintomas e formas de transmissão do HIV e da AIDS. Com distribuição de preservativos, cartilha educativa e exposição de maquetes que exibiam a estrutura do HIV, o estande promoveu a atividade ‘HIV e Aids: tire suas dúvidas!’ e surpreendeu visitantes, como Giulia Alves, de 13 anos, da Escola Municipal Nerval de Gouvea, de Ramos, na Zona Norte do Rio. A aluna ressaltou o quanto a atividade foi esclarecedora. “As explicações sobre AIDS foram a parte mais interessante do evento. Eu não sabia que AIDS e HIV eram coisas diferentes, também não sabia todas as formas de contágio e de tratamento. Agora sei a importância dessas informações para a nossa saúde”, comentou. A estudante ainda ressaltou a diferença de absorção das informações transmitidas durante uma explicação teórica vista em sala de aula e da explicação em um ambiente interativo. “Nós aprendemos sobre isso na escola, mas estar aqui com meus colegas tirando dúvidas e vendo as maquetes é completamente diferente, sinto que compreendi melhor as informações”, concluiu Giulia.

Lição: preservação
Consciência ambiental, preservação de fontes naturais não renováveis e combate a doenças decorrentes de circunstâncias oriundas das desigualdades. Elementos fundamentais para a garantia de um futuro igualitário, que permita a todos o desfrute de uma boa qualidade de vida. A água e os seres que a habitam foram os focos das atividades desenvolvidas pelo Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, que ofereceu aos visitantes a atividade prática ‘Quem vive nessa água? ’. Ao público foi disponibilizado um aquário com diversos organismos bioindicadores da qualidade da água e do impacto ambiental, como larvas de mosquito, caranguejos, crustáceos e outros organismos coletados exclusivamente para exposição no evento. O laboratório também promoveu a exposição ‘Atenção: com água verde não se brinca! ’ que apresentou organismos bioindicadores derivados do plâncton. O objetivo foi demonstrar a importância desses organismos para a biodiversidade e manutenção do ambiente. Além disso, foram expostos alguns exemplares de insetos afixados em álcool e distribuída uma cartilha informativa sobre insetos aquáticos.

Gutemberg Brito

Atividades interativas permitiram a aproximação entre pesquisadores e alunos de escolas públicas, que puderam compreender parte do processo de pesquisa que ocorre nos laboratórios


A preservação da biodiversidade também esteve presente no tema do estande desenvolvido pelo Laboratório de Malacologia. A atividade ‘Lesmas e caracóis: diversidade e importância para a saúde pública’ permitiu aos participantes observar diferentes moluscos terrestres e de água doce, vivos e fixados em álcool. A exposição deu ênfase às espécies de interesse médico e ofereceu ainda informações sobre cuidados necessários para manuseio e controle dos moluscos vetores de doenças como a leishmaniose, que, por sua vez, também foi tema da atividade desenvolvida pelo Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemiptera em parceria com o Laboratório de Referência em Vigilância Entomológica: Taxonomia e Ecologia de Vetores das Leishmanioses. Ambos os laboratórios apresentaram a atividade ‘As Leishmanioses’ que abordou prevenção, tratamento e controle da doença, causada por parasitas do gênero Leishmania que vivem e se multiplicam no interior das células do sistema de defesa do indivíduo que a contrai. De modo interativo, a atividade permitiu que os alunos que passavam pelo estande observassem com lupas o vetor do agravo e entendessem o processo de contágio por meio de jogos, banners e folhetos educativos. “Tudo o que está sendo apresentado ao longo do evento complementa e corrobora o que ensinamos em sala de aula. A apresentação prática das teorias que os alunos aprendem com a gente estimula o desejo de conhecimento deles e expande os horizontes em relação ao futuro que eles poderão ter”, ressaltou Jomar Andrade, educador há mais de 20 anos e professor da Escola Municipal Nerval de Gouvea.


Fontes de conhecimento
No fundo do mar, na produção de medicamentos e na preparação de pães e bebidas: eles estão por toda parte. A exposição ‘A vida secreta dos fungos’, desenvolvida pelo Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos, em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), apresentou aos visitantes a utilização dos fungos e seu potencial para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia do país. Por meio de cartilha educativa e exposição de parte da Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos do IOC, a atividade explorou mitos e utilizações curiosas relacionados aos fungos.

Elemento chave nas atividades apresentadas pelo Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas Médicas, a curiosidade também atingiu visitantes que passaram pelas maquetes coloridas expostas nos estandes do laboratório. Utilizando um jogo educativo, a exposição ‘Que doença tropical é essa? ’ apresentou informações sobre contágio e prevenção às doenças tropicais endêmicas do país, como as causadas pelo mosquito Aedes aegypti. De modo divertido, os visitantes aprenderam formas de prevenção, contágio e tratamento da dengue, Zika e Chikungunya, transmitidas pelo vetor. Já a atividade ‘O que o cocô pode falar?!’ apresentou de forma lúdica os possíveis problemas que podem ser identificados através da cor, forma e textura das fezes. Além disso, as características e a prevenção de vermes e protozoários intestinais, também foram ensinadas aos visitantes através de jogo educativo desenvolvido pela equipe do laboratório.

Gutemberg Brito

Conhecimentos sobre saúde do corpo e preservação ambiental estiveram ao alcance de jovens, que observaram de perto exemplares de vetores e maquetes educativas sobre os ambientes propícios às doenças tropicais


O interesse e a atenção dos alunos pelas informações aprendidas foram comemorados pela professora Luciana Tavares, do Colégio Estadual Engenheiro João Thomé, de Padre Miguel, da Zona Oeste do Rio. “A presença deles nesse espaço e o contato com pesquisadores é fundamental. Eles estão recebendo informações precisas, direto da fonte e isso semeia neles o amor pela aprendizagem. Percebo o interesse e a avidez deles por conhecimento e isso me deixa extremamente feliz” comemorou a docente.

Responsável por manter o corpo humano em bom funcionamento por meio da absorção do oxigênio, as propriedades de um pulmão saudável foram demonstradas durante a atividade ‘Respirar bem’, desenvolvida pelo Laboratório de Inflamação. Foram apresentadas condições crônicas de doenças pulmonares, como asma, enfisema e silicose e o público pode aprender formas de prevenção e tratamento destas doenças. Por sua vez, a estrutura responsável pelas características de todos os seres do planeta foi foco do estande da Pós-graduação Stricto sensu em Biologia Computacional e Sistemas, que ofereceu aos visitantes a atividade ‘Eugene - nome no genoma’, que tinha como objetivo simular o trabalho de análises bioinformáticas através da criação de um caça-palavra com o nome de um participante em um fundo de sequência de DNA.

Da teoria à prática
Escondido nos colchões de muitas famílias, o percevejo de cama foi tema da exposição ‘Olho Vivo no percevejo de cama: um incômodo nos cômodos independente das desigualdades’, desenvolvida pelo Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Diptera e Hemíptera, que apresentou formas de desenvolvimento, processos de infestação e dispersão do percevejo de cama em diferentes ambientes, bem como medidas preventivas para evitar seu aparecimento.

Paralelamente, o laboratório apresentou a atividade ‘Olho vivo no barbeiro: uma ação independente das desigualdades’ que chamou atenção ao apresentar exemplares dos vetores da doença de Chagas, endêmica em várias regiões do país. Foram distribuídos folhetos educativos sobre prevenção e controle dos vetores e os visitantes tiveram a oportunidade de observar, por meio de lupas, os estágios de desenvolvimento do inseto. “Ver de forma explícita uma teoria aprendida na escola faz com que eu me sinta mais envolvido no processo de aprendizagem”, comentou Bruno Roger Amaral, de 18 anos, aluno do 3º ano do Colégio Estadual Engenheiro João Thomé. Bruno afirmou ainda que antes da SNCT desconhecia a amplitude da endemia de Chagas. “Eu já tinha aprendido um pouco sobre o barbeiro, mas nunca tinha visto pessoalmente e não fazia ideia da dimensão do impacto da doença no Brasil”, concluiu o estudante.

Gutemberg Brito

Por meio de lupas, os visitantes observaram o vetor da doença de Chagas e aprenderam sobre as formas de contágio e os métodos de prevenção


O Laboratório de Biodiversidade Entomológica também desenvolveu uma atividade destinada a destrinchar os males causados pela doença de Chagas e utilizou uma abordagem lúdica e interativa ao explicar informações pertinentes ao tema. Por meio da atividade ‘Div & Ap: divertindo e aprendendo sobre a doença de Chagas’, os visitantes aprenderam sobre os principais vetores, métodos de controle e prevenção do agravo. O laboratório também disponibilizou parte do acervo da Coleção Entomológica que incluía artrópodes, como borboletas e mariposas, para observação dos estudantes, como Alice Ferreira, de 19 anos, aluna do 3º ano do Colégio Estadual Engenheiro João Thomé que compareceu pela primeira vez ao evento. “Entender a prática por trás das teorias que aprendemos torna tudo mais divertido. Com certeza eu trarei amigos para participar em outras oportunidades”, afirmou.

O futuro através do ensino
Com soluções químicas capazes de identificar as proteínas presentes nos alimentos. o Laboratório de Pesquisa em Leishmanioses permitiu que os visitantes realizassem suas próprias experiências durante a atividade ’Microrganismos e alimentos: os que nos ajudam e os que nos atrapalham’. Munidos de conta gotas, tubos de ensaio e alimentos, como leite, gelatina e amêndoas, os participantes aprenderam sobre microrganismos associados a doenças e os impactos da alimentação na saúde. E em meio a experimentos e ações de divulgação científica, a Comissão Interna de Biossegurança do IOC abordou a importância do uso correto de equipamentos durante atividades científicas, como meio de minimizar os riscos de acidentes no local de trabalho. Os chamados EPI’s - Equipamentos de Proteção Individual - foram disponibilizados para os visitantes do estande que aprenderam na prática como se proteger de possíveis situações de ameaça à segurança e à saúde durante o processo de pesquisa.

Utilizando larvas de mosquitos, distribuídas em recipientes com água acumulada, como pneus e bandejas de geladeira, o Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses inovou, mais uma vez, ao desenvolver a atividade interativa "A casa da Virgínia", que ensinou aos visitantes o funcionamento e as formas de eliminação de criadouros intra e peridomiciliares do mosquito Aedes aegypti. A atividade foi desenvolvida em homenagem à pesquisadora Virgínia Schall, pioneira da divulgação científica, entusiasta da ciência e atuante nas áreas da saúde e da educação. O Laboratório promoveu também a atividade ‘Ciência na Estrada, gerando saúde para inclusão social’ e levou ao evento um ‘laboratório sobre rodas’, que ofereceu atividades de divulgação científica realizadas no ônibus do projeto. O vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, ressaltou a importância da SNCT na cooptação de jovens para o meio científico. “A semana é uma grande oportunidade para identificar novos talentos. Aproximar os jovens ao ambiente científico os sensibiliza para a área, tornando a pesquisa uma opção de carreira. Esse interesse pela ciência faz com que aumentem as procuras pelos nossos programas de iniciação científica. Os jovens cientistas de hoje serão o caminho para um amanhã mais igualitário”, ressaltou.


Reportagem: Agatha Ariel
Edição: Vinicius Ferreira
Atualizado em: 08/11/2018
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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