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Zika: investigação permanente

Pesquisadores de 11 países discutiram resultados de pesquisas e descobertas recentes sobre a epidemiologia do vírus em reunião estratégica do consórcio internacional ZIKAction realizada entre os dias 03 e 05 de novembro, no Rio de Janeiro

Em novembro de 2015, o aumento de casos de recém-nascidos com microcefalia no Brasil, em especial na Região Nordeste, levou o Ministério da Saúde a decretar emergência em saúde pública de importância nacional. Posteriormente, o desenvolvimento da malformação e de uma série de outros distúrbios neurológicos em fetos foi associado à infecção pelo vírus Zika. Desde então, pesquisadores em todo o mundo buscam esclarecer os diversos mecanismos de atuação do vírus e os potenciais impactos para o organismo. O consórcio internacional ZIKAction é uma das iniciativas que tem avançado no conhecimento relacionado à epidemiologia, história natural e patogênese do vírus Zika, com ênfase especial à saúde infantil e materna. A iniciativa reúne pesquisadores de diversas áreas de países da América do Sul e Central, Caribe e Europa. O encontro anual da rede reuniu cerca de 50 participantes, entre pesquisadores, profissionais de saúde e representantes de instituições e organizações que fazem parte do consórcio. A reunião, realizada entre os dias 03 e 05 de novembro, no Rio de Janeiro, contou com a presença de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e de outras Unidades da Fiocruz que integram a iniciativa.

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

O consórcio internacional tem avançado no conhecimento relacionado à epidemiologia, história natural e patogênese do vírus Zika


“A reunião anual do grupo de trabalho é estratégica para definição do andamento dos projetos com base nos resultados de pesquisas apresentados e nas mais recentes descobertas epidemiológicas do Zika e de outros arbovírus”, destacou a chefe do Laboratório de Flavivírus do IOC, Ana Bispo, líder do consórcio no Brasil. No último ano, os pesquisadores do Laboratório buscaram estabelecer um algoritmo para o diagnóstico da infecção por Zika em gestantes e crianças com microcefalia. O fluxograma tem por objetivo auxiliar a conduta clínica de médicos e profissionais de saúde, indicando possíveis vias de decisão que orientam para um diagnóstico correto. A equipe também realizou a avaliação de testes de diagnóstico comerciais e in house.

“O estudo teve como objetivo encontrar o teste com a maior sensibilidade para o vírus Zika e o menor índice de reação cruzada para o vírus da dengue”, explicou Ana. Segundo ela, os próximos passos incluem o aprofundamento na investigação do vírus Zika responsável pela epidemia que se espalhou pelo Brasil em 2015 e 2016. A previsão é que o Laboratório de Flavivírus do IOC receba amostras de diferentes localidades, incluindo Salvador, Campina Grande, Belém, Manaus, Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2018, até o dia 20 de outubro, o país teve 3.308 casos confirmados de infecção por Zika, segundo o Ministério da Saúde. A taxa de incidência é de 3,6 casos por 100 mil habitantes.

No dia 05, as atividades foram realizadas na Tenda da Ciência Virgínia Schall, no campus Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro. A cerimônia de abertura contou com a presença do diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, do pesquisador do IOC e assessor da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Wim Degrave, e do pesquisador da Fundação PENTA, Carlo Giaquinto. Em sessão aberta a toda a comunidade, especialistas brasileiros e estrangeiros abordaram questões como o panorama epidemiológico do Zika no país, a utilização de mini cérebros para compreensão da infecção pelo vírus e o desenvolvimento de vacinas. O encerramento contou com a participação da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. “A abordagem interdisciplinar é extremamente importante para o enfrentamento do vírus Zika. Só teremos uma agenda científica fortalecida por meio da conexão entre as abordagens biomédica e científico-social, passando pelo conhecimento da virologia em laboratório e questões ambientais, como o controle vetorial”, destacou Nísia.

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

Nísia destacou a importância da abordagem multidisciplinar para o enfrentamento ao vírus Zika


Desde a emergência do vírus Zika no Brasil, em 2015, o Laboratório de Flavivírus do IOC tem sido protagonista nas descobertas sobre os impactos da infecção. Em 2015, a equipe confirmou de forma inédita a presença do vírus no líquido amniótico de duas gestantes com fetos com microcefalia. Na época, a evidência foi primordial para direcionar as investigações iniciais sobre o Zika e sua correlação com a microcefalia. Já em 2016, os pesquisadores apresentaram, em um artigo publicado na revista científica internacional ‘The Lancet Infectious Diseases’, o primeiro sequenciamento genético completo de um vírus Zika ligado a um caso de microcefalia no Brasil.

Reportagem: Lucas Rocha
06/11/2018
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