Publicada em: 19/03/2019 às 10:05 |
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Do impresso ao acesso global Palestra sobre os 110 anos da Revista Memórias Instituto Oswaldo Cruz marcou o encerramento da Semana de Abertura do Ano Acadêmico do IOC No último dia de atividades (15/03) da Semana de Abertura do Ano Acadêmico do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a frase de ordem foi 'Desafios contemporâneos para a publicação científica no país em função, sobretudo, das mudanças tecnológicas, sociais, políticas e econômicas'. O tema foi abordado pelo editor-chefe da Revista Memórias Instituto Oswaldo Cruz, Adeilton Brandão, durante a palestra 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 110 anos depois: abertura de dados, integridade, reprodutibilidade e outros desafios contemporâneos para autores e revistas científicas’. O encontro, integrado ao Centro de Estudos do IOC, mais tradicional atividade acadêmica do Instituto, foi moderado pelo diretor do Programa SciELO/FAPESP, Abel Packer. Realizado em comemoração pelos 110 anos do periódico, o evento contou também com a presença do diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, do vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto, Marcelo Alves Pinto, e do representante discente dos Programas de Pós-graduação do Instituto, João Paulo Sales. "Quero dar boas-vindas aos novos estudantes. Quase 50% dos recursos humanos da nossa Unidade é composto por alunos. Ao meu ver, isso é muito importante, pois vocês trazem renovação e apontam novos desafios para quem está há mais tempo no Instituto", comentou o diretor do IOC na mesa de abertura. Foto: Gutemberg Brito (IOC/Fiocruz)
O evento contou com a presença do diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, do vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do Instituto, Marcelo Alves Pinto, e do representante discente dos Programas de Pós-graduação do Instituto, João Paulo Sales. Do impresso ao acesso global O editor-chefe da revista ‘Memórias’ iniciou a sessão especial do Centro de Estudos apresentando a trajetória do periódico ao longo dos 110 anos. “Saímos da versão impressa e hoje estamos acessíveis pelo aplicativo do celular. E não é apenas isso. Nesse mais de um século passamos por contínuas transformações políticas que nos fizeram deixar de ser uma publicação meramente institucional para alçar voos internacionais”, comentou Adeilton, chamando a atenção para a década de 1980, período pós ditadura militar, em que a revista começou a dar os primeiros passos rumo à globalização. “Não teria como falar da trajetória das ‘Memórias’ sem citar o professor José Rodrigues Coura, que se dedicou a revitalizar o periódico e o consolidou como uma referência na área da parasitologia”, destacou, pontuando também alguns feitos importantes dos editores que assumiram a revista após Coura. “O pesquisador Ricardo Lourenço [chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários] modernizou o periódico e teve o cuidado de combater o plágio na publicação de artigos. Já na gestão da pesquisadora Claude Pirmez [atualmente aposentada] podemos citar o enfoque na questão do acesso aberto”, citou, em tom de agradecimento. Foto: Gutemberg Brito (IOC/Fiocruz)
Adeilton iniciou a sessão especial do Centro de Estudos apresentando a trajetória da revista 'Memórias' ao longo dos 110 anos Sobre a disponibilidade imediata de conteúdo, o compartilhamento aberto de dados e a revisão aberta por pares, o editor salientou que tais aspectos aceleram o avanço do conhecimento, facilitam a reprodução dos trabalhos científicos, melhoram a qualidade da publicação científica e ampliam o conceito de ciência aberta. “Ainda paira a questão da posse sobre o conhecimento e os dados. O desafio nesse cenário é, justamente, alterar o conceito de detenção individual das informações para uso responsável de um bem público. Mas, para isso, precisaremos mudar a cultura científica nacional”, comentou, sobretudo a respeito dos dados publicados em plataformas ‘pré-print’, uma tendência que vem ganhando cada vez mais espaço na editoração científica. Em relação aos pontos abordados por Adeilton, Abel Packer ressaltou como as boas práticas voltadas para o acesso aberto da revista ‘Memórias’ se alinham aos interesses do Programa SCIELO. “A ciência aberta passa a ser o condutor da operação e o aperfeiçoamento dos periódicos de qualidade com foco na profissionalização, internacionalização e sustentabilidade operacional e financeira, como as ‘Memórias’. O conhecer é individual. Já o aprender, social. E é justamente nesse caminho que a ciência aberta e, consequentemente, o SCIELO seguem”, disse. “A produção científica começou a ser influenciada/mediada pelo ambiente digital. A interatividade, hoje, está progressivamente entrando no meio do artigo e isso será, provavelmente, a próxima revolução. Portanto, há quem preconize que, o importante nesse novo contexto, é publicar bem os dados da pesquisa”, alertou.
Por fim, Packer falou sobre a desintermediação no processo de comunicação científica – como é o caso do pré-print – e enfatizou que o modelo, em breve, será o início formal da comunicação das pesquisas. “Os periódicos atuarão como validadores. A função dos editores, sejam editores-chefes ou associados, é essencial para o bom desempenho dos periódicos. Por isso, não creio que essa figura irá desaparecer. Acho apenas que eles ficarão mais encarregados de gerir a comunicação científica neste universo global e interativo”, concluiu. Reportagem: Kadu Cayres |
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