Publicada em: 15/04/2019 às 10:00 |
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Alternativas à experimentação animal Último dia do 4ª Simpósio de Pesquisa e Inovação abordou temas relacionados a métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas científicas Tendo como foco principal os métodos alternativos inovadores relacionados ao uso de animais em pesquisas científicas, o último dia de programação (11/04) do 4ª Simpósio de Pesquisa e Inovação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) destacou temas relacionados à experiência da instituição sobre o assunto, à metodologia alternativa da empresa L'Oréal Brasil na avaliação da eficácia e segurança de seus produtos e cosméticos, às vantagens do Zebrafish como modelo alternativo para a experimentação animal e à efetiva interação interinstitucional estabelecida por meio da criação de um software para gestão de biotérios, o BioterC. A atividade contou com a presença do diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, do vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Instituto, Jonas Perales, da diretora do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB/Fiocruz), Carla Campos, e do coordenador do Centro de Experimentação Animal do IOC, Luiz Cezar Cavalcanti. "Existe a geração de conhecimento científico em que a utilização de animais se faz necessária. No entanto, temos estudos em que o uso de métodos alternativos é possível. O objetivo principal é, dentro dessa possibilidade, expandir as parcerias público-privadas e assim tornar tais práticas mais efetivas”, declarou o diretor do Instituto durante a mesa de abertura. “Este evento representa a oportunidade de pensarmos, juntos, alternativas para aproximar instituições públicas e a iniciativa privada”, complementou Perales. Exemplo que vem de dentro A primeira palestra do dia ficou a cargo de Octavio Presgrave, do Instituto Nacional de Controle e Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), que destacou algumas iniciativas da Fiocruz relacionadas a métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas. O Monocyte Activation Test (MAT), metodologia alternativa ao uso de coelhos no ensaio de pirogenia (análise da reação que o organismo apresenta quando é invadido por endotoxinas) foi uma delas. “Os primeiros passos deste método foi em uma dissertação, defendida por estudante do IOC, em 2003. Nove anos depois, o assunto esteve presente em tese defendida por um doutorando do INCQS. Hoje, representa um modelo aplicável, utilizado em estudos de aprimoramento da vacina da febre amarela, por exemplo”, comentou. Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)
Octavio Presgrave destacou algumas iniciativas da Fiocruz relacionadas a métodos alternativos ao uso de animais em pesquisas. Presgrave destacou, também, as perspectivas da instituição em relação à experimentação animal. “Precisamos pensar em uma política institucional que uniformize os processos dentro dos Centros de Experimentação Animal. Além disso, temos que abrir mais espaço para métodos alternativos como o Zebrafish, que, apesar de não substituir o uso de animais, é um modelo rápido e seguro para a pesquisa”, disse, anunciando, em seguida, que o ICTB dará início a um curso de pós-graduação Lato sensu em métodos alternativos para a experimentação animal. “A previsão para a abertura de inscrições é o segundo semestre deste ano”, adiantou. Eficácia e segurança de produtos cosméticos Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)
A utilização de pele artificial humana reconstruída em laboratório em atividades de testagem da eficácia e segurança de produtos cosméticos foi um dos pontos abordados na palestra ministrada por Rodrigo De Vecchi Zebrafish e informatização na gestão de biotérios O evento também contou com as apresentações ‘Zebrafish: um excepcional modelo experimental’ e ‘Interação ICT/Empresa – Utilização de software para gestão de biotérios: experiência ICC (Curitiba)’, realizadas por Monica Lopes Ferreira, do Instituto Butantan, e Giovanni Mazzarotto, do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz-PR), respectivamente. Sobre o modelo experimental, Monica destacou como principais vantagens o rápido desenvolvimento, a alta taxa reprodutiva, a possibilidade de se trabalhar com todos os estágios de vida e a similaridade de 80% dos genes associados a doenças humanas. “De 1981 até hoje, o método não parou de crescer. Tem mais de 20 anos que pesquisadores brasileiros vêm trabalhando com ele, no entanto, temos poucas publicações em revistas científicas. Precisamos mudar esse cenário”, disse. Foto: Josué Damacena (IOC/Fiocruz)
Monica Lopes Ferreira (Instituto Butantan) e Giovanni Mazzarotto (Instituto Carlos Chagas / Fiocruz-PR) abordaram, respectivamente, o modelo experimental Zebrafish e a utilização do software BioterC na gestão de biotérios Quanto ao software elaborado no ICC para a gestão de biotérios, Mazzarotto ressaltou que o desenvolvimento do sistema foi realizado de acordo com as demandas apontadas pelos biotérios do Instituto. “O BioterC é uma ferramenta de gerenciamento que auxilia e traz ganhos, não apenas para a questão ética, que inclui o uso racional de animais, mas também no quesito custos gerados por um biotério. Utilizado no ICC, o software foi registrado – inclusive com sua marca – no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)”, explicou. De acordo com o especialista, a busca por parcerias interunidades começou em 2013, quando a equipe de desenvolvimento do software procurou o Sistema Gestec-NIT. No ano seguinte, após algumas reuniões, o BioterC foi doado para a Fiocruz, com o objetivo de aprimorar a tecnologia, que já desperta o interesse de mais de 20 instituições. Nova data Por conta das fortes chuvas que assolaram a cidade do Rio de Janeiro na última terça-feira (09/04), as atividades previstas para a data foram canceladas e serão remarcadas para outro momento. “Eu diria que a sessão desta quinta-feira é provisoriamente a final. Já estamos negociando com os palestrantes uma nova agenda para fechar a programação do simpósio”, finalizou Jonas Perales. Reportagem: Kadu Cayres |
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