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Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde: 15 anos

Contribuições incluem melhorias no processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de metodologias, produtos e estratégias educacionais

O Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) celebra 15 anos em 2019. Uma ampla e diversificada gama de profissionais, incluindo educadores, professores, profissionais de serviços de saúde, da área de Ciência e Tecnologia e do campo da comunicação social estão entre os exemplos de profissionais qualificados pelos cursos de mestrado e doutorado. Para celebrar a data, aconteceu entre os dias 16 e 20 de setembro, um evento comemorativo que discutiu perspectivas sobre o futuro da educação e do ensino no Brasil. Palestras, rodas de conversa, apresentações de pôsteres e exposições foram destaques do encontro, que estimulou o desenvolvimento de parcerias de trabalho, como redes de pesquisa e ensino.

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

Ao longo da semana, o evento discutiu perspectivas sobre os desafios e dificuldades da educação brasileira


Educação em pauta
A cerimônia de abertura, realizada no dia 16/09, contou com a presença do diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, da coordenadora da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde, Tania Araújo-Jorge, e da pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e docente da Pós, Helena Carla Castro. "O IOC foi pioneiro na iniciativa de estreitar os laços entre ciência e arte. Em momentos difíceis para o desenvolvimento da ciência e da educação, é fundamental que o Instituto e a Fiocruz tenham a visão da importância do relacionamento extramuros para o fortalecimento, transferência e aquisição de conhecimento. É preciso abrir cada vez mais as portas e estimular a criação de novas parcerias, um dos pontos fortes da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde", destacou José Paulo.

Já no dia 17/09, docentes, discentes e colaboradores discutiram as contribuições do Programa para a sociedade ao longo de 15 anos - como o desenvolvimento de novas metodologias e produtos para educação em biociências e saúde. Em videoconferência, o pesquisador do Laboratório de Comunicação Celular do IOC e docente do Programa, Renato Matos Lopes, abordou aspectos sobre o livro ‘Aprendizagem Baseada em Problemas: fundamentos para a aplicação no ensino médio e na formação de professores’, saiba mais sobre a obra.

O segundo dia também contou com a realização de atividades culturais, com destaque para o lançamento da Exposição 'O Espetáculo das Coisas', uma parceria entre o IOC e a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A mostra reúne desenhos, pinturas, montagens e instalações que representam o encontro entre a ciência e a arte. A exposição permanece em cartaz até o dia 11 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, no Centro Cultural Light, no Rio de Janeiro (Av. Marechal Floriano, 168, Centro). No mesmo dia, a mesa-redonda 'Portinari & Saúde' recebeu o artista Erik Costa e o empresário D'Artagnan Guimarães. Na quarta-feira (18/09), o professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Antonio Cunha, ministrou a palestra 'Desafios da Educação no Brasil', em atividade integrada ao Núcleo de Estudos Avançados do IOC [confira a cobertura].

Na sexta-feira (20/09), uma edição especial do Centro de Estudos do IOC recebeu a pedagoga Nita Freire, viúva de Paulo Freire, que apresentou a palestra 'A pedagogia o compromisso, o legado de Paulo Freire e os desafios da Educação'. No mesmo encontro, o artista plástico, caricaturista e pesquisador Camilo Riani discutiu o tema 'Cartoongrafia de Paulo Freire e da pedagogia da autonomia - arte colaborativa' e promoveu a criação de uma obra coletiva inédita [confira].

Histórico de contribuições
Criada em 2004, a Pós-graduação já formou mais de 240 alunos, entre mestres e doutores. Atualmente, conta com cerca de 40 docentes, sendo que, desde a criação, mais de 60 contribuíram com as atividades. “A Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde foi criada com o intuito de corresponder essencialmente a dois tipos de demanda: em primeiro lugar, educadores e professores do ensino médio, em busca de qualificação em nível de mestrado, e professores universitários interessados na qualificação em nível de doutorado. Segundo, a demanda de profissionais de saúde, também para qualificação de suas competências de ensino e de educação em saúde”, afirmou Tania Araújo-Jorge, coordenadora do Programa e chefe do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC. Ao lado de Tania, participaram da criação da iniciativa os pesquisadores do IOC Luiz Anastácio Alves, do Laboratório de Comunicação Celular, e Danielle Grynszpan, do Laboratório de Biologia das Interações.

Os alunos são estimulados a elaborar metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem e realizar avaliações desse campo a partir de metodologias quantitativas e qualitativas. As linhas de pesquisa variadas contemplam estudos sobre ciências sociais e humanas aplicadas ao ensino em Biociências e Saúde, divulgação e jornalismo científico e perspectivas da interface entre Ciência e Arte. Tania atribui ao empenho conjunto de coordenação, Comissão de Pós-graduação (CPG), docentes e discentes a consolidação da Pós-graduação em Ensino em Biociência e Saúde: ao longo dos processos de avaliação conduzidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em apenas 15 anos o Programa alcançou a nota 6, numa escala que tem o 7 como pontuação máxima.

“Buscaremos cumprir as metas de ampliação do número de discentes, de alunos estrangeiros, de cooperações internacionais e de impacto social dos produtos e das ações de ex-alunos e da comunidade docente e discente”, pontuou. “Outro desafio é ampliar a visibilidade do Programa e seus produtos, acadêmicos, técnicos, grupos de pesquisa e eventos, estruturando ensino em rede e divulgação das ações via redes sociais e site institucional”, completou. Ampliar a integração junto ao conjunto de Programas de Pós-graduação Stricto sensu do IOC e com outros programas de ensino no Rio de Janeiro também é um desafio destacado pela coordenadora, assim como promover o acompanhamento contínuo dos alunos formados.

Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz

Coordenadora do Programa, Tania Araújo-Jorge ressaltou as variadas linhas de pesquisa desenvolvidas no âmbito da Pós-graduação


A coordenadora do Programa ressalta que a iniciativa foi a primeira no Rio de Janeiro a oferecer formação em ensino em nível de doutorado. Com foco na regionalização da pós-graduação no país, 25% dos ex-alunos do Programa são residentes em outros estados, além do Rio de Janeiro. “Nossa rede de ex-alunos inclui profissionais em atividade, pelo menos, no Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Acre”, elencou a coordenadora do Programa.

A tese da cientista social Josina Pontes Ribeiro, que concluiu o doutorado no Programa em 2017, ilustra a contribuição para além dos limites do Rio de Janeiro. O projeto formulou uma proposta de educação profissional em saúde e segurança do trabalho para agentes de combate às endemias no Acre. Do currículo aos materiais educativos, a capacitação apresenta como diferencial uma construção que considera as perspectivas dos próprios trabalhadores. Orientado pela pesquisadora Tania Araújo-Jorge, o projeto ‘Agentes de Combate às Endemias no Acre: das histórias de vida à formação profissional’ contemplou desde a concepção do curso até sua implementação e avaliação. “Como resultado da pesquisa, apresentou-se uma proposta de ensino para trabalhadores historicamente invisibilizados, expostos a diferentes tipos de riscos ambientais, mas essenciais para o controle de doenças negligenciadas e, portanto, para a manutenção das condições de vida e saúde da população”, ressaltou Josina na ocasião da conclusão do projeto. O estudo é fruto de um convênio firmado entre o IOC e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (IFAC), que formou 19 doutores e ampliou o desenvolvimento de pesquisas de impacto para a Região Norte do país.

Foto: Jaqueline Oliveira/DSCOM-IFAC

O vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto, Josina Ribeiro, Tania Araújo-Jorge e a reitora do IFAC, Rosana Cavalcante dos Santos, durante evento que apresentou resultados das pesquisas desenvolvidas através do convênio


Contribuições plurais
A variedade dos projetos desenvolvidos pelos estudantes do Programa é motivo de destaque. Basta percorrer os prêmios mais recentes recebidos por estudantes para se ter uma amostra dessa variedade. No Prêmio Anual IOC de Teses Alexandre Peixoto 2018, foi reconhecido o trabalho da professora de química Ana Paula Sodré da Silva Estevão, que elaborou uma história em quadrinhos sobre o tema lixo eletrônico para promover o ensino da disciplina conectado ao contexto social. Professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, no campus de Duque de Caxias (IFRJ-CDUC), Ana Paula Sodré da Silva Estevão buscou enfrentar em sua tese barreiras que ainda fazem com que o modelo expositivo de ensino domine grande parte das aulas de química no Brasil. Na pesquisa “História em quadrinhos no ensino de química como estratégia didática para abordagem do tema ‘lixo eletrônico’”, desenvolveu uma ferramenta didática que apresenta o conteúdo de química de forma articulada a uma questão social e ambiental de alto impacto na sociedade atual, utilizando uma linguagem atraente para os estudantes. Oestudo foi orientado pelo pesquisador Marco Antônio Ferreira da Costa, professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJ/Fiocruz).

Foto: Gutemberg Brito

Ana Paula enfatizou que a história em quadrinhos elaborada na tese permite discutir o tema lixo eletrônico de forma interdisciplinar

“Problematizar o tema lixo eletrônico no ensino de química é uma forma de mostrar aos alunos que o conteúdo da disciplina tem impacto na vida deles. O ensino de ciências articulado ao contexto social é fundamental para promover a participação ativa nas discussões da sociedade e o exercício pleno da cidadania”, ressalta Ana Paula, acrescentando que é importante abordar metodologias contemporâneas na formação inicial dos professores, como ocorreu nas oficinas realizadas durante a pesquisa, para facilitar a adoção dessas práticas no dia-a-dia das salas de aula.

Já na edição 2018 do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, concedido pela presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o reconhecimento veio em dose dupla. Na área de Ciências Humanas e Sociais, Bianca Della Líbera da Silva, autora da tese ‘Um mundo sem barreiras: estudantes com deficiência visual discutindo saúde nas mídias sociais’, conquistou menção honrosa. Orientado pela pesquisadora Claudia Jurberg, servidora do IOC vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o trabalho discutiu as possibilidades de uso das mídias sociais na educação para a cidadania e na inclusão de estudantes com deficiência visual. Além de analisar o uso das redes sociais pelos jovens, a pesquisa promoveu atividades com o objetivo de estimular o engajamento em discussões sobre o conceito ampliado de saúde e o compartilhamento do conhecimento construído. Entre outros resultados, o estudo destaca que os adolescentes revelaram temas de interesse importantes tanto para a saúde coletiva quanto individual, incluindo doenças crônicas não transmissíveis, estilo de vida, vacinação, prevenção ao suicídio e determinantes sociais da saúde.

Também desenvolvida no Programa de Ensino em Biociências e Saúde do IOC, a tese de Thaís Faggioni recebeu menção honrosa na categoria Medicina. A pesquisa, orientada pelo pesquisador Luiz Anastácio Alves, chefe do Laboratório de Comunicação Celular do IOC, analisou o ensino de imunologia em cursos de medicina e desenvolveu um software educacional, disponível de forma livre na internet, com o objetivo de contribuir para o processo de aprendizagem da disciplina. O projeto ‘O ensino de imunologia em algumas escolas médicas brasileiras: proposição de novas estratégias utilizando tecnologias da comunicação e informação’ contou com entrevistas com 405 estudantes e 14 professores de sete cursos de medicina do país. A análise dos questionários apontou uma percepção majoritariamente positiva sobre o uso de tecnologias da comunicação nas aulas e, ao mesmo tempo, observou que as escolas médicas não dispõem de recursos que estimulem os professores e alunos a adotarem esse tipo de recurso.

“A variedade dos perfis dos projetos dos nossos estudantes é sem dúvida um diferencial do Programa. Para garantir essa miscelânea de olhares, acolhemos a pluralidade como um fator relevante desde o processo seletivo até a composição do corpo docente”, avaliou Tania Araújo-Jorge. “Tem sido assim nos últimos 15 anos e, certamente, guardaremos este traço peculiar para os próximos 15 anos. E mais”, sintetizou.

Reportagem: Lucas Rocha
Edição: Raquel Aguiar
19/09/2019
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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