Publicada em: 24/05/2020 às 16:00 |
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Da peste bubônica à Covid-19: IOC completa 120 anos de respostas para a saúde pública Enfrentamento de emergências marca a trajetória do Instituto, que integra, desde os primeiros anos, pesquisa, ensino, desenvolvimento tecnológico, inovação, serviços de referência e coleções biológicas O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) completa 120 anos nesta segunda-feira, 25 de maio, mobilizado para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. Referência laboratorial para a doença nas Américas junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), a Unidade atua no diagnóstico, na capacitação de profissionais e no desenvolvimento tecnológico, assim como em diversas linhas de pesquisa sobre o novo agravo, que vem concentrando esforços da comunidade científica mundial. Ao mesmo tempo, mantém atividades essenciais de atendimento a pacientes e diagnóstico para outras doenças e assegura, por meio do rodízio e do trabalho remoto, a continuidade de diferentes estudos científicos, a formação de recursos humanos e a preservação dos acervos biológicos, no contexto das orientações de distanciamento social. Para celebrar a data, uma programação especial de aniversário foi preparada.Os desafios trazidos pelo novo coronavírus são inéditos. Porém, a resposta a emergências de saúde é uma marca da trajetória do IOC. Em 25 de maio de 1900, o então ‘Instituto Soroterápico Federal’ iniciou suas atividades com o objetivo de produzir soro e vacina para a peste bubônica, que provocava uma epidemia na cidade de Santos, em São Paulo. Combinando pesquisa e produção, em menos de seis meses, a equipe sob liderança científica de Oswaldo Cruz aperfeiçoou os protocolos existentes e conseguiu fabricar ambos os produtos com qualidade reconhecida internacionalmente.
Considerando a descoberta de que insetos anofelinos eram os transmissores da malária, Oswaldo Cruz publicou, em 1901, um artigo sobre mosquitos culicídeos do Rio de Janeiro, que constituiu a primeira publicação científica do ‘Instituto de Manguinhos’, como era conhecido, e inaugurou a entomologia médica brasileira por pesquisadores nacionais. Ainda nos primeiros anos, estudantes de medicina começaram a procurar o Instituto para estágio e orientação de teses exigidas para a conclusão da graduação, o que mudou o panorama científico do Rio de Janeiro com a publicação crescente de trabalhos baseados em pesquisas originais, no lugar das tradicionais revisões da literatura. Em 1908, ano em que foi oficialmente adotada a denominação ‘Instituto Oswaldo Cruz’, foi criado o Curso de Aplicação, uma das iniciativas precursoras da pós-graduação no Brasil, que abordava métodos de investigação e experimentação em microscopia, microbiologia, imunologia, física e química biológica e parasitologia. Da erradicação da febre amarela urbana à eliminação da varíola, da poliomielite e da rubéola. Da descoberta da doença de Chagas à primeira detecção do vírus Zika em casos de microcefalia. Integrando pesquisa e ensino, com foco em problemas de saúde pública do Brasil, o Instituto vem contribuindo para o controle de diversas epidemias e, com o mesmo empenho, tem atuado no enfrentamento das doenças endêmicas nacionais, muitas delas negligenciadas. Números que falam O IOC chega aos 120 anos com 72 laboratórios, que desenvolvem estudos sobre transmissão, tratamento, controle e prevenção de diversos agravos, como aids, dengue, doença de Chagas, febre amarela, hanseníase, hepatites, leishmanioses, leptospirose, malária e meningites, entre outros. Atua, também, em pesquisas ambientais e no desenvolvimento de terapias, vacinas e métodos de diagnóstico.
Os sete programas de pós-graduação Stricto sensu do Instituto alcançaram recentemente a marca de três mil defesas de teses e dissertações. A excelência do ensino é reconhecida: os seis programas que contam com mestrado e doutorado possuem conceitos 5, 6 e 7 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no topo da escala que vai de 1 a 7. O curso de mestrado profissional, que ainda não passou pela avaliação quadrienal da Capes, foi credenciado com conceito 3, na escala de 1 a 5. O IOC oferece ainda quatro cursos de pós-graduação Lato sensu e duas especializações, além dos tradicionais Cursos de Férias, que já contribuíram para desenvolver a vocação científica em mais de dois mil estudantes de graduação de todo o país.
Já a revista ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’, publicada desde 1909, é um dos periódicos científicos mais antigos da América Latina e um dos principais do mundo nas áreas de Parasitologia e Medicina Tropical. Alinhada às tendências contemporâneas da edição científica, a revista conta com uma via de publicação acelerada, chamada de ‘Fast Track’, voltada para estudos sobre emergências de saúde, incluindo os relacionados à pandemia de Covid-19. Reportagem: Maíra Menezes Edição: Raquel Aguiar e Vinicius Ferreira 24/05/2020 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |
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