Publicada em: 10/07/2020 às 17:30 |
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Covid-19: novos dados sobre a transmissão comunitária Especialistas da Fiocruz realizaram o sequenciamento do genoma completo de cerca de uma centena de amostras do SARS-CoV-2 e identificaram a circulação de pelo menos seis linhagens do vírus nos primeiros meses da pandemia
Josué Damacena/IOC/Fiocruz
Foram encontradas seis linhagens do SARS-CoV-2 nas amostras de pacientes de todas as regiões do país Segundo a líder do estudo, a pesquisadora Paola Cristina Resende, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC, o sequenciamento do genoma completo viral é uma ferramenta importante para o conhecimento da disseminação do vírus, tanto no Brasil como em outros países. "A caracterização das linhagens virais permite compreender o tipo de vírus que está circulando em determinada região e realizar comparações acerca da circulação das linhagens entre os países e até mesmo dentro do país. É um passo importante para entender como a linhagem está se comportando e se dispersando em cada região geográfica", explicou.
A partir da análise, os especialistas detectaram a circulação de seis linhagens de SARS-CoV-2 (A.2, B.1, B.1.1, B.2.1, B.2.2 e B.6). A maior parte das sequências obtidas no estudo foi classificada como clade B.1 com predominância para o sub-clade B.1.1. Segundo Paola, a prevalência do sub-clade B.1.1 na amostragem foi ainda maior quando comparada a outras sequências brasileiras disponíveis no GISAID, um banco de dados genômicos internacional dos vírus influenza e do novo coronavírus. "O clade B.1.1 foi a única linhagem detectada em indivíduos sem histórico recente de viagem internacional, enquanto quatro linhagens diferentes foram detectadas entre os seis indivíduos com histórico recente de viagem internacional, ou seja, casos importados, e seus contatos", ressaltou. Para investigar a alta prevalência da linhagem, os pesquisadores realizaram uma análise filogenética, uma espécie de árvore genealógica do vírus. As 95 sequências brasileiras foram comparadas com outras 3.764 sequências disponíveis no GISAID. A investigação contou com a participação do pesquisador Gonzalo José Bello Bentancor, do Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular do IOC. Os resultados sugerem que a linhagem tenha surgido na Europa por volta do dia 02 de fevereiro e chegado ao Brasil algumas semanas depois, a partir de múltiplas introduções independentes. As análises indicam que a linhagem alcançou diferentes regiões do Brasil por volta de meados de março. O estudo mostra, ainda, que a linhagem foi encontrada em países vizinhos da América do Sul, como Argentina, Chile e Uruguai, e em países mais distantes, incluindo Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália. A caracterização inicial da linhagem apontou duas substituições de aminoácidos na estrutura do vírus. Por ter apresentado estas pequenas mutações, os pesquisadores denominaram a linhagem como B.1.1.BR. Estudos complementares são necessários para indicar possíveis implicações dessa mutação em fatores como transmissibilidade ou impactos da infecção, por exemplo. Reportagem: Lucas Rocha Edição: Vinicius Ferreira 10/07/2020 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |
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