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Mentalidade inovadora premiada

Com foco no combate à esquistossomose e fasciolose, equipe de startup liderada pelo IOC é reconhecida por maior mindset de crescimento no programa Inova Labs, da Fiocruz

Oferecendo uma solução sustentável para o controle da esquistossomose e da fasciolose, a startup Schistogreen, liderada por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi premiada na segunda rodada do programa Inova Labs, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Iniciativa das Vice-Presidências de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz) e de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde, o programa combina capacitação para o empreendedorismo e modelagem de negócios para inserção de inovações no mercado. A sessão de encerramento da rodada foi realizada no dia 27 de outubro, com apresentações online de doze grupos que concluíram o treinamento.

Liderada pelo Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC, com parceria do Núcleo de Inovação Tecnológica do Instituto (NIT/IOC) e da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), a equipe da startup Schistogreen recebeu o Prêmio Camaleão, por ter apresentado o maior mindset de crescimento, isto é, mentalidade típica de empreendedores de sucesso, que se caracteriza por aceitar desafios e aprender com as falhas, buscando desenvolver novas habilidades. O reconhecimento foi compartilhado com o grupo da startup Lacto Prevent, do Instituto René Rachou (Fiocruz-Minas).

Foto: Acervo pessoal

Pesquisadores trabalham na formulação de composto para atuar contra os parasitos da esquistossomose e da fasciolose

O projeto
A partir de produtos naturais, a Schistogreen propõe um composto capaz de atuar contra os parasitos causadores da esquistossomose e fasciolose. De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Promoção e Avaliação da Saúde Ambiental Clélia Christina Mello-Silva, líder da startup, as doenças negligenciadas apresentam alto impacto para a saúde humana e animal. Enquanto a esquistossomose atinge entre 200 milhões e 260 milhões de pessoas em 78 países, a fasciolose afeta 60% do gado mundial, gerando prejuízos de US$ 2 milhões ao ano.

Os agravos são causados por vermes, que têm como hospedeiros intermediários moluscos de água doce. Eliminados nas fezes de pessoas ou animais doentes, os ovos dos parasitos eclodem em contato com a água. Quando as fezes são depositadas em áreas alagadas ou jogadas em rios, os vermes podem infectar os moluscos que vivem nesses locais. Posteriormente, esses moluscos eliminam formas dos parasitos na água capazes de provocar novas infecções, seja penetrando através da pele, no caso da esquistossomose, ou pela ingestão, na fasciolose.

Considerando este ciclo, o composto formulado pelos cientistas atua contra os parasitos dentro dos moluscos, protegendo a saúde humana e animal, sem prejudicar o meio ambiente. “Este produto visa interromper ou reduzir a eliminação das larvas infectantes de Schistosoma mansoni e Fasciola hepatica na água. É um produto biodegradável e não causa toxicidade para outros organismos. Além disso, não mata os moluscos, garantindo o equilíbrio do ecossistema”, destaca Clélia, lembrando que atualmente existe um único produto com atividade moluscicida no mercado, que é tóxico e carcinogênico, prejudicando ainda peixes e outros animais aquáticos.

Por causa da emergência da Covid-19, a fase de elaboração da formulação farmacêutica precisará de prazo ampliado. O composto será testado em organismos aquáticos no Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental. O objetivo dos pesquisadores é desenvolver um protótipo para oferta à iniciativa privada até o final de 2025. “O treinamento do Inova Labs promoveu uma mudança perceptiva sobre nossos projetos de pesquisa e processos. Com certeza, não conseguiremos apresentar mais nossos resultados da mesma maneira. Entramos no programa como pesquisadores de laboratório e saímos pesquisadores inovadores”, afirma Clélia.

A pesquisadora ressalta ainda o caráter interdisciplinar da equipe que desenvolveu o projeto, que inclui o pesquisador do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental, José Augusto Albuquerque dos Santos, a doutoranda da Pós-graduação em Medicina Tropical do IOC, Érica Tex Paulino, a advogada do NIT/IOC, Joyce Natividade da Costa, e o técnico do Laboratório de Esquistossomose e Zoonose do Departamento de Ciências Biológicas da Ensp, Valdir Almeida da Costa.

Sobre a rodada
A segunda rodada do Inova Labs teve como foco projetos voltados para oncologia, emergências sanitárias e doenças negligenciadas. Iniciado em fevereiro, o programa sofreu alterações no formato devido à pandemia. A capacitação, realizada através de mentorias com profissionais da aceleradora de startups Biominas e bancas de avaliação, foi concluída virtualmente.

Na sessão de encerramento, os pesquisadores apresentaram seus projetos e modelos de negócios para a banca de avaliação composta pelo presidente da Biominas, Eduardo Emrich; o vice-diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Sotiris Missailidis; e os representantes da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (SCTIE/MS), Evandro Lupatini e Natalia Medolago.

Tendo em vista o impacto da pandemia, a competição entre as equipes foi substituída por uma premiação em quatro categorias, contemplando características fundamentais para o empreendedorismo. Além do Prêmio Camaleão, foram entregues os Prêmios Tardígrado, de equipe mais resiliente, para a startup NbSolutions, da Fiocruz-Rondônia; Especiação, de equipe com maior evolução durante o programa, para a SerdYtech, do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz-Bahia); e Simbiose, de equipe mais colaborativa, para a Prescion.co, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).

Reportagem: Maíra Menezes
Edição: Vinicius Ferreira
06/11/2020
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