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Artigo destaca a importância de diretrizes no combate à toxoplasmose congênita

Modelo pioneiro bem-sucedido aplicado na Colômbia é considerado exemplo a ser adotado por outros países

Doença infecciosa, muitas vezes assintomática, a toxoplasmose tem sua relevância clínica ampliada quando adquirida durante a gestação. A forma congênita da infecção, provocada pela transferência transplacentária do parasito Toxoplasma gondii, pode resultar em danos neurológicos e oculares no feto e levar ao aborto espontâneo em casos mais graves.

A transmissão do agravo ocorre através da ingestão de água e alimentos contaminados com oocistos e de carne crua ou malcozida contendo cistos teciduais do T. gondii. A principal fonte de contaminação do ambiente são fezes de gatos infectados.

No artigo publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas, pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) fazem considerações sobre um estudo inédito que analisa o impacto positivo na saúde da população a partir da adoção de diretrizes de práticas clínicas para toxoplasmose congênita na Colômbia. O país sul-americano adotou as orientações em 2013, sendo o primeiro do mundo a realizar tal abordagem.

As autoras destacam evidências relevantes encontradas pelo estudo, como a redução significativa na frequência da forma grave da toxoplasmose e a diminuição do número total de casos da doença. O trabalho analisado faz uma comparação dos diagnósticos, tratamentos médicos e ocorrências de sequelas pela forma congênita da infecção nos períodos que antecederam e precederam a efetivação das instruções no território colombiano.

“Depois da implementação dessas diretrizes nacionais, foi observado que todas as mães de crianças com toxoplasmose congênita tiveram um diagnóstico oportuno, permitindo tratamentos adequados quando necessários”, apontam as autoras Maria Regina Reis Amendoeira, chefe do Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses do IOC, e Patricia Riddell Millar, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFF.

Apesar de comprovada como uma medida positiva, o desenvolvimento de orientações de práticas clínicas pode não ser a única ação necessária para o alcance do resultado esperado. Maria Regina e Patricia ressaltam que a falta de especialização sobre a toxoplasmose entre profissionais da saúde pode gerar interpretações equivocadas dessas diretrizes.

“Estudos realizados ao redor do mundo indicam falta de conhecimento sobre a doença entre os profissionais da saúde e entre as mulheres grávidas, o que pode dificultar a implementação de qualquer programa. Portanto, do ponto de vista da saúde pública, é necessário avaliar os conhecimentos desses profissionais, bem como se a correta transmissão de conhecimento para as mulheres grávidas é capaz de efetivamente prevenir a infecção por Toxoplasma gondii e o desenvolvimento da doença pré-natal”, afirmam.

As pesquisadoras lembram que há um longo caminho a ser percorrido no combate à toxoplasmose congênita em países onde o diagnóstico, prevenção e controle da infecção ainda não são bem estabelecidos.

“É possível perceber que, com a implementação das diretrizes, um passo muito importante foi dado na Colômbia, pois estabelece um modelo de conduta padronizado e tecnicamente suportado, que implica na adoção de medidas que certamente salvarão vidas e pouparão fundos públicos onde forem corretamente implantadas. Medidas similares podem, e devem, ser adotadas por outros países para reduzir a ocorrência dessa doença, melhorando a saúde de suas populações e reduzindo o sofrimento causado por essa infecção”, concluem.

Reportagem: Max Gomes
Edição: Vinicius Ferreira
01/09/2021
Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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