Publicada em: 11/03/2022 às 09:00 |
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Dois anos da declaração da pandemia de Covid-19 Instituto reafirma solidariedade às vítimas da doença e reforça compromisso de contribuir para a resposta brasileira à maior crise sanitária da história Saiba mais: :: Cobertura especial: novo coronavírus :: 'Não podemos nos descuidar', afirma virologista A pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 11 de março do 2020, completa dois anos com a trágica marca de mais de 6 milhões de vidas perdidas e cerca de 450 milhões de casos registrados em todo o mundo. No Brasil, mais de 654 mil pessoas morreram e o número de casos confirmados passa de 29 milhões. Nesta data, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) reafirma a sua solidariedade a todas as pessoas afetadas pela doença e o seu compromisso de contribuir para a resposta brasileira à maior crise sanitária da história. Mobilizados desde a emergência do SARS-CoV-2 em Wuhan, na China, os profissionais do IOC seguem atuando na referência laboratorial, em pesquisas científicas, na inovação e no desenvolvimento tecnológico, assim como no ensino, tendo como prioridade a defesa da vida. Referência em vírus respiratórios junto ao Ministério da Saúde há décadas, o Instituto foi designado, pela OMS, como referência em Covid-19 nas Américas. Além disso, por meio da virologista Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, integra o Grupo Consultivo Técnico da OMS sobre Evolução do Vírus SARS-CoV-2, um seleto comitê de especialistas que avalia as mutações no genoma do coronavírus e a emergência de variantes virais. Contribuições de excelência Antes mesmo da chegada do coronavírus ao Brasil, pesquisadores do Instituto estabeleceram o diagnóstico da infecção no país. Para ampliar o acesso ao exame, os profissionais realizaram o treinamento de equipes de diversos estados brasileiros e de países da América Latina. Em parceria com instituições internacionais, desenvolveram também um novo protocolo para sequenciamento genético do patógeno e estudos sobre variantes virais, incluindo o trabalho que apontou maior risco de reinfecção pela cepa delta. Josué Damacena
O sequenciamento genético de amostras do coronavírus é uma das ações desenvolvidas pelo IOC no enfrentamento da pandemia No começo da pandemia, análises de genomas do coronavírus sugeriram que o vírus circulou de forma oculta, antes da detecção dos primeiros casos de infecção, tanto na China, como na Europa e nas Américas, incluindo o Brasil. Recentemente, por exemplo, confirmaram os primeiros casos da linhagem BA.2 da variante ômicron do coronavírus no Rio de Janeiro e em Santa Catarina.
Em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), o IOC desenvolveu dois novos testes de diagnóstico que tiveram registro submetido à Anvisa este ano, sendo um para diferenciar os vírus da Influenza A, B e SARS-CoV-2 e outro para detectar as variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron do SARS-CoV-2. Trabalho que não para
A importância dos distúrbios de coagulação na Covid-19 foi destacada em um artigo, que sugeriu a classificação da doença como febre viral trombótica. Outra publicação chamou atenção para as possíveis consequências da infecção na saúde mental, uma vez que alterações neurais, imunes e endócrinas estão relacionadas à infecção e ao distanciamento social. Analisando a dinâmica da disseminação do coronavírus, cientistas identificaram fatores que o espalhamento da doença no território brasileiro foi favorecido pela introdução do vírus em grandes metrópoles, pelo livre tráfego nas rodovias e pela desigualdade na distribuição de leitos de terapia intensiva. Outra pesquisa indicou que, durante o primeiro ano da pandemia, as crianças atuaram pouco como fonte de infecção nas famílias, sendo mais frequentemente infectadas pelos adultos.
As evidências sobre a possibilidade de infecção de animais pelo SARS-CoV-2 foram reforçadas pelo achado de anticorpos contra o vírus em um cachorro e um gato no Rio de Janeiro. Da vigilância ao tratamento Atualmente em curso, uma pesquisa analisa a intercambialidade de vacinas da Covid-19, investigando a intensidade da resposta imune e a segurança das combinações dos imunizantes CoronaVac e AstraZeneca nas cinco regiões do Brasil. A eficácia das máscaras de proteção facial para impedir a transmissão do coronavírus foi reforçada em importante pesquisa. O estudo detectou partículas virais apenas na parte interna dos acessórios utilizados por pessoas infectadas, sugerindo bloqueio da transmissão.
Outra medida de prevenção da Covid-19, a higiene das mãos foi tema de um jogo online desenvolvido por cientistas e premiado no Concurso Rebeldias, promovido pela Rede Brasileira de Estudos Lúdicos (Rebel). Uma iniciativa inovadora para a higienização de superfícies também se mostrou promissora na etapa inicial de pesquisa, que confirmou o potencial da película de detergente para inativar um coronavírus aviário, semelhante ao SARS-CoV-2. Além dos kits de diagnóstico recentemente desenvolvidos em parceria com Biomanguinhos/Fiocruz, duas inovações podem reduzir o custo e ampliar o acesso aos testes para detecção do SARS-CoV-2. Uma metodologia que torna mais barato o exame de RT-PCR, atualmente considerado como padrão-ouro para o diagnóstico da infecção, foi validada pelos pesquisadores e divulgada em artigo científico. Já um kit para diagnóstico que pode ser aplicado diretamente em unidades básicas de saúde, fornecendo resultado de forma rápida, barata e com alta precisão, foi desenvolvido e teve patente solicitada no Brasil. Na busca por tratamentos capazes de agir contra o coronavírus, pesquisas avaliaram novas moléculas e substâncias já aplicadas em outras doenças. Responsáveis por regular diversas funções fisiológicas, dois neuropeptídeos mostraram-se capazes de inibir a replicação do SARS-CoV-2 em células do sistema imunológico e do tecido pulmonar. Experimentos com células também evidenciaram que os antivirais daclastavir, usado tratamento da hepatite C, e atazanavir, aplicado na terapia do HIV, foram capazes de inibir a replicação viral.
Por outro lado, a pesquisa CloroCovid-19 apontou que altas doses do medicamento cloroquina – usado tradicionalmente no tratamento da malária e de doenças reumáticas – não deverim ser administradas para pacientes com quadros graves de Covid-19 devido aos riscos de segurança. Alertas e publicações Diferentes publicações apresentaram ainda alertas relacionados ao risco de transmissão de doenças de origem animal, chamadas de zoonoses, que podem resultar em novas pandemias no futuro. Em um artigo, cientistas apontaram retrocessos nas políticas sociais e ambientais brasileiras e defenderam a criação de um sistema integrado de vigilância de doenças silvestres.
Em outra publicação, destacaram a alta taxa de extinção de espécies e enfatizaram a importância de estudos de síntese científica, que integram diversas metodologias, para a proteção da biodiversidade e da saúde pública. Um guia com orientações sobre uso público e pesquisa científica em unidades de conservação e outros ambientes naturais também foi divulgado com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação nestas atividades. No contexto de suspensão da maior parte das atividades escolares devido ao distanciamento social, uma Nota Técnica produzida com participação de docentes e discentes do IOC apresentou orientações para subsidiar ações de gestores e profissionais da educação na reestruturação do espaço escolar no contexto do pós-pandemia. Expressões artísticas relacionadas à pandemia, produzidas por estudantes, professores e pesquisadores do IOC e de outras instituições de ensino e pesquisa, também foram reunidas em um livro digital disponível para download gratuito. O IOC agiu ainda para acelerar a divulgação de resultados científicos relacionados à pandemia e impulsionar o desenvolvimento de projetos inovadores. Mantido pelo Instituto, o periódico ‘Memórias do Instituto Oswaldo Cruz’ instituiu uma via expressa para publicação de artigos relacionados ao coronavírus, com divulgação em 24 horas. Inovações que contribuem para a resposta à emergência em saúde pública foram reunidas na ‘Vitrine Tecnológica IOC Covid-19’, que tem como objetivo aumentar a visibilidade das iniciativas e fomentar parcerias para a geração de produtos e processos. Reportagem: Maíra Menezes |
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