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Oswaldo vive: 122 anos de ciência para a saúde

Primeira etapa das comemorações pelo aniversário do IOC abordou histórico de atuação focada nos problemas de saúde do Brasil e cooperação internacional. Programação continua na sexta-feira, 27/05

Após dois anos de celebrações virtuais devido à pandemia de Covid-19, as comemorações pelos 122 anos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foram abertas em clima de emoção e com a reafirmação do compromisso histórico do IOC com a ciência e a saúde. Na ocasião que marca os 150 anos do nascimento de Oswaldo Cruz, o legado do patrono da instituição foi destacado com o tema ‘IOC 122 anos: Oswaldo Vive’.

Assista às atividades da manhã do dia 25/05:

A cerimônia realizada nesta quarta-feira, 25 de maio, data de aniversário compartilhada pelo IOC e pela Fiocruz, deu a partida na programação comemorativa de dois dias, que ocorre em formato híbrido, com atividades presenciais no Auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, no campus da Fiocruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro, e transmissão ao vivo pelo canal do IOC no Youtube. O próximo dia de atividades será na sexta-feira, 27 de maio. [Confira a programação.]

Diante da plateia virtual e presencial, a mesa de abertura reuniu a diretora do Instituto, Tania Araujo-Jorge; o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Mário Moreira; e o representante do Conselho Deliberativo da Fiocruz e diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Mauricio Zuma.

“É com alegria e emoção que estou, na manhã deste 25 de maio de 2022, dando início às atividades de comemoração do aniversário do IOC, que celebra também o aniversário do nascimento de Oswaldo Cruz, nosso patrono. É um dia muito especial para todos nós da Fiocruz”, destacou Tania, convidando o público para participar ativamente das atividades dos dois dias.

Gutemberg Brito

A tradição e a relevância atual do IOC foram destacadas na mesa de abertura


O caráter originário do IOC para diferentes unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi trazido por Zuma, que utilizou como exemplo o contexto de Bio-Manguinhos. “O Instituto Oswaldo Cruz tem interações com toda a Fiocruz. Mais do que um parceiro, nós somos frutos do IOC. Bio-Manguinhos nasceu a partir do Departamento de Produção do Instituto”, afirmou.

Ao longo de sua fala, Zuma realçou projetos de cooperação em andamento entre as duas instituições, incluindo ações para o enfrentamento da Covid-19, desenvolvimento de vacinas com tecnologia de RNA mensageiro, trabalhos com proteína recombinante para vacina de malária e produção de biofármaco não tóxico e de amplo espectro para utilização no tratamento de doenças como o câncer.

“Essa história vai continuar por muitos anos e, certamente, com muito êxito. Não apenas em projetos, mas também com recursos humanos. Diversos pesquisadores já foram de Bio-Manguinhos para o IOC e vice-versa. Temos um futuro para trazer muitos resultados para o nosso SUS e sociedade, buscando formas de ampliar ainda mais nossa colaboração”, declarou.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, que não pôde comparecer presencialmente ao evento devido à reunião da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, na Suíça, deixou uma mensagem gravada em vídeo, na qual exaltou o tema da celebração e apontou a importância do IOC para a Fundação.

“O lema escolhido para esta celebração não poderia ser mais oportuno, ‘Oswaldo Vive’. Neste ano, em que celebramos os 150 anos do nascimento de Oswaldo Cruz, e que nos defrontamos com um período ainda de grandes desafios relacionados à pandemia da Covid-19, o nome de Oswaldo Cruz é uma referência quando pensamos na ciência dedicada a resolver as grandes questões de saúde, tanto na nossa sociedade, quanto de um mundo que precisa de mais ciência, tecnologia e inovação comprometida com a maior equidade e justiça social”, afirmou.

Reprodução

Em mensagem gravada, a presidente da Fiocruz deixou um recado para os trabalhadores e estudantes do IOC


Nísia lembrou que a Assembleia acontece presencialmente pela primeira vez após dois anos de realização remota em razão da pandemia da Covid-19, e que serão debatidos o fim da atual emergência mundial de saúde pública e um melhor preparo para futuras pandemias. “Os desafios são muitos. Levarei a voz da Fiocruz, no seu esforço incansável, reunindo todos os nossos institutos, em todas as regiões do Brasil, em todas as áreas do conhecimento em saúde. Nesse sentido, o Instituto Oswaldo Cruz desempenha, como sabemos, o papel de maior relevo”, reiterou.

A presidente aproveitou para convidar o público para participar das atividades de comemoração dos 122 anos da Fundação Oswaldo Cruz, agendadas para 2 e 3 de junho.

Encerrando a mesa de abertura, Mário Moreira destacou a relevância da atuação do IOC em nível nacional e global. “O Instituto Oswaldo Cruz reúne pesquisa, ensino, extensão e referência. É uma base não somente científica e de formação de quadros, mas também para abordagens de grandes questões. O mundo, hoje, não deve mais pensar saúde do ponto de vista das nações, mas de um complexo sistema global de intensa troca e movimento populacional”, enfatizou.

Os obstáculos para financiamento da ciência também foram destacados pelo vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz. “Um conjunto de desafios que vivemos no cotidiano são as questões relacionadas a financiamento, que refletem um pouco como a ciência vem sendo tratada no Brasil. Esse é um elemento de esforço conjunto do IOC e da Presidência da Fiocruz: mitigar situações derivadas do sub-financiamento da ciência”, concluiu.

Passado, presente e futuro do IOC
A diretora do Instituo começou sua palestra com uma homenagem às vítimas da Covid-19 no Brasil e no mundo. Tania Araujo-Jorge lembrou também os profissionais que atuaram e ainda atuam na linha de frente do enfrentamento à pandemia.

Ao iniciar a exposição com o tema ‘IOC 122 anos: Oswaldo Vive’, Tania apresentou um esboço feito por Oswaldo Cruz do prédio que se tornaria um dos ícones de seu projeto visionário para a ciência brasileira: um castelo, que seria construído para abrigar os laboratórios do então Instituto Soroterápico Federal. Em 1900, a instituição começou com dois laboratórios que funcionavam em duas pequenas casas na fazenda de Manguinhos, no Rio de Janeiro, sendo um voltado à produção do soro contra a peste e, o outro, à produção da vacina para a varíola. [Acesse os slides da apresentação ‘IOC 122 anos: Oswaldo Vive’.]

Em 2022, além do Castelo Mourisco, que abriga a Diretoria do Instituto, a editoria da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz e a Coleção Entomológica do IOC, a unidade atua em 18 prédios no campus de Manguinhos e dois no campus Maré, entre outros espaços. Ao todo, são 72 laboratórios de pesquisa; 11 programas de pós-graduação, incluindo sete Stricto sensu e quatro Lato sensu; 24 laboratórios de referência; 21 coleções biológicas e dois ambulatórios.

Gutemberg Brito

Com participação do público online, debate abordou desafios para o futuro do Instituto


“O IOC produz ciência e inovação há 122 anos. Na lista das nossas primeiras publicações, em 1901, estão artigos sobre vacinas e soros. Nossa produção é crescente em quantidade e qualidade. Em 2021, foram 788 artigos publicados, com um salto no número de publicações em revistas com alto fator de impacto, o que mostra a alta qualidade da nossa contribuição científica na pandemia”, apontou Tania, acrescentando que o Instituto contabiliza 140 patentes depositadas ou concedidas, respondendo por 30% do portfólio de inovação da Fiocruz.

A atuação do IOC para responder à agenda da saúde pública no Brasil foi apresentada em uma linha do tempo dividida em três períodos. No primeiro momento, de 1900 a 1970, o país tinha como desafio especialmente as doenças infecciosas. O Instituto destacou-se nos estudos dos vetores e microrganismos para o desenvolvimento de ações de controle, diagnóstico e tratamento dos agravos.

No segundo período, de 1970 a 2020, ocorre uma fase de transição epidemiológica no país, com aumento do impacto de doenças cardiovasculares e do câncer na saúde da população, sem que tivessem sido eliminadas as doenças infecciosas associadas à pobreza, e ainda com a emergência de novos patógenos, como o HIV. Nesse contexto, o IOC atuou para fortalecer a educação técnica e a pós-graduação, reforçou a interação entre pesquisa, serviços de saúde e população, contribuiu para a reforma sanitária e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), além de atuar no desenvolvimento tecnológico, na integração com outras unidades da Fiocruz e na cooperação científica.

Marcado pela emergência da Covid-19, o terceiro momento, a partir de 2020, traz como marco a interdisciplinaridade, os estudos em áreas de ponta da pesquisa – como ciências ômicas e medicina de precisão – e o reforço da cooperação nacional e internacional, além da formação de redes de pesquisa.

“A sindemia nos colocou frente ao enfrentamento desse desconhecido. Vemos o fortalecimento da saúde única e big data, o acirramento das desigualdades e as consequências das mudanças climáticas. Tudo isso reforça a necessidade de cooperação mundial e nacional”, afirmou Tania.

Entre os desafios para o futuro, a diretora citou a consolidação dos aprendizados da pandemia, a superação da carência de pessoal e a sustentabilidade da infraestrutura do Instituto – lembrando que, em breve, devem ser inaugurados novos espaços do IOC no campus Maré e novos laboratórios NBA2 e NBA3, destinados a estudos com animais.

“Para continuarmos avançando, precisamos contar com os novos servidores, que ingressaram nos últimos concursos e assumirão o bastão com a aposentadoria das gerações anteriores. Vamos juntos nesse caminho para mais 122 anos no mínimo”, declarou Tania.

O debate foi conduzido pelo vice-diretor de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Elmo Almeida Amaral, e pelo vice-diretor adjunto de Ensino, Informação e Comunicação, Ademir Martins, que apresentou os comentários e perguntas enviados pela plateia que acompanhou o evento no Youtube.

“É especial estar aqui hoje, homenageando o legado do nosso patrono e de tantos outros cientistas brilhantes que nos inspiram, depois de dias tão difíceis que vivemos pela Covid-19 e pelos ataques que a ciência vem sofrendo”, comentou Ademir. “Com essa apresentação, vemos como o IOC atuou em todos os momentos em que a saúde pública precisou, desde Carlos Chagas, que se voltou a investigar uma doença misteriosa e descobriu a doença de Chagas, até a Covid-19”, pontuou Elmo.

Cooperação científica em foco
As recentes ações do IOC para a viabilização de parcerias internacionais nos campos da educação e da pesquisa estiveram em foco no último bloco de atividades da manhã. Na mesa-redonda “Cooperação: essencial para a ciência contemporânea e futura”, Tania Araujo-Jorge destacou como a cooperação está estruturada no Instituto e chamou atenção para a importância da formalização institucional nas parcerias para a gestão da pesquisa desenvolvida na Unidade. Na visão dela, quando as partes estão envolvidas desde o início do processo, a cooperação tende a ser consistente e duradoura. "Registros históricos mostram que Oswaldo Cruz, em 1907, já incentivava os pesquisadores a desenvolver atividades de cooperação junto a parceiros internacionais. Hoje, no IOC, estruturamos a Coordenação de Cooperação Institucional, que nos assessora nas ações de planejamento do portfólio de projetos e atividades de cooperação, bem como na execução, monitoramento e avaliação das atividades nesse escopo", declarou. [Acesse os slides da apresentação ‘A dimensão da cooperação no IOC’.]

Fotos: Gutemberg Brito/Arte: Jefferson Mendes

Luciana Garzoni e Tania Araujo-Jorge ressaltaram a troca de conhecimentos e vivências entre instituições de diferentes nações; José Luís Cordeiro apresentou a PICTIS


Quanto à importância da formalização institucional das atividades de cooperação, a diretora complementou dizendo que parcerias formais favorecem a captação de recursos e o compartilhamento de estruturas e equipamentos, assim como a proteção de propriedade intelectual e a confidencialidade das publicações decorrentes. "Incentivando a formalização, a gente minimiza os riscos apresentados pela colaboração informal e contribui para a construção de uma política de cooperação institucional, elaborada e gerida com base nas etapas: quem, coopera com quem, com que finalidade?", disse.

Já a vice-diretora adjunta de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Luciana Garzoni, comentou sobre a missão de cooperação institucional, realizada entre 19 e 29 de abril, na qual uma comitiva do IOC visitou importantes instituições portuguesas e espanholas, como o Instituto de Salud Global (ISGlobal), a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade de Aveiro (UA), que abriga a Plataforma Internacional para Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS), instância estabelecida de forma integrada entre o IOC, a Fiocruz e a Universidade. [Acesse os slides da apresentação ‘Novidades e perspectivas na missão institucional de cooperação internacional’.]

"Durante a missão, visitamos 16 instituições. O que me chamou mais atenção foi a forma de gestão da pesquisa em cada uma delas. Os laboratórios são compartilhados; as plataformas tecnológicas e os equipamentos, multiusuários. Isso sem falar nas fortes estratégias de comunicação da ciência, que visa garantir a translação do conhecimento científico para a sociedade”, comentou Garzoni.

O coordenador e representante do IOC na PICTIS, José Luís Cordeiro, apresentou a situação atual e as perspectivas do projeto. O pesquisador destacou o caráter inovador da Plataforma, que se estruturou a partir de um acordo de cooperação inserido na Política de Inovação da Fiocruz, de 2018, e no novo Marco Legal para a Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, de 2016. O projeto, que começou a ser formalizado em 2019, teve o primeiro acordo assinado em março de 2021, entre o IOC e a Universidade de Aveiro, e recebeu um adendo em abril de 2022, com assinatura da Fiocruz e da instituição portuguesa. [Acesse os slides da apresentação ‘Situação e perspectivas da PICTIS’.]

“A PICTIS é uma iniciativa disruptiva no processo histórico de colaboração de instituições brasileiras com outras instituições científicas do planeta. Além de um escritório no Parque de Ciência e Inovação de Aveiro, a PICTIS tem seis laboratórios, que atuam em temas transversais, proporcionando acesso às plataformas tecnológicas da Universidade de Aveiro e de parceiros para os projetos de pesquisa”, afirmou Cordeiro.

Os laboratórios da PICTIS estão estruturados virtualmente nas áreas da Inovação, Saúde Única e Saúde Global, Indústria 4.0, Fármacos e Bioprodutos, Biotech e Saúde Digital. O projeto conta com o apoio de 65 instituições científicas de 15 países. Segundo Cordeiro, até o momento, três projetos de pesquisa foram submetidos pela Plataforma em editais da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, órgão de fomento científico de Portugal. Além disso, a PICTIS integra um consórcio de 18 instituições em um projeto submetido ao programa Horizonte Europa, da União Europeia.

“Portugal é o país com o qual a Fiocruz mais colabora na Europa. Porém, muitas dessas colaborações não são formalizadas. Essa é uma oportunidade para fortalecer parcerias e a internacionalização das nossas ações”, disse o coordenador da Plataforma.

Reportagem: Kadu Cayres, Maíra Menezes e Max Gomes
Edição: Raquel Aguiar
25/05/2022
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