Discussões em neuroinfecções
Primeira edição do Simpósio de Neuroinfecções do IOC debateu a pluralidade de doenças que afetam o sistema nervoso central e periférico
Entre os dias 22 e 24 de junho, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) promoveu seu primeiro Simpósio de Neuroinfecções. O encontro foi realizado de forma online e reuniu diferentes especialistas para uma ampla discussão sobre as doenças infecciosas que acometem o sistema nervoso central e periférico.
Na abertura do evento, Ivanildo Souza, tecnologista do Laboratório de Enterovírus do IOC e um dos organizadores do simpósio, destacou que patógenos emergentes capazes de provocar neuroinfecções são mais facilmente dispersos em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, principalmente em regiões da África Tropical, América Latina e Ásia. “É um tema que fala a importância de um conjunto de infecções que apresentam uma alta taxa de morbidade e mortalidade, principalmente nos países de baixa e média renda”, comentou.
A diretora do Instituto, Tania Araujo Jorge, elogiou o fato de a iniciativa ter surgido de um grupo de jovens pesquisadores e reiterou que, nos 122 anos de existência do IOC, este era o primeiro simpósio a trazer a amplitude das neuroinfecções como tema central. “Um grupo de jovens aguerridos, querendo tocar um tema para frente, de modo organizado e montando um consórcio de pessoas. Isso tem tudo a ver com o objetivo que a diretoria possui neste momento, que é o de articular laboratórios e pesquisadores em torno de perguntas relevantes que consigam configurar redes de pesquisa dentro da nossa competência técnica”, afirmou.
Dando início à parte científica do encontro, o pesquisador Marco Antônio Sales Dantas de Lima, do Laboratório de Pesquisa Clínica em Neuroinfecções do Instituto Nacional de Infectologia (INI/FIOCRUZ), aprofundou questões acerca dos desafios no diagnóstico e tratamento das neuroinfecções.
Em seguida, estiveram em foco as doenças infecciosas do sistema nervoso central causadas por protozoários, vírus e príons. Malária, enterovírus neurotrópicos, SARS-CoV-2, vírus Zika, toxoplasmose experimental e doença de Chagas foram alguns dos assuntos discutidos nas duas sessões.
Participaram Daniel Adesse, do Laboratório de Biologia Estrutural do IOC; Flávia Ribeiro Gomes, Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC; Ivanildo Sousa, Laboratório de Enterovírus do IOC; Joseli Lannes, Laboratório de Biologia das Interações do IOC; Marcelo Alves Pinto, Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico em Virologia do IOC; Patrícia Bozza, Laboratório de Imunofarmacologia do IOC; Patricia Sequeira, Laboratório de Flavivírus do IOC; Soniza Vieira Alves Leon, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio); Tatiana Maron-Gutierrez, Laboratório de Imunofarmacologia; e Vanessa Salete De Paula, Laboratório de Virologia Molecular do IOC.
No final de cada sessão, trabalhos selecionados pelo comitê científico do simpósio foram apresentados. Beatriz Gonzaga, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, expôs o estudo “Effect of Selenium treatment over microvasculophaty observed in experimental model of acute T. cruzi infection”; e Marina Silva, do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), apresentou a pesquisa “Highly similar Zika virus isolates cause distinct phenotypic and transcriptional changes in an organotypic hippocampal culture model”.
Assista ao primeiro dia de evento:
Dia 1 | Manhã
Dia 1 | Tarde
No segundo dia de atividades, foram debatidos aspectos de doenças infecciosas do sistema nervoso central causadas por bactérias e fungos e de doenças infecciosas do sistema nervoso periférico. Entre os temas discutidos estavam hanseníase, encefalopatia, pneumonia, sepse gestacional, fluido cerebrospinal como alvo de fungos, a influência do hormônio glucagon em doenças infecciosas, neuropatias periféricas relacionadas ao HIV e hepatites virais, o eixo intestino-cérebro na neurodegeneração e a síndrome de Guilain-Barré durante as emergências de Zika e SARS-CoV-2.
Do IOC, participaram pesquisadores do Laboratório de Hanseníase (Roberta Olmo, Marcia Jardim e Milton Moraes), Laboratório de Imunofarmacologia (Adriana Ribeiro Silva e Tatiana Maron-Gutierrez), Laboratório de Microbiologia Celular (Flavio Lara e Marcia Berredo), Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungo (Manoel Marques Evangelista de Oliveira), Laboratório de Pesquisa sobre o Timo (Rudimar Luiz Frozza) e Laboratório de Inflamação (Vinicius de Frias Carvalho). Participou também Osvaldo Nascimento, do Hospital Universitário da Universidade Federal Fluminense, e Patrícia Sola Pena, da Associação das Pioneiras Sociais.
Dois trabalhos também foram apresentados nos finais das sessões do segundo dia. Karina Vasconcelos, do Laboratório de Microbiologia Celular do IOC, discorreu sobre o estudo “Phenolic glycolipid-1 of Mycobacterium leprae is involved in Schwann cell neurotoxic phenotype”; e Ricardo Carvalho, do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da Unirio, apresentou a pesquisa “Use of CXCL13 concentration in cerebrospinal fluid for diagnosis and monitoring of neurosyphilis. A prospective”.
Assista ao segundo dia de evento:
Dia 2 | Manhã
Dia 2 | Tarde
O terceiro e último dia do Simpósio de Neuroinfecções foi realizado de modo integrado ao Centro de Estudos do IOC. A palestra central “Emerging brain infections from Britain to Bangalore to Brazil and back again” foi apresentada por Tom Solomon, diretor do National Institute for Health and Care Research, do Reino Unido. O evento foi realizado em inglês, com tradução simultânea para o português.
Na ocasião, as pesquisadoras do IOC, Patrícia Sequeira, Joseli Lannes e Tatiana Maron-Gutierrez atuaram como mediadoras.
Dia 3 | Português (tradução simultânea)
Dia 3 | Inglês (áudio original)
Reportagem: Max Gomes
Edição: Vinicius Ferreira
28/06/2022 - atualizado em 29/06/2022
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