Publicada em: 07/09/2008 às 09:31 |
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Perspectivas no desenvolvimento de vacinas contra Aids A pesquisa de vacinas contra a Aids foi tema do Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) na última sexta-feira, 5 de setembro. A palestra ministrada pelo pesquisador russo Saladin Osmanov, coordenador da Iniciativa Conjunta de Vacinas contra o HIV da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids), resgatou a história da busca por uma vacina eficiente contra a doença e abordou os principais obstáculos para seu desenvolvimento nos dias atuais. O epidemiologista analisou, ainda, resultados de alguns dos mais recentes testes com possíveis candidatos a vacina e discutiu o papel fundamental dos países em desenvolvimento nesta iniciativa. Gutemberg Brito
O epidemiologista resgatou a história das tentativas de desenvolvimento de vacinas contra a Aids e discutiu os resultados dos mais recentes testes realizados Envolvido há décadas com projetos de desenvolvimentos de possíveis vacinas contra a Aids, Osmanov recordou o início das pesquisas nessa área e ressaltou as dificuldades de lidar com o HIV ainda nos dias de hoje. "Os primeiros testes pré-clinicos de estratégias de imunização contra a Aids, baseadas no vírus inativado ou atenuado, aconteceram no fim da década de 1980", lembrou o especialista. "Logo percebemos que dificuldades técnicas e de biossegurança envolvidas nesse processo impediam a continuidade desta linha de pesquisa para obtenção de uma vacina". Um dos principais problemas enfrentados pelos pesquisadores na obtenção de uma vacina contra a Aids, segundo Osmanov, é a grande capacidade de mutação do vírus. "Esse fato sempre representou um obstáculo a ser transposto, mas temos observado, nos últimos anos, um aumento do número de cepas recombinantes do vírus, que têm ganhado importância epidemiológica, em especial no sudoeste da África", contou o pesquisador, que apresentou um mapa com a distribuição global das diversas linhagens do vírus. "Dessa forma, tem sido mais complicado estudar a epidemiologia do HIV e desenvolver produtos que possam ser capazes de imunizar contra todas as variantes do vírus."
Osamov também discutiu os resultados apresentados pelos mais recentes testes com candidatos a vacina contra a Aids. "Recentemente passaram por testes em grande escala produtos desenvolvidos por países como Estados Unidos, Canadá e Tailândia", afirmou. "Apesar de nenhum deles ter obtido uma resposta imunológica eficiente para o controle do desenvolvimento da doença, obtivemos informações que serão aplicadas na criação e teste de outros candidatos." O coordenador do programa de vacinas em Aids da UNAIDS/OMS ressaltou que tanto os testes em andamento com diversos outros produtos quanto as diversas linhas de pesquisa básica sobre possíveis alvos para vacinas podem agregar mais conhecimento sobre a doença. "Nesse momento, é importante estabelecer um equilíbrio entre pesquisa e desenvolvimento", acredita. "Devemos estudar os possíveis candidatos à vacina contra a Aids e, ao mesmo tempo, continuar procurando por novos produtos e novas formas de impedir o desenvolvimento da doença no homem." O especialista acredita que, para o desenvolvimento das pesquisas na área outro passo importante para a obtenção de uma vacina é o desenvolvimento de um modelo animal adequado para testes. "Além do homem, o único outro mamífero que o HIV afeta é o chimpanzé, que também não pode ser utilizado como modelo por apresentar reações diferentes dos casos humanos", explicou.
O pesquisador afirmou, também, acreditar que o trabalho em parceria é fundamental para a obtenção de um produto capaz de controlar a disseminação da Aids. "Esse é um problema mundial, por isso os governos, os institutos de pesquisa, a mídia e a população de todas as partes do planeta devem trabalhar em conjunto, garantindo o avanço das pesquisas e o acesso das populações mais pobres, que mais sofrem com a doença, aos possíveis produtos que venham a ser desenvolvidos", explicou Osamov. Ele ressaltou a importância das pesquisas realizadas no Brasil e em todos os países em desenvolvimento. "A resposta imunológica dos indivíduos ao vírus não é a mesma em todas as partes do mundo e está relacionada à herança genética de cada população, por isso é importante desenvolver estudos nessas regiões", explicou. "Além disso, pode permitir um acesso mais fácil à possível vacina para populações da África, América Latina e Ásia, as mais atingidas pela doença." Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem hoje 33 milhões de pessoas vivendo com Aids no mundo. A cada ano são registradas cerca de dois milhões de mortes relacionadas à doença e por volta de 2,7 milhões de novas infecções por ano, quase 7.400 por dia. A área mais atingida pela doença é a África, com mais de 20 milhões de casos. Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz). |
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