Publicada em: 07/10/2008 às 17:37 |
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Parceria Angola-IOC capacita primeiras estudantes africanas A parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e o governo de Angola através do Ministério da Saúde e da Fundação Eduardo Santos (FESA) iniciada em 2006 para a formação de profissionais de saúde rende os primeiros resultados. Quatro estudantes angolanas acabam de concluir o mestrado no IOC em temas de grande relevância para o continente africano: Aids, malária e hepatites. Os estudos, que envolveram trabalho de campo desenvolvido em Angola, são importantes para orientar os esforços em saúde pública na África e para a obtenção de mais detalhes sobre as especificidades das variantes africanas das doenças estudadas. A parceria abre a possibilidade, também, de estudos conjuntos entre o IOC e o governo do país africano.
Gutemberg Brito/IOC A pesquisadora Maria de Fátima Ferreira da Cruz orienta as estudantes angolanas Guilhermina de Carvalho e Florbela Lutucuta
Para Guilhermina, estudos como estes são o primeiro passo para orientar políticas de saúde pública. “Utilizamos amostras da população angolana e estudamos problemas muito graves do nosso país”, explica. “Os resultados de pesquisas como as nossas podem direcionar linhas de ação para o governo ou indicar a necessidade de mudanças de estratégia no controle e na prevenção de certas doenças.”
Aids e hepatite também foram objeto de pesquisa. Fátima Valente investigou, no Laboratório de Virologia Molecular do IOC, a epidemiologia da hepatite B em profissionais de saúde e pacientes de um hospital angolano, sob a orientação da pesquisadora Selma de Andrade Gomes, chefe do Laboratório. Já a estudante Rosa de Fátima, sob a orientação da pesquisadora Ana Carolina Paulo Vicente, chefe do Laboratório de Genética Molecular e Microorganismos do IOC, estudou casos de co-infecção de HIV e HTLV, este último um vírus que pode causar linfomas (tumores) em células de defesa do organismo e é responsável pela mielopatia, doença que afeta a medula espinhal. Professora da Universidade Pública Agostinho Neto, em Angola, Florbela acredita que uma das oportunidades mais interessantes possibilitadas pelo curso é a de retransmitir os conhecimentos aprendidos no Brasil. “É muito estimulante saber que além de aprimorar nossa capacidade de pesquisa, poderemos atuar como multiplicadoras desse conhecimento, formando profissionais mais capacitados em Angola”, comemora. “Isso é algo que nunca foi feito e reproduzir o que aprendemos é fundamental. O conhecimento não tem validade se ficar só conosco.” Segundo a especialista as contribuições científicas ganham ainda mais importância por serem desenvolvidas por pesquisadores africanos. “Em geral, os trabalhos produzidos na África são assinados por pesquisadores de outras partes do mundo e nosso objetivo é que isso mude”, conta a pesquisadora. “O conhecimento é gerado por angolanos para Angola, o que representa um ganho incrível de auto-estima para os pesquisadores do país, como um todo.”
Marcelo Garcia 07/10/08 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz). |
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