Publicada em: 04/03/2009 às 09:18 |
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Pesquisador aponta diferenças entre A. aegypti e pernilongo doméstico
Um é muito ágil, se reproduz em água limpa, ataca em plena luz do dia e transmite a dengue, doença que tem preocupado a população nos últimos verões. O outro prefere a madrugada, coloca seus ovos em água suja rica em matéria organica e atormenta as noites de sono com seu zumbido. Os dois espreitam nas sombras, dentro de casa, esperando a oportunidade de se alimentar com sangue necessário para produzir seus ovos. Com a chegada do verão, acelera-se o ciclo reprodutivo e de desenvolvimento dos dois mosquitos mais urbanos do mundo: o Aedes aegypti, o já conhecido vetor da dengue, e o Culex quinquefaciatus, o pernilongo doméstico. O pesquisador José Bento Pereira Lima, do Laboratório de Fisiologia e Controle de Artrópodes Vetores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), alerta que, para controlar a população dos dois insetos, é preciso entender as diferenças entre eles e eliminar seus criadouros, sejam os focos de água parada e limpa, no caso do A. aegypti, ou suja, no caso do Culex. Gustavo Rezende Diferente do A. aegypti, que dissemina seus ovos por diversos criadouros, o Culex deposita seus ovos na água, sempre todos juntos, no mesmo criadouro. Uma substância viscosa une uns aos outros, formando uma “jangada” com dezenas de ovos, de pé, flutuando na superfície da água. Essa é apenas uma das diferenças entre as duas espécies de mosquito Com a frequência das chuvas durante o verão, é comum encontrar pelas ruas e calçadas depósitos de água suja e cheia de matéria orgânica em decomposição. Muitas vezes, quando a população encontra larvas de mosquitos nesses depósitos, assim como em valões e esgotos a céu aberto, acredita estar diante de criadouros do mosquito transmissor da dengue. No entanto, José Bento reforça que o A. aegypti só deposita seus ovos em água limpa, não necessariamente potável, mas com pouco material orgânico em decomposição. Reservatórios com água suja e contaminada são criadouros potenciais do Culex. Apesar de conviverem bem no ambiente doméstico e dividirem os mesmos abrigos, o pesquisador explica que existem muitas diferenças entre as duas espécies. É muito comum na época de chuvas encontrar larvas de mosquitos em águas sujas, cheias de material em decomposição, como esgotos e fossas. Essas larvas podem ser de A. aegypti?
Quais são os criadouros preferenciais dos dois mosquitos? O A. aegypti só coloca seus ovos em água limpa, não necessariamente potável, mas obrigatoriamente com pouco material em decomposição. Por isso, é importante reforçar para a população que o controle do vetor da dengue deve ser feito mediante a eliminação de reservatórios de água limpa e parada: tampar caixas e tonéis de água, desentupir ralos que possam acumular água, jogar fora pneus velhos, evitar deixar garrafas e recipientes que possam acumular água da chuva em área descoberta e virá-los de cabeça para baixo, e eliminar pratinhos com água embaixo dos vasos de planta, por exemplo. Depósitos de água suja e contaminada, esgotos, valões, fossas e todo reservatório de água com muito material orgânico são os criadouros preferenciais do Culex. Portanto, água contaminada acumulada e esgotos a céu aberto têm grande importância para a saúde pública, pois podem causar diversos problemas à população, mas não se configuram como criadouros potenciais do mosquito transmissor da dengue. Ao lado do A. aegypti, o Culex é considerado uma das mais importantes pragas urbanas do mundo. Quais as diferenças entre os dois mosquitos? O Culex é considerado uma espécie cosmopolita, ou seja, presente em quase todo o mundo, e é ainda mais urbano que o A. aegypti. Os dois possuem uma preferência por se alimentar de sangue humano e estão muito associados à presença do homem. No Brasil, quando nos afastamos de cidades e áreas urbanas, é difícil verificar a presença de qualquer um dos dois. Todo o seu ciclo de vida, o acasalamento e a postura dos ovos, se dá dentro ou próximo de domicílios. Apesar disso, os dois mosquitos apresentam muitas diferenças entre si. Além de preferirem criadouros diferentes, ovos, larvas e os próprios indivíduos adultos das duas espécies são muito distintos. Dentro das casas, é fácil diferenciá-los: quando adulto, o Culex tem uma coloração marrom e as pernas não possuem marcação clara, enquanto o A. aegypti é mais escuro e possui marcações brancas no corpo e nas patas.
É muito comum encontrar as duas espécies dentro das casas, em praticamente todas as regiões do Brasil. Como elas se relacionam no ambiente doméstico? O A. aegypti está muito mais ativo durante o dia, em especial no início da manhã e no fim da tarde, se alimentando de sangue para maturar seus ovos. É um mosquito totalmente diurno. É bom lembrar que isso não significa que ele não pique à noite. É um mosquito oportunista: se o morador deixar uma perna ou braço exposto próximo ao abrigo do A. aegypti, provavelmente será picado mesmo à noite. O Culex, por sua vez, é um mosquito noturno, que prefere se alimentar no horário em que as pessoas estão em repouso. À noite, no escuro, ele é atraído pelo gás carbônico emitido na respiração humana, voando próximo do rosto, e só depois escolhe um local para picar. É por isso que costumamos ouvir zumbidos tão característicos de sua aproximação. O A. aegypti é um mosquito discreto, raramente notado quando se alimenta de sangue, e muito arisco, fugindo com qualquer movimento mais brusco. O Culex chega fazendo barulho próximo ao ouvido e não é tão difícil de apanhar quanto o outro. Dentro das residências os dois convivem bem e costumam ser encontrados nos mesmos abrigos: debaixo de mesas, atrás de móveis, entre cortinas e em nichos de estantes, por exemplo. As larvas dos mosquitos também apresentam diferenças morfológicas e de comportamento?
Quanto ao ciclo de desenvolvimento, as diferenças são significativas? Uma das principais dificuldades no controle da população do A. aegypti é a grande resistência de seus ovos ao ressecamento. O mesmo ocorre com o Culex? Quantos ovos estas espécies chegam a colocar, em cada postura?
O A. aegypti é o vetor da dengue, responsável pelos casos da doença que ocorrem no Brasil. O Culex também tem importância para a saúde pública? 04/03/09 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz). |
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