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Cartões ilustrados ajudam agentes de saúde na identificação de barbeiros

Um produto desenvolvido por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) poderá auxiliar os agentes de saúde no controle da doença de Chagas. Utilizando fotografias de todos os barbeiros encontrados no Brasil, o Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do IOC criou blocos de cartões ilustrados que servirão para ajudar na identificação dos vetores da doença. O material poderá ser utilizado por técnicos que fazem vistorias e coletam os barbeiros e, também, em ações de educação em saúde. Como a distribuição das espécies de barbeiros é bastante distinta no país, foram produzidos cinco conjuntos de cartões, um para cada região do Brasil.
 
Em uma das faces, as cartas trazem uma foto colorida e ampliada de um barbeiro, uma marcação com sua medida real em milímetros e o nome científico da espécie retratada. Na outra face, há uma ilustração com as fases de desenvolvimento do triatomíneo e o habitat e o estado onde a espécie é encontrada são informados. As cartas são portáteis, impermeáveis e reunidas em formato de blocos por região geográfica do país.

 Gutemberg Brito

 

De acordo com José Jurberg, as fotografias coloridas ajudarão os agentes de saúde a identificar os barbeiros. "O material também poderá ser utilizado em ações de educação", completa

A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, adquirido por meio do contato direto das fezes do barbeiro com ferimentos na pele ou mucosas. A transmissão pode acontecer, também, pela ingestão de alimentos infectados.
 
“O objetivo é fazer com que agentes de saúde e professores possam disseminar conhecimento para prevenir e combater a doença de Chagas”, afirma José Jurberg, chefe do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos do IOC. Ele ressalta, ainda, a importância de serem utilizadas fotos coloridas e ampliadas de cada uma das 63 espécies encontradas no Brasil. “Nos livros, as imagens dos barbeiros normalmente são em preto e branco, o que dificulta o processo de identificação”.


Em 2006, a Organização Pan Americana de Saúde (Opas) conferiu ao Brasil a Certificação Internacional de Eliminação da Transmissão da doença de Chagas pelo Triatoma infestans, que, até então, era o principal vetor da doença no país. Mesmo com o controle do principal vetor, José Jurberg ressalta a necessidade de se conhecer as outras espécies de barbeiros. “É importante manter a vigilância porque outras espécies podem vir a ocupar o lugar que foi do Triatoma infestans”, alerta. “Não se deve descartar que outros meios, como educação sanitária e melhoria das habitações contribuiriam para o melhor controle da doença”, lembra.
A doença de Chagas é um problema de saúde pública relevante na América Latina e ainda não tem cura. Segundo a Opas, a doença é endêmica em 21 países das Américas do Sul e Central e a estimativa é de que cerca de 18 milhões de pessoas estejam infectadas.

Avaliação do conhecimento de agentes de saúde sobre doença motivou criação do material educativo
 
A produção da coleção dos cinco blocos de cartões com fotos dos triatomíneos vetores da doença de Chagas no Brasil – um para cada região geográfica –, é fruto de um projeto apoiado pelo Edital de Apoio à Produção de Material Didático para Atividades de Ensino e/ou Pesquisa da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). A ideia de produzir o material, no entanto, surgiu em um projeto anterior, intitulado Levantamento dos “saberes” sobre a doença de Chagas e seus vetores nas regiões geográficas do Brasil. Por meio desta iniciativa, os pesquisadores vêm identificando as dificuldades dos profissionais de saúde no controle da doença de Chagas, propondo formas de melhorar o desempenho destes técnicos e promovendo a participação da população na detecção dos triatomíneos.
 
Este projeto começou no Rio Grande do Sul e, por meio de uma parceria com a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde do Estado, a equipe do IOC e funcionários da Secretaria Estadual de Saúde fizeram uma pesquisa para averiguar os conhecimentos dos agentes de saúde sobre a doença de Chagas. Cerca de 200 funcionários responderam a questionários e os resultados, que ainda estão sendo processados, apontam que os agentes não têm facilidade para identificar os vetores da doença de Chagas.
 
“Observamos que os técnicos tinham muita dificuldade para identificar os insetos, que haviam sido treinados há muitos anos e que tinham uma carência grande de material educativo e ilustrativo para ser repassado para a população”, afirma Dayse Rocha, pesquisadora do IOC responsável por esta etapa da iniciativa. Ela lembra que, geralmente, as caixas com coleções de insetos alfinetados são utilizadas para auxiliar, por meio de comparação, na identificação dos barbeiros encontrados pelos agentes de saúde e pela população. “Este material é difícil de ser conservado e transportado pelos agentes. A ideia é que as cartas sejam uma nova ferramenta, mais durável e ilustrativa, para ajudar no trabalho dos agentes”, completa.
 
Cerca de 400 blocos com as espécies da região Sul já foram distribuídos para agentes de saúde. Além disso, a secretaria de Saúde de Porto Alegre encomendou 700 exemplares. Os blocos com as espécies encontradas nas outras quatro regiões do país já estão prontos em formato digital. Interessados em obter o material podem entrar em contato com o laboratório pelo telefone (21) 2598 4503.
 
Além do IOC e da Faperj, o projeto também conta com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Saúde.

Marina Schneider

15/01/10

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).


 

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