Publicada em: 29/04/2010 às 11:03 |
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Responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero no Brasil, HPV é tema de Simpósio Internacional organizado pela Fiocruz Considerada uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo, o Papilomavírus Humano (HPV) é tema de evento que teve início hoje no Rio de Janeiro, reunindo especialistas nacionais e estrangeiros no tema. O Simpósio Internacional de Pesquisa em HPV, organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a parceria do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Johns Hopkins University (Estados Unidos) e Instituto Nacional de Câncer (INCA) tem como objetivo debater aspectos como diagnóstico, vacina, tratamento e mecanismos de transmissão do vírus. O evento, que acontece até amanhã em Copacabana, contou em sua abertura com a presença de Cristina Possas, responsável pela Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde (MS); José Luiz Telles, Diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas em Saúde do MS; Claudio Noronha, representando o Diretor do Instituto Nacional de Câncer, Luiz Antônio Santini, e da pesquisadora Claude Pirmez, Vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz. A importância de combinar esforços para definir quais devem ser as prioridades de pesquisa nos próximos anos e a necessidade de transformar os conhecimentos gerados em laboratório em políticas públicas e práticas clínicas foram alguns dos principais pontos abordados na mesa de abertura do simpósio.
Gutemberg Brito
Especialistas nacionais e estrangeiros iniciaram o debate sobre os aspectos relacionados ao HPV Cláudio Noronha lembrou que o HPV é a infecção mais importante no sentido da incidência de câncer no país e ressaltou que o Brasil já faz 12 milhões de exames Papanicolau por ano, o que corresponde a uma abrangência de quase 80% da população. “No entanto, existe muita discrepância entre as regiões do país. A incidência e a mortalidade relacionadas à doença na região Norte é quase o dobro do Sudeste”, afirmou. Cristina Possas reforçou a atuação do Ministério da Saúde, que investiu R$ 14,5 milhões no último ano em pesquisa e desenvolvimento em HPV e promoveu 14 capacitações nacionais, em várias áreas do conhecimento, em especial relacionados a aspectos de diagnóstico, prognóstico e coinfecção HIV-HPV. “Existe uma necessidade de identificar as reais necessidades de produção de conhecimento científico e informação no tema e um desafio de transformar as pesquisas sobre a doença em políticas públicas”, afirmou.
Para Telles, o início cada vez mais precoce da vida sexual dos jovens torna a questão ainda mais urgente. “Hoje há uma feminização da epidemia de HIV, em especial entre os adolescentes. Dados recentes mostram que, entre 14 e 19 anos, para cada 14 meninos infectados com o vírus há 20 meninas”, informou. “Isso revela uma vulnerabilidade muito grande não só ao HIV, mas também ao HPV, e a importância de estudarmos as coinfecções entre as duas doenças. Os esforços pela prevenção da doença devem passar, portanto, pelo fortalecimento das ações nas escolas no sentido de garantir seus direitos sexuais e reprodutivos, orientando, esclarecendo e garantindo o acesso desses jovens aos meios de proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis.”
Encerrando a mesa, Claude lembrou que é possível atingir, no caso do HPV, duas metas da OMS na luta contra o câncer: "prevenir o prevenível" e "curar o curável". A pesquisadora ressaltou a necessidade do desenvolvimento de ferramentas para detecção precoce da doença. Para isso, acredita que é preciso que a pesquisa científica sobre doença seja realmente inovadora e capaz de ultrapassar as barreiras dos laboratórios e gerar benefícios diretos para a saúde pública. “Alguns tipos de HPV estão associados ao câncer do colo uterino, doença que representa a segunda causa de câncer em mulher e está entre as dez causas de morte por tumor em mulheres. Como o HPV é uma DST (doença sexualmente transmissível), significa que podemos preveni-la e, consequentemente, prevenir casos de câncer”, destacou a pesquisadora. Estima-se que o HPV esteja associado a 90% dos casos de câncer de colo de útero no Brasil. Lesões orais e HPV, Eficácia e durabilidade da vacina contra HPV, Câncer de colo de útero em mulheres vivendo com HIV e Avaliação da política nacional para o controle do HPV serão alguns dos temas abordados nas mesas-redondas do evento, que recebe conferencistas representantes da Johns Hopkins University (EUA), Albert Einstein College e de instituições nacionais como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Ludwig e Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). O evento é organizado pela Fiocruz, por meio da Vice-presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e do Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz). Sobre o HPV O HPV no Brasil Diagnóstico Tratamento e vacina Marcelo Garcia e Renata Fontoura Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz). |
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