Publicada em: 08/06/2010 às 11:39 |
Pólio: especialista do IOC alerta para a importância da vacinação Apesar dos esforços para erradicação da poliomielite no mundo, só em 2010, até o mês de maio, foram registrados 237 casos da doença segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Desses, somente 52 foram registrados em países considerados endêmicos na África e na Ásia. Os números explicam a grande mobilização em torno da vacinação contra a poliomielite. No Brasil, país onde a erradicação da doença foi certificada pela OMS em 1994, há mais de 20 anos não há registro de casos. O sucesso é resultado das campanhas realizadas desde 1980 no país, que garantem 95% de cobertura vacinal anualmente em crianças de até cinco anos de idade. No próximo dia 12 de junho, será realizada a primeira etapa da campanha nacional de vacinação contra a paralisia infantil. O pesquisador Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), referência internacional para o tema, explica os reais perigos da reintrodução do vírus e reforça a importância da imunização. O último caso de poliomielite no Brasil foi registrado em 1989. Por que a vacinação ainda é tão importante? Outro aspecto está relacionado com o vírus vacinal. A vacina ministrada no Brasil e em grande parte do mundo é produzida com base no vírus vivo atenuado. Ao se replicar, ele pode sofrer mutações e, se tiver a oportunidade de circular em comunidades sem cobertura vacinal adequada, pode causar surtos da doença em pessoas que não foram imunizadas. Por isso é importante que os pais continuem levando os filhos menores de 5 anos para vacinar. Com a cobertura vacinal ampla, não existe o risco de uma pessoa não vacinada contrair o vírus. No caso da exportação de casos, como o vírus se dissemina no ambiente? E em relação às mutações sofridas pelo vírus vacinal, existem casos registrados? Depois de imunizado, o indivíduo excreta o vírus atenuado já com algumas mutações. Neste aspecto, podemos pensar que é perigoso disseminar o vírus vacinal. No entanto, ele só terá capacidade de voltar a infectar em locais onde a cobertura vacinal não é adequada. Uma coisa depende da outra. No Brasil não há registro de casos deste tipo. Qual a atual situação do Brasil quanto à adesão a campanhas anuais? Existe dificuldade de alcançar a meta de 95% de cobertura vacinal em crianças menores de 5 anos? Como o trabalho de vigilância é realizado no laboratório? Renata Fontoura 08/06/2010 Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz) |