Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz
Página Principal

Hermann Schatzmayr

O virologista brasileiro Hermann Schatzmayr, nascido no Rio de Janeiro no ano de 1936, dedicou 50 anos de sua vida à pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Envolvido em pesquisas pioneiras em varíola e pólio, Hermann liderou as equipes que isolaram os vírus 1, 2 e 3 da dengue no Brasil, consolidando-se como um dos protagonistas da história da Virologia no país.

A carreira do cientista começou em 1953, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, na faculdade de Veterinária. Após a graduação, Hermann logo começou a estudar o vírus Influenza, responsável por um grande surto entre os anos de 1957 e 1958. Ele trabalhou junto à equipe do professor Paulo de Góes, no Departamento de Virologia da UFRJ.

Em 1960, Schatzmayr, recomendado por seus professores, estudou por um ano na Universidade de Viena, na Áustria. Lá, estudou o vírus da encefalite do carrapato. Quando retornou ao Brasil, em 1961, começou a sua história na Fiocruz, indo trabalhar ao lado do Professor Joaquim Travassos da Rosa, então Diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/ Fiocruz). O professor Joaquim estava montando um laboratório para estudo da poliomielite. Ali, realizaram o isolamento do vírus da pólio, estudaram os surtos da doença no Rio de Janeiro e a resposta da vacina oral. A vacina era produzida pelo próprio laboratório. Em depoimento, Hermann contou que tudo era realizado de forma artesanal e muito rápida, pois a vacina possuía curta duração, o que por vezes exigia que passasse madrugadas no laboratório.

Em 1965, Hermann Schatzmayr e a também pesquisadora do IOC, Monika Barth, se casaram. Hermann conseguiu bolsa da Fundação Humboldt para se doutorar na Universidade de Giessen, na Alemanha, onde permaneceu durante um ano. O recém-doutor retornou ao Brasil numa época delicada: a tensão política provocada pelos militares deu origem ao episódio de cassação de direitos de pesquisadores. O Presidente à frente da Fiocruz, Vinícius Fonseca, lhe ofereceu um laboratório para estudar a pólio inicialmente e, depois, outros vírus como hepatite e rubéola.
Hermann chefiou o Departamento de Virologia do IOC por 26 anos, formando e inspirando pesquisadores. Seu trabalho o levou a se tornar Assessor da Organização Mundial de Saúde em 1982 (OMS).

Na década de 80, a dengue se colocava como uma grande preocupação nas Américas. Prevendo que, cedo ou tarde, a doença chegaria ao país, Hermann começou a orientar sua equipe para que se inteirasse sobre o assunto no Brasil e no exterior. Em abril de 1986, o cientista liderou a equipe  conseguiu isolar o tipo 1 da dengue no Brasil. Nos anos subsequentes, foram isolados os tipos 2 e 3. Assim, o cientista colaborou para que a Fiocruz se tornasse centro de referência no assunto.

Na década de 90, Hermann recebeu um telefonema do Ministério da Saúde. Ele deveria comparecer em Brasília com urgência. Como o pesquisador havia acabado de isolar o tipo 2 da dengue, imaginou que fosse este o assunto, levou consigo o material para apresentar ao Ministro. Chegando ao Ministério, soube que o telefonema se tratava de uma convocação para assumir a presidência da Fiocruz, que acabara de ter recusados os nomes indicados por meio de processo eleitoral no âmbito da instituição.

Hermann não se furtou a mais este desafio. Em sua gestão, apesar das dificuldades, conseguiu realizar algumas obras importantes como o início da Biblioteca de Manguinhos. Fez novas contratações, firmou convênios internacionais e adquiriu equipamentos para produção de vacinas. Concretizou um projeto engavetado: a criação de um plano de saúde para os servidores da Fundação. Administrou a Fiocruz até 1992.

Hermann fundou a Sociedade Brasileira de Virologia. Foi editor-chefe da revista Virus Reviews and Research e membro do corpo editorial dos periódicos Memórias de Oswaldo Cruz e Vaccine (Londres). Presidiu a Comissão Interna de Biossegurança do IOC (CIBio/IOC) por quatro anos e foi membro, em Brasília, da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). O cientista era membro da Academia Brasileira de Ciências e de Medicina Veterinária. Hermann recebeu da Sociedade Brasileira de Higiene o título de Honra ao Mérito Nacional de Saúde Pública.

Suas últimas pesquisas foram dedicadas à infecção por poxvírus em animais e humanos.

Hermann sempre atuou na vanguarda da pesquisa. Costumava dizer que o cientista deve sempre olhar pela janela e focar seu trabalho na doença e na carência da população. O cientista Hermann Schatzmayr morreu em 21 de junho de 2010.

Versão para impressão:
Envie esta matéria:

Instituto Oswaldo Cruz /IOC /FIOCRUZ - Av. Brasil, 4365 - Tel: (21) 2598-4220 | INTRANET IOC| EXPEDIENTE
Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360

Logos