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O LABORATÓRIO

O Laboratório de Aids  e Imunologia Molecular do Instituto Oswaldo Cruz (LABAIDS/IOC/Fiocruz) tem forte contribuição na construção do cenário epidemiológico e molecular do HIV-1 no Brasil, onde foi observada a prevalência do subtipo B, e da sua variante tipicamente brasileira “B”, caracterizada pela presença do motivo GWGR no topo da alça V3, seguido do subtipo F e formas recombinantes, tanto na população geral, como em grupos específicos (como  usuários de drogas injetáveis e gestantes). Estudos sobre a história evolutiva e demográfica dos subtipos virais permitiram detectar que o subtipo B teria sido o primeiro a ser introduzido, no país, por volta de 1970,  seguido da introdução do subtipo F1, entre 1975-1980, e, finalmente, do subtipo C, entre 1980-1985. Estudos na área de epidemiologia e evolução molecular foram e estão sendo desenvolvidos em alguns países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Venezuela e Uruguai) e da África (Angola, Cabo Verde e Moçambique), seja através de parcerias traçadas para a realização de teses, ou por meio de estudos de colaboração realizados no âmbito do projeto PROSUL ou PROÁFRICA/CNPq. O Laboratório possui projetos em andamento em parceria com o Instituto de Pesquisas Clínicas Evandro Chagas (IPEC/Fiocruz) e com a colaboração do Instituto de Salud Carlos III (Madri/ Espanha). Já em colaboração com a divisão de doenças infecciosas da Universidade de Miami (Leonard M. Miller School of Medicine, Miami, EUA), pretende-se avaliar a influência de fatores virológicos, imunológicos e genéticos no controle da viremia e nos diferentes padrões de evolução para Aids.

Em parceria com o IPEC/Fiocruz, o Hospital Geral de Nova Iguaçu, do Ministério da Saúde, o Instituto Pasteur e o Laboratório de Hanseníase do IOC/Fiocruz,  são desenvolvidos projetos que visam analisar a ocorrência da Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imune (IRIS) em indivíduos coinfectados por HIV-1 e com tuberculose, e HIV-1/ hanseníase, respectivamente. No âmbito desta temática, uma importante cooperação com o Instituto Pasteur de Paris vem sendo estabelecida, com abordagens da resposta imune inata.

O desenvolvimento de variantes resistentes durante o curso da infecção pelo HIV-1 é uma das principais razões da falência da terapia antirretroviral (TARV) no paciente em tratamento. Se esta resistência estiver associada a várias classes de fármacos, o número de regimes para tratamentos alternativos se torna limitado, comprometendo o sucesso virológico de TARVs subsequentes. Além disso, apesar da quimioprofilaxia com antirretrovirais, usada por gestantes infectadas pelo HIV-1, representar um importante avanço na prevenção da transmissão vertical, o amplo uso de agentes antirretrovirais e o aumento da prevalência de cepas do HIV resistentes às drogas trazem questionamentos sobre o comprometimento de futuras opções terapêuticas, bem como o seu uso em gestações subsequentes. Nesse sentido, torna-se essencial o monitoramento continuado de populações expostas a TARV visando avaliar a ocorrência de mutações de resistência primária e secundária (adquirida), respectivamente em populações virgens de TARV e de indivíduos em falha terapêutica. A partir de uma coorte de indivíduos soropositivos para o HIV-1 com diferentes perfis de evolução para a Aids, acompanhada no IPEC/Fiocruz, da participação na Rede Nacional de Genotipagem (RENAGENO), e de uma coorte de gestantes portadoras com HIV-1 e suas crianças expostas, acompanhadas no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), são estudados os níveis de resistência primária e secundária (adquirida) e identificação de populações minoritárias de resistência viral. O Laboratório também atua no campo de inovação tecnológica, desenvolvendo e aprimorando metodologias de genotipagem de novos alvos terapêuticos do HIV, visando a implementação destas metodologias na prática clínica. Estuda, ainda, o perfil genotípico de multirresistência (MDR-multi drug resistent), realizando a genotipagem da integrase, da glicoproteína do envelope viral gp41, mapeando os principais pontos de mutações de resistência na gp 41, como perspectiva de utilização combinada da enfuvirtide (T20) no resgate destes pacientes.

No âmbito das parcerias internacionais, a equipe participou dos seguintes ensaios clínicos das rede IMPAACT:  HPTN 040: ‘Fase III do estudo clínico randômico sobre a segurança e a eficácia de três esquemas terapêuticos antirretrovirais neonatais para a prevenção da transmissão do HIV-1 no parto’, com resultados demonstrando que o risco de transmissão do HIV intraparto foi significativamente reduzido nos braços com duas ou três drogas antivirais quando comparados ao uso da Zidovudina somente. Além disso, observou-se que a taxa de transmissão global do HIV (intra útero e intraparto) foi também significativamente menor nos braços com duas e três drogas antivirais quando comparados ao uso da Zidovudina somente. Estes resultados estão publicados no artigo ‘Three postpartum antiretroviral regimens to prevent intrapartum HIV infection’. Nielsen-Saines K, et al. N Engl J Med. 2012 Jun 21;366(25):2368-79.

O estudo PROMISE (Promoção da Sobrevivência Materna e Infantil em Todos os Lugares): 1077HS, também da rede IMPAACT/NICHD: Versão Padrão de HAART (Terapia Antirretroviral Altamente Eficaz), é patrocinado pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) e The Eunice Kennedy Shriver
National Institute of Child Health and Human Development (NICHD), e tem como objetivo principal determinar se a continuação do HAART no pós-parto reduz a morbidade e a mortalidade entre as mulheres que recebem HAART para prevenção da transmissão vertical do HIV-1 em comparação com o esquema de interrupção e reinício do HAART segundo os padrões atuais de tratamento. O principal critério de avaliação combinado inclui morte, doença indicadora de Aids e eventos graves cardiovasculares, renais e hepáticos não indicadores de Aids.

Dos estudos observacionais da rede NISDI, o Laboratório participou do estudo LILAC (NISDI Longitudinal Study in Latin American Countries, LILAC): Estudo Prospectivo Observacional em Mulheres Grávidas Infetadas com HIV e Crianças não Infetadas e Expostas ao HIV  em Centros Clínicos da América Latina.

Da rede de prevenção, o Laboratório esteve presente do estudo HPTN 052: ‘Estudo clínico randomizado para avaliar a eficácia da terapia anti-retroviral mais atenção primária ao HIV versus atenção primária somente para prevenção da transmissão sexual em casais sorodiscordante para o HIV-1’, ensaio que teve os resultados divulgados em maio de 2011. A equipe do HPTN 052 comparou os resultados clínicos e as taxas de transmissão entre casais em que um dos parceiros era soropositivo e o outro era HIV negativo (casais so¬rodiscordantes). O ensaio terminou quatro anos antes do previsto, devido à evidência de benefício no acesso imediato à combinação de terapia antirretroviral em indivíduos HIV¬-positivos com contagens de células CD4 entre 350-550, com melhora da saúde clínica e também redução do risco de transmissão para o parceiro HIV negativo em 96%. Estes resultados estão disponíveis na publicação ‘Prevention of HIV-1 infection with early antiretroviral therapy’. Cohen MS et al. N Engl J Med. 2011 Aug 11;365(6):493-505.

Além disso, o Laboratório participa dos programas de qualidade em proficiência laboratorial de nível nacional AEQ (Avaliação Externa de Qualidade), realizado para avaliação de subpopulações de linfócitos T, carga viral e genotipagem. São realizadas as seguintes avaliações internacionais: UKNEQAS do NIH para o CD4, VQA (VirologicalQualityAssaysment) para carga viral, e genotipagem do HIV-1. O Laboratório participa, ainda, do programa de proficiência em testes sorológicos conduzido pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC, Estados Unidos).

Com impacto direto no Sistema Único de Saúde (SUS), o Laboratório participa das redes de CD4 e de carga viral, sendo responsável atualmente pelo processamento de aproximadamente 650 exames mensais em cada técnica. Com relação à genotipagem, são realizados aproximadamente 70% dos exames de pacientes do Estado do Rio de Janeiro, possibilitando o estabelecimento de políticas públicas voltadas para o controle da resistência do vírus aos medicamentos disponíveis.  Em novembro de 2011, o serviço de genotipagem do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC foi reconhecido como Centro de Referência Nacional no monitoramento da resistência do HIV junto à HIVResnet, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Neste sentido, o Laboratório vai atuar no fortalecimento das redes de laboratórios de outros países sul-americanos.

 


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