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Doença de Chagas

Comentário de artigo

Trypanosoma cruzi benznidazole susceptibility in vitro does not predict the therapeutic outcome of human Chagas disease

 

Margoth Moreno; Daniella A D'ávila; Marcelo N Silva; Lúcia MC Galvão; Andrea M Macedo; Egler Chiari; Eliane D Gontijo and Bianca Zingales. 2010.

Mem Inst Oswaldo Cruz 105(7):918-24.

 

Comentado por: Maria de Nazaré Correia Soeiro (soeiro@ioc.fiocruz.br)  & Solange Lisboa de Castro (solange@ioc.fiocruz.br)

Laboratório de Biologia Celular - IOC/Fiocruz

 

Uma das principais limitações das drogas disponíveis para terapia da doença de Chagas, benznidazol (Bz) e nifurtimox (Nf) refere-se a existência de cepas do Trypanosoma cruzi naturalmente resistentes a estes nitroderivados ( Soeiro & De Castro, 2011 ). Apesar de recomendados para terapia de todos os casos agudos e pacientes crônicos recentes (≤ 15 anos), falha terapêutica associada a distintas áreas endêmicas localizadas nas Américas do Sul e Central tem sido relatada frente ao uso destes compostos (Yun et al., 2009). O estudo conduzido por Moreno e colaboradores, recentemente publicado nas MIOC, descreve o uso de um protocolo in vitro para análise prévia do perfil de susceptibilidade a agentes quimioterápicos de cepas de T. cruzi isoladas de pacientes. Este “screening” visa oferecer orientações e alternativas para a escolha do melhor esquema terapêutico a ser definido para o tratamento destes indivíduos. Através deste protocolo, previamente padronizado com 12 cepas de referência que apresentam distintos perfis de susceptibilidade a Bz e Nf, os autores demonstraram não haver correlação entre a eficácia in vitro de Bz sobre 07 isolados obtidos de chagásicos crônicos e a cura destes pacientes avaliada através de diferentes parâmetros (sorológicos e parasitológicos incluindo PCR). Assim, este estudo confirma a falta de correlação entre a atividade tripanocida in vitro de agentes anti-T. cruzi e resultados terapêuticos clínicos. De fato, estudos de triagem de drogas freqüentemente revelam a não correlação entre as atividades in vitro e in vivo (Romanha et al. 2010). Como proposto pelos autores, o sucesso da terapia depende da relação entre os perfis genéticos dos parasitos somados aos dos hospedeiros (incluindo o estabelecimento de uma resposta imune efetora e eficiente), bem como das propriedades físico-químicas dos quimioterápicos, como por exemplo, seus níveis plasmáticos e meia vida, capacidade de permear membranas biológicas (células hospedeiras e do parasito) e acumular-se em órgãos alvo da infecção. Assim, os dados de Moreno e colaboradores sustentam e destacam a importância da pesquisa translacional e multidisciplinar (atividade biológica + toxicologia + propriedades farmacológicas) nos programas de descoberta e desenvolvimento de novos agentes para o tratamento da doença de Chagas.


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