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Doença de Chagas

O cardiologista argentino Edgardo Schapachnik fala da criaçao da Associação “Carlos Chagas” para a vigilância médica ativa dos pacientes com doença de Chagas

O Dr. Edgardo Schapachnik é médico cardiologista e trabalha há 40 anos com a doença de Chagas. É membro fundador da Associação “Carlos Chagas” para a vigilância médica ativa dos pacientes com doença de Chagas, membro fundador e ex-secretário técnico-científico e diretor do Conselho Argentino de doença de Chagas da Sociedade Argentina de Cardiologia.

 

Andreia - Qual é o objetivo da associação?

Edgardo - A Associação Carlos Chagas para a vigilância médica de casos de doença de Chagas foi criada para o efetivo assessoramento [UD1] de pacientes, com o principal objetivo de detectar a manifestação precoce da doença. Atualmente, um trabalho na Província do El Chaco em colaboração com a Obra Social Sindical que gerencia os trabalhadores do setor público da Província, chamada SSSeP, farão com que, em torno de 220.000 trabalhadores da região passem por exames incluindo o teste sanguíneo para doença de Chagas, visando diagnosticar pacientes nos estágios precoces da doença. Isto porque trabalhos de diversos autores, como Rassi, por exemplo, já mostraram que mesmo na fase indeterminada, cerca de 50% dos pacientes apresentam disfunção endotelial na fase indeterminada da doença, além de manifestações de “disautonomia” e alterações em receptores muscarínicos, entre outros.

Os trabalhadores que tiverem o exame positivo para Chagas terão atenção especializada que inclui desde o seguimento clínico até a internação dos pacientes que necessitarem de práticas de alta complexidade, como implantes de marcapassos e cardiofibriladores, além de transplantes cardíacos, quando indicados.

 

Andreia - Como ela foi criada?

Edgardo - A associação foi criada por profissionais que trabalham há muitos anos com a doença de Chagas, que se juntaram para realizar atividades de assessoramento a organismos relacionados a doença e, também, às chamadas “ Las obras sociales”.

 

Andreia - Por que o nome Carlos Chagas?

Edgardo - O nome Carlos Chagas foi dado à associação porque ele foi quem descobriu efetivamente a doença de Chagas.

 

Andreia - Quem faz parte da associação?

Edgardo - A associação é integrada por pesquisadores renomados na área de doença de Chagas, cujo objetivo é comprometer os profissionais da saúde para serem os agentes que podem proporcionar vigilância médica ativa aos pacientes afetados. Advogados, médicos, biólogos, químicos entre outros. Os membros da associação são profissionais de diversas áreas, por exemplo, o ex-tesoureiro da associação é químico.

 

Andreia - Qual a situação da doença de Chagas na Argentina?

Edgardo - Hoje não temos dados reais que possam ser utilizados. Não há um acompanhamento de mortos pela doença, novos infectados ou pacientes vivos. Nós esperamos encontrar cerca de 20% dos 220.000 trabalhadores da Província do El Chaco infectados pela doença.

 

Andreia - Qual suporte o paciente tem na Argentina? Aposentadoria? Auxílios?

Edgardo - Em 2006, a Resolução 9494 da Administração de Programas Especiais (APE) resolveu que pacientes com Chagas podem se aposentar, mas não é o que acontece. Aqui na Argentina, os pacientes são aposentados pela cardiopatia severa e não pela doença de Chagas. Ainda que o exame seja positivo para Chagas, se o paciente estiver na fase indeterminada, sem sintomas, não recebe aposentadoria. Antigamente, eram exigidos testes para Chagas na admissão no emprego, hoje está proibida esta exigência para que não haja discriminação.

 

Andreia - Que ferramentas são utilizadas para lidar melhor com o paciente na Argentina?

Edgardo - Temos o vídeo do Ricardo Prevê [vídeo] que é muito bom para a divulgação e informação dos pacientes, mas não é muito difundido. Com isso, poucos pacientes têm acesso ao material.


 [UD1] De instituciones públicas o privadas que se acuparan dela atención

[vídeo] Chagas: uma doença escondida


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