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Roquette-Pinto e a utopia da divulgação científica pelo rádio

“Nós, que assistimos a aurora da radiotelefonia, temos a impressão do que deveriam sentir alguns dos que conseguiram possuir e ler os primeiros livros. Que abalo no mundo moral! Que meio para transformar um homem em poucos minutos, se o empregarem com boa vontade, com alma e coração!”

Nos anos 20, havia uma atitude muito otimista quanto ao potencial de divulgação e educação científica das novas tecnologias de comunicação, que faz lembrar o que vivemos hoje com a Internet e, anos atrás, com a televisão.

Acreditava-se que as novas tecnologias – na época, o rádio e, pouco depois, o cinema – permitiriam uma disseminação barata, rápida e fácil dos conhecimentos, alcançando numa só voz os lugares mais remotos do Brasil. O rádio seria um meio de democratizar a informação e educar toda a nação. Roquette-Pinto era um dos maiores entusiastas:

“Se muitos dos ouvintes são pessoas cultas para as quais aquilo é passatempo, alguns milheiros são homens e mulheres do povo que, sem saber ler, vão aprendendo um pouco. Temos tudo feito? Que esperança! Estamos apenas no início do começo...”

Ele afirmava que a radiodifusão permitiria instruir e deleitar os indivíduos – mesmo aqueles que não soubessem ler – e, por isso, defendia que o próprio governo deveria incentivá-la:

“No Brasil, o governo facilita a aquisição de instrumentos de primeira necessidade por parte dos agricultores. Por que motivo não facilita a aquisição de receptores radiotelefônicos? Não são gêneros de primeira necessidade? Há por aí pelas fazendas e matas apetrechos agrícolas, sementes, que foram distribuídos gratuitamente e lá estão enferrujados ou apodrecendo... porque o agricultor não tem ainda uma instrução sobre o emprego daquilo. A radiotelefonia, bem empregada, virá transformar essa tristeza. O rádio fará o Brasil produzir mais e melhor.”

 Roquette em sua casa na Beira-Mar, já nos anos 1950, ouvindo seu inseparável rádio de cristal de galena – aparelho receptor barato e que qualquer um poderia montar com materiais de fácil acesso.
‘O galena’ era símbolo de acessibilidade universal.
 


 Leia o artigo Radio Educação do Brasil, que saiu na revista Electron n.06, de abril/1926, republicado da revista Radio.
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