Como agradar a todos?
Conciliar os interesses do público, dos anunciantes e os da própria emissora era a difícil tarefa da Rádio Sociedade. Muitos ouvintes reclamavam da veiculação de publicidade.
Este morador da capital qualificou os anúncios como "desagradáveis e irritantes" e afirmou desligar o rádio sistematicamente durante a veiculação dos mesmos. Este outro, irritado, pregou o boicote às marcas anunciadas. Ele afirmou ter desistido de ouvir rádio e deixou de ser sócio da RS "para evitar o penoso sacrifício de ouvir anúncios, terrivelmente irritantes, quer pela sua repetição exagerada, quer pela cretina redacção de alguns deles".
Esta carta, de uma editora musical que pagava regularmente a RS para irradiar seus discos, indica que os ouvintes estariam deixando de ouvir os programas musicais por causa dos anúncios. A empresa pede à emissora que faça um preço para a irradiação dos discos sem a interrupção dos anúncios.
Tampouco era fácil agradar aos anunciantes, que escreviam com freqüência para reclamar da forma como os reclames – pelos quais pagavam caro – estavam sendo irradiados. Neste memorando de 1935, um representante dos Perfumes Nacionaes alega que seu anúncio, lido sem pausas na pontuação, ficava "sem brilho, sem graça e sem interesse para quem o escuta".
Já o representante das Casas Mousseline reclamava que seus anúncios estavam sendo lidos apressadamente, perdendo assim seu efeito. A chapelaria Mangueira, por sua vez, queixava-se de ter seus anúncios irradiados fora do horário previsto e com um intervalo muito curto entre os reclames.
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