Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX

Uma Breve Análise

No ano 2003, foram registrados 82.716 casos de intoxicação humana por 29 dos 33 Centros de Informação e Assistência Toxicológica em atividade no país. Para efeito de comparação, no ano 2001 foram registrados 75.293 casos de intoxicação humana por 25 dos 31 Centros em atividade no país naquele ano e em 2002 foram registrados 75.212 casos de intoxicação humana por 25 dos 33 Centros em atividade no país naquele ano (75,8%) (Tabela 1).

A Região Sudeste, com maior número de Centros (16), registrou 44,1% dos casos, seguida pelas Regiões Sul (28,7%), Nordeste (17,4%), Centro-Oeste (8,1%) e Norte (1,7%) (Tabela 1).

O Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT/RS), como vem ocorrendo ao longo dos anos, apresentou a maior participação percentual, 17,5% do total de casos registrados no país, seguido pelo Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI/SP) com 12,0% (Tabela 1).

O registro de intoxicação animal foi realizado por 13 dos 29 Centros que participaram da estatística referente ao ano 2003. Do total de 1.381 casos de intoxicação animal, 824 (59,7%) são provenientes da Região Sul, sendo 679 (49,2%) registrados pelo Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (Tabela 1).

Quanto às solicitações de informação, foram registradas no país 17.691, sendo as Regiões Sul e Sudeste responsáveis por 52,1% e 43,2% desse total, respectivamente. Chama a atenção o fato do Centro de Informações Toxicológicas de Curitiba apresentar três vezes mais solicitações de informação do que casos e o Serviço de Toxicologia de Minas Gerais apresentar um pouco mais de solicitações de informações do que casos, dado que para os demais Centros esse comportamento é exatamente o oposto, ou seja, mais casos do que solicitações de informação (Tabela 1).

No ano 2003, foram registrados 530 óbitos, o que gerou uma letalidade de 0,64% para o país como um todo. A Região Nordeste registrou o maior número de óbitos, 157 (29,6%), mas não a maior letalidade, que foi de 1,37% referente à Região Centro-Oeste. A menor letalidade foi registrada pela Região Sudeste, 0,43% (Tabela 2). Para efeito de comparação, no ano 2002 as letalidades observadas foram menores para o país como um todo (0,50%) e para as Regiões Nordeste (0,79%), Sudeste (0,30%) e Centro-Oeste (0,99%), mantendo-se sem alteração para a Região Sul (0,48%).

As duas maiores letalidades para o país como um todo foram geradas pelos agrotóxicos de uso agrícola e pelos agentes tóxicos desconhecidos, com valores de 2,76% e 1,51%, respectivamente. Chama a atenção o aumento das letalidades sofridos pelas drogas de abuso, que passa de 0,54% em 2002 para 1,26% em 2003 e pelos agentes tóxicos desconhecidos, que passam de 0,77% para 1,51% (Tabela 3).

As principais demandas de solicitação de informação, no ano 2003, estão relacionadas com medicamentos (19,8%) e com animais peçonhentos (17,2%) (Tabela 4).
Os agentes tóxicos que mais causaram intoxicações em animais foram os raticidas, agrotóxicos de uso doméstico, produtos veterinários e agrotóxicos de uso agrícola (Tabela 4).

Em 2003 os principais agentes tóxicos que vêm causando intoxicações em seres humanos em nosso país foram os medicamentos (28,2%), os animais peçonhentos (24,1%) e os domissanitários (8,2%) (Tabela 5). Este comportamento vem se apresentando desde 1996.

Dentre os 19.937 envenenamentos por animais peçonhentos, os escorpiões contribuíram com 6.752 (33,9%), as serpentes com 6.266 (31,4%), as aranhas com 3.737 (18,7%) e os demais animais peçonhentos com 3.182 (16,0%) (Tabela 5). Este perfil difere dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) referente aos Acidentes por Animais Peçonhentos registrados para o ano de 2003, que apresenta 27.579 acidentes por serpentes (35,4%), 24.159 por escorpiões (31,0%), 17.512 por aranhas (22,5%), 6.388 por outros animais peçonhentos/venenosos (8,2%) e 2.307 por animais peçonhentos/venenosos ignorados (3,0%).

A principal circunstância é o acidente (classificado a partir de 1999 em individual, coletivo e ambiental), responsável por 57,7% do total de casos registrados, seguido da tentativa de suicídio com 20,3% e da ocupacional com 6,7%, comportamento que vem se mantendo desde 1985. Para os medicamentos, agrotóxicos de uso agrícola, raticidas e drogas de abuso a tentativa de suicídio apresenta a maior participação percentual, ficando a frente do acidente (Tabela 6).

Dos 47.708 casos de intoxicação acidental, 16.719 casos (35,0%) referem-se aos animais peçonhentos, 8.444 (17,7%) aos medicamentos, 5.531 (11,6%) aos domissanitários, 4.241 (8,9%) aos animais não peçonhentos e 3.157 (6,6%) aos produtos químicos industriais, totalizando estes cinco agentes tóxicos 79,8% das intoxicações acidentais registradas no país (Tabela 6).

Do total de 16.826 casos de intoxicação atribuídos às tentativas de suicídio, 9.489 casos (56,4%) estão relacionados aos medicamentos, 2.455 (14,6%) aos raticidas e 2.185 (13,0%) aos agrotóxicos de uso agrícola, mostrando que 84,0% do total das tentativas de suicídio são causados por estes três agentes tóxicos (Tabela 6).

Dos 5.570 casos de intoxicação atribuídos à circunstância ocupacional, 1.764 (31,7%) por animais peçonhentos, 1.748 (31,4%) foram causados por agrotóxicos de uso agrícola e 640 (11,5%) por produtos químicos industriais, mostrando que 74,5% das intoxicações ocupacionais são causadas por estes três agentes tóxicos (Tabela 6).

Quanto às faixas etárias mais acometidas, destacam-se as crianças menores de 5 anos com 24,7% do total de casos, os adultos de 20 a 29 anos com 18,0%, os de 30 a 39 anos com 12,9%, os de 40 a 49 anos com 10,0% e os jovens de 15 a 19 anos com 9,4% (Tabela 7).

Quanto aos principais agentes tóxicos que causam intoxicações em crianças menores de 5 anos, destacam-se os medicamentos (38,3%), os domissanitários (18,0%) e os produtos químicos industriais (8,7%). Para os adultos de 20 a 29 anos, destacam-se os medicamentos (28,0%), os animais peçonhentos (24,8%) e os agrotóxicos de uso agrícola (9,3%). Já para adultos de 30 a 39 anos destacam-se os animais peçonhentos (29,9%), os medicamentos (23,9%) e os agrotóxicos de uso agrícola (10,6%). Para os adultos de 40 a 49 anos destacam-se os animais peçonhentos (32,9%), os medicamentos (21,2%) e os agrotóxicos de uso agrícola (10,8%). Para os jovens de 15 a 19 anos destacam-se os medicamentos (30,7%), os animais peçonhentos (23,2%) e as drogas de abuso (8,2%) (Tabela 7).

Os casos de intoxicação por medicamentos, agrotóxicos de uso doméstico, raticidas, domissanitários, alimentos e envenenamento por escorpiões são mais freqüentes no sexo feminino (Tabela 8).

Apenas os casos de envenenamento por serpentes ocorrem com maior freqüência na zona rural (Tabela 9).

O número de casos com evolução ignorada para o país como um todo (21,9%) é bastante expressivo (Tabela 10). Entretanto, verificam-se diferenças marcantes entre as Regiões. A Região Nordeste contabilizou 5,5% dos casos com evolução ignorada (Tabela 08), seguida pelas regiões, Centro-Oeste com 7,5% (Tabela 08), Sul com 8,4% (Tabela 08), Norte com 23,2% (Tabela 08) e Sudeste com 39,83% (Tabela 09).

Dentre os casos com evolução ignorada, destacam-se os ocorridos com medicamentos (5.840), domissanitários (2.162), agrotóxicos de uso agrícola (1.828) e raticidas (1.320) (Tabela 10).

Dos 530 óbitos registrados, os principais agentes tóxicos envolvidos foram os agrotóxicos de uso agrícola (30,9%), os medicamentos (24,2%), os animais peçonhentos (9,4%) e os raticidas (8,9%), respondendo juntos por 73,4% do total de óbitos registrados no país (Tabela 11).

O suicídio respondeu por 54,9% dos óbitos, seguido do acidente com 19,4%, somando juntas, estas duas circunstâncias, 74,3% dos óbitos (Tabela 11).

A faixa etária produtiva de 20 a 59, com 339 óbitos, respondeu por 64,0% do total dos óbitos. Crianças menores de 5 anos e jovens de 15 a 19 anos com 44 e 28 óbitos contribuíram com 8,3% e 5,3% do total de óbitos, respectivamente. A estes três grupos etários foram atribuídos 411 óbitos, ou seja, 77,5% do total dos óbitos registrados no ano 2002 (Tabela 12).

Para o sexo masculino destacam-se os agrotóxicos de uso agrícola com 120 óbitos, os medicamentos com 54 óbitos e os animais peçonhentos com 33 óbitos. Para o sexo feminino destacam-se os medicamentos com 72 óbitos, os agrotóxicos de uso agrícola com 43 óbitos e os raticidas com 25 óbitos (Tabela 13).

O conjunto de 75 tabelas, apresentadas em nível nacional e por região, permitirá ao leitor realizar estudos mais específicos e comparativos das intoxicações e envenenamentos que acometem a população brasileira.

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