Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX

Uma Breve Análise

No ano 2004, foram registrados 81.828 casos de intoxicação humana por 28 dos 34 Centros de Informação e Assistência Toxicológica em atividade no país (Tabela 1). Para efeito de comparação, em 2001 foram registrados 75.293 casos de intoxicação humana por 25 dos 31 Centros em atividade no país naquele ano, em 2002 foram registrados 75.212 casos de intoxicação humana por 25 dos 33 Centros em atividade no país naquele ano e em 2003 foram registrados 82.716 casos de intoxicação humana por 29 dos 33 Centros em atividade no país naquele ano, o que representam para os anos de 2001, 2002, 2003 e 2004 participações dos Centros nas estatísticas de 80,6%, 75,8%, 87,9% e 82,4%, respectivamente.

A Região Sudeste, com maior número de Centros (16), registrou 44,7% dos casos de intoxicação humana, seguida pelas Regiões Sul (32,2%), Nordeste (10,9%), Centro-Oeste (10,7%) e Norte (1,6%) (Tabela 1).

O Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT/RS), como vem ocorrendo ao longo dos anos, apresentou a maior participação percentual, 19,1% do total de casos de intoxicação humana registrados no país, seguido pelo Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI/SP) com 12,3% (Tabela 1).

O registro de intoxicação animal foi realizado por 17 dos 28 Centros que participaram da estatística referente ao ano 2004. Do total de 1.577 casos de intoxicação animal, 1.026 (65,1%) são provenientes da Região Sul, sendo 716 (45,4%) registrados pelo Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (Tabela 1).

Quanto às solicitações de informação, foram registradas no país 18.804, sendo as Regiões Sudeste e Sul responsáveis por 48,6% e 47,1% desse total, respectivamente. Chama a atenção o fato do Centro de Informações Toxicológicas de Curitiba apresentar duas vezes mais solicitações de informação do que casos e o Serviço de Toxicologia de Minas Gerais apresentar um pouco mais de solicitações de informações do que casos, dado que para os demais Centros esse comportamento é exatamente o oposto, ou seja, mais casos do que solicitações de informação (Tabela 1).

No ano 2004, foram registrados 404 óbitos, o que gerou uma letalidade de 0,49% para o país como um todo. A Região Sudeste registrou o maior número de óbitos, 130 (32,2%), mas não a maior letalidade, que foi de 1,08% referente à Região Centro-Oeste. A menor letalidade foi registrada pelas Regiões Sudeste e Sul, 0,36% (Tabela 2). Para efeito de comparação, no ano 2003 as letalidades observadas foram maiores para o país como um todo (0,64%) e para as Regiões Nordeste (1,09%), Sudeste (0,43%), Sul (0,48%) e Centro-Oeste (1,37%), sendo inferior apenas para a Região Norte (0,77%).

As quatro maiores letalidades para o país como um todo foram geradas por agrotóxicos de uso agrícola, drogas de abuso, agentes tóxicos desconhecidos e raticidas com valores de 2,61%, 1,16%, 1,00% e 0,99%, respectivamente (Tabela 3).

As principais demandas de solicitação de informação, no ano 2004, estão relacionadas com animais peçonhentos (19,7%) e com medicamentos (18,8%) (Tabela 4).

Os agentes tóxicos que mais causaram intoxicações em animais foram os raticidas (15,2%), agrotóxicos de uso agrícola (14,0%), agrotóxicos de uso doméstico (11,4%) e medicamentos (11,3%) (Tabela 4).

Em 2004 os principais agentes tóxicos que causaram intoxicações em seres humanos em nosso país foram os medicamentos (29,0%), os animais peçonhentos (24,8%) e os domissanitários (7,8%) (Tabela 5). Este comportamento vem se apresentando desde 1996.

Dentre os 20.259 envenenamentos por animais peçonhentos, os escorpiões contribuíram com 7.213 (35,6%), as serpentes com 5.165 (25,5%), as aranhas com 3.840 (19,0%) e os demais animais peçonhentos com 4.041 (19,9%) (Tabela 5). Este perfil é próximo ao apresentado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) referente aos Acidentes por Animais Peçonhentos registrados para o ano de 2004, em que do total de 86.728 casos registrados por esse sistema, 30.428 foram causados por escorpiões (35,1%), 27.501 por serpentes (31,7%), 18.046 por aranhas (20,8%), 7.888 por outros animais peçonhentos/venenosos (9,1%) e 2.865 por animais peçonhentos/venenosos ignorados (3,3%). É importante salientar que o SINAN só apresentou maior percentual de casos causados por escorpiões em detrimento a serpentes a partir do ano de 2004.

A principal circunstância é o acidente (classificado a partir de 1999 em individual, coletivo e ambiental), responsável por 55,5% do total de casos registrados, seguido da tentativa de suicídio com 20,7% e da ocupacional com 7,4%, comportamento que vem se mantendo desde 1985. Para os medicamentos, agrotóxicos de uso agrícola, raticidas e drogas de abuso a tentativa de suicídio apresenta a maior participação percentual, ficando a frente do acidente (Tabela 6).

Dos 45.387 casos de intoxicação acidental, 16.196 casos (35,7%) referem-se aos animais peçonhentos, 8.130 (17,9%) aos medicamentos, 5.275 (11,6%) aos domissanitários, 4.361 (9,6%) aos animais não peçonhentos e 2.954 (6,5%) aos produtos químicos industriais, totalizando estes cinco agentes tóxicos 81,3% das intoxicações acidentais registradas no país (Tabela 6).

Do total de 16.944 casos de intoxicação atribuídos às tentativas de suicídio, 10.271 casos (60,6%) estão relacionados aos medicamentos, 2.443 (14,4%) aos agrotóxicos de uso agrícola e 1.978 aos raticidas (11,7%), mostrando que 86,7% do total das tentativas de suicídio são causados por estes três agentes tóxicos (Tabela 6).

Dos 6.031 casos de intoxicação atribuídos à circunstância ocupacional, 2.123 (35,2%) foram causados por animais peçonhentos, 1.744 (28,9%) por agrotóxicos de uso agrícola e 914 (15,2%) por produtos químicos industriais, mostrando que 79,3% das intoxicações ocupacionais são causadas por estes três agentes tóxicos (Tabela 6).

Quanto às faixas etárias mais acometidas, destacam-se as crianças menores de 5 anos com 23,8% do total de casos, os adultos de 20 a 29 anos com 18,2%, os de 30 a 39 anos com 13,1%, os de 40 a 49 anos com 10,3% e os jovens de 15 a 19 anos com 8,8% (Tabela 7).

Quanto aos principais agentes tóxicos que causam intoxicações em crianças menores de 5 anos, destacam-se os medicamentos (38,6%), os domissanitários (18,0%) e os produtos químicos industriais (8,3%). Para os adultos de 20 a 29 anos, destacam-se os medicamentos (29,3%), os animais peçonhentos (24,6%) e os agrotóxicos de uso agrícola (9,0%). Já para adultos de 30 a 39 anos destacam-se os animais peçonhentos (30,2%), os medicamentos (25,0%) e os agrotóxicos de uso agrícola (10,7%). Para os adultos de 40 a 49 anos destacam-se os animais peçonhentos (34,7%), os medicamentos (21,1%) e os agrotóxicos de uso agrícola (10,8%). Para os jovens de 15 a 19 anos destacam-se os medicamentos (35,2%), os animais peçonhentos (23,4%) e os agrotóxicos de uso agrícola (7,5%) (Tabela 7).

Os casos de intoxicação por medicamentos, agrotóxicos de uso doméstico, raticidas, cosméticos, alimentos e envenenamento por escorpiões são mais freqüentes no sexo feminino (Tabela 8).

Apenas os casos de envenenamento por serpentes ocorrem com maior freqüência na zona rural (Tabela 9).

O número de casos com evolução ignorada para o país como um todo (20,6%) é bastante expressivo (Tabela 10 – Brasil). Entretanto, verificam-se diferenças marcantes entre as Regiões. A Região Nordeste contabilizou 1,6% dos casos com evolução ignorada (Tabela 8 – Nordeste), seguida pelas regiões, Centro-Oeste com 8,9% (Tabela 9 – Centro-Oeste), Sul com 9,4% (Tabela 8 – Sul), Norte com 16,4% (Tabela 8 – Norte) e Sudeste com 36,2% (Tabela 9 – Sudeste).

Dentre os casos com evolução ignorada, destacam-se os ocorridos com medicamentos (5.729), domissanitários (1.889), agrotóxicos de uso agrícola (1.692), animais peçonhentos (1.395), produtos químicos industriais (1.200) e raticidas (1.193) (Tabela 10).

Dos 404 óbitos registrados, os principais agentes tóxicos envolvidos foram os agrotóxicos de uso agrícola (38,4%), os medicamentos (18,3%), os raticidas (8,7%), as drogas de abuso (8,2%) e os animais peçonhentos (5,9%), respondendo juntos por 79,5% do total de óbitos registrados no país (Tabela 11).

O suicídio respondeu por 58,4% dos óbitos, seguido do acidente com 13,6%, somando juntas, estas duas circunstâncias, 72,0% dos óbitos (Tabela 11).

A faixa etária produtiva de 20 a 59, com 270 óbitos, respondeu por 66,8% do total dos óbitos. Jovens de 15 a 19 anos e crianças menores de 5 anos com 28 e 21 óbitos contribuíram com 6,9% e 5,2% do total de óbitos, respectivamente. A estes três grupos etários foram atribuídos 319 óbitos, ou seja, 79,0% do total dos óbitos registrados no ano de 2004 (Tabela 12).

Para o sexo masculino destacam-se os agrotóxicos de uso agrícola com 108 óbitos, as drogas de abuso com 27 óbitos e os medicamentos com 25 óbitos. Para o sexo feminino destacam-se os medicamentos com 49 óbitos, os agrotóxicos de uso agrícola com 47 óbitos e os raticidas com 17 óbitos (Tabela 13).

O conjunto de 75 tabelas, apresentadas em nível nacional e por região, permitirá ao leitor realizar estudos mais específicos e comparativos das intoxicações e envenenamentos que acometem a população brasileira.

 

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