LER/DORT


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Pouco conhecida no Brasil até os anos 70, as LER - Lesões por Esforço Repetitivo, são doenças do trabalho provocadas pelo uso inadequado e excessivo do sistema que agrupa ossos, nervos, músculos e tendões. Alguns especialistas e entidades preferem atualmente denominar essas doenças por DORT - Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho. Atingem principalmente os membros superiores (mãos, punhos, braços, antebraços, ombros e coluna cervical), mas apesar disso, podem afetar o homem como um todo.

As LER podem atingir qualquer ramo de atividade, desde que as funções e postos de trabalho exponham os trabalhadores a esforços repetitivos. Entre os tipos de LER, estão a tendinite (inflamação dos tendões), a bursite (inflamação das bursas, pequenas bolsas que se situam entre os ossos e os tendões das articulações dos ombros) e a miosites (inflamação dos músculos).

A doença se apresenta no início como um cansaço no membro afetado. Surgem dor, formigamento, fisgadas, choques, edema, rubor, calor localizado, crepitações, dormência e perda de força muscular. O quadro tende a piorar no final da jornada de trabalho, nos momentos de trabalho intenso, sem pausa e nas horas extras. Os sintomas costumam melhorar com o repouso, mas se as atividades repetitivas continuarem, a dor persiste por muitas horas após o término do trabalho. As limitações causadas pelas LER na vida cotidiana podem levar a vários distúrbios e transtornos emocionais.

O surgimento das LER, nos dias atuais está diretamente relacionado com o modo com que o trabalho é organizado na sociedade moderna. A preocupação com os lucros, faz com que empregadores só pensem na redução de custos, redução de emprego e aumento da produtividade e esquecem dos danos que esse novo modelo de organização pode causar na saúde de quem trabalha.

Além do trabalho repetitivo em si, os maiores fatores de risco das LER são o trabalho automatizado, a manutenção de um ritmo acelerado no trabalho, ausência de pausas durante o horário de trabalho, trabalho rigidamente hierarquizado sob pressão da chefia, jornadas de trabalho prolongadas, trabalho realizado em ambientes frios, ruidosos e mal ventilados, sobrecarga de trabalho e mobiliário inadequado que obriga o trabalhador a manter a postura incorreta.

As LER, possuem quatro estágios de evolução. No primeiro grau das lesões, o trabalhador sente leve dor, sensação de peso e desconforto no membro afetado. No segundo, as dores são mais persistentes e intensas, mas ainda toleráveis. Surgem formigamentos e calores locais, além de leves distúrbios de sensibilidade e também por vezes pequena nodulação e dor ao apalpar o músculo envolvido. No terceiro grau, a dor é ainda pior e não passa, apenas é atenuada com repouso. Nesse estágio, há perda sensível de força muscular e os sinais clínicos aparecem. O local se encontra freqüentemente inchado e a palpação causa muita dor. Na quarta e última fase, o dor é muito intensa e por vezes insuportável. O membro afetado dói até quando imobilizado, o inchaço é persistente e podem aparecer deformidades. É comum o surgimento de atrofias. As atividades do cotidiano ficam prejudicadas e há muitas vezes alterações psicológicas, com quadros de depressão, angústia e ansiedade.

A prevenção da LER depende do respeito com os limites do trabalhador. Entre outras coisas é preciso que se controle o ritmo de trabalho, se aumente o número de pausas durante o jornada de trabalho, para que os músculos e tendões descansem e se mantenha o ambiente em condições agradáveis e adequados para o conforto do trabalhador.

Se forem diagnosticadas logo no início, as LER podem ser controladas com tratamento adequado.

O tratamento mais eficaz, importante e obrigatório é o afastamento do trabalho. Além desse, também é comum utilizar de medidas como a imobilização do membro afetado, antiinflamatórios, cirurgia em casos especiais e medicamentos contra dor.

A NR-17 e a NR-9 estabelecem parâmetros que garantem a segurança e o cumprimento dor direitos do trabalhador. A primeira trata das condições de trabalho e ergonomia, e a seguinte do mapeamento de risco - PPRA, que permitem ao trabalhador conhecer os riscos aos quais ele está exposto e em ação conjunta com os profissionais de Medicina e Segurança do Trabalho transformar o ambiente de trabalho em um local mais seguro e agradável.




    Referências Bibliográficas:

Apostila do componente curricular Medicina do Trabalho. Tema: LER/DORT. Professor Élcio Fernandes. Escola Técnica Estadual Santa Cruz. 2002

Apostila do componente curricular Medicina do Trabalho. Tema: Medicina Ocupacional. Professor Élcio Fernandes. Escola Técnica Estadual Santa Cruz. 2002.