A Revista Brazileira (1879-1881) e os debates sobre ciência, língua, literatura e educação

Tese (Doutorado) - 2002

Autor: Elizabeth Menezes Teixeira Leher

Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo

Resumo

Este estudo analisa a Revista Brazileira, editada no Rio de Janeiro, em finais do século XIX, período de profundos contrastes da sociedade, no qual o questionamento do regime escravocrata era central. A proposta da Revista era pensar o país, ilustrar o povo brasileiro e indicar caminhos para o desenvolvimento nacional. Muitos de seus escritores atuaram no ambiente intelectual da chamada "Geração de 1870", grupo com inserção na vida política e intelectual do país, que divulgou novas doutrinas filosóficas e novos modelos literários. O periódico veiculou temas que, acreditavam os autores, eram cruciais para avaliar o país: abordaram a ciência (apontando a urgência do desenvolvimento científico), a língua e a literatura (como elementos para firmar a brasilidade da cultura) e a educação. Esses temas foram examinados a partir da crítica ao universalismo (excludente e discriminatório), inclusive da questão da etnia (com crítica às abordagens filosóficas vigentes). Esses autores forjaram um entendimento polissêmico de que o país precisaria mudar e a educação teria papel fundamental na construção desse novo país: apontaram o papel a ser desempenhado por ela, divulgaram idéias pedagógicas, discutiram o ensino e, particularmente, a humanidade dos que estavam do lado de fora da fronteira que separava humanos e não-humanos. Ao estabelecer nexos entre questões científicas, literárias e educacionais presentes na Revista, o estudo coloca em relevo o importante debate educacional que vibrava nas páginas dos novos periódicos, entre os quais a Revista Brazileira que, por suas características editoriais e, fundamentalmente, por seu corpo de colaboradores, assume uma importância diferenciada na batalha das idéias educacionais.