Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz

A Revista Brasileira: vulgarização científica e construção da identidade nacional na passagem da Monarquia para a República

Artigo

Autor: Moema de Rezende Vergara

Resumo

No final do século XIX, tanto na Europa como nos Estados Unidos, observa-se um diapasão de publicações destinadas a vulgarizar o conhecimento científico. Procurando entender como a vulgarização científica se fazia entre nós, a autora encontrou a Revista Brasileira, que não correspondia exatamente ao modelo europeu de vulgarização, mas que tinha um conjunto de características que nos permitia estudar o problema da comunicação científica no Brasil. O recorte temporal da tese foi de 1870 a 1900, pois foi neste momento que no Brasil se acelera o processo de modernização, que pode ser verificado, entre outros fatores, na profissionalização de nossa comunidade científica. Neste período também assistíamos o fim da Monarquia e o início da República em que a questão da formação da nacionalidade estava na ordem do dia. Testemunha de todos estes processos, a Revista Brasileira ganha grande relevância, pois tem como um de seus principais objetivos a promoção de aspectos da vida intelectual brasileira, incluindo a ciência, as artes e a literatura. O público desta revista é o leitor esclarecido, elite econômica e intelectual que consome artigos de ciência juntamente com os de literatura para sua formação no sentido de bildung, que o diferenciava de outras coleções européias que, por se destinarem a ilustrar o homem do povo, também tinham um caráter pragmático. Já o leitor da Revista Brasileira, por conta de sua posição como elite social, tinha a possibilidade de apoiar e legitimar a atividade científica nacional, o que a tornava atraente para as instituições de científicas brasileiras. Grande parte dos artigos de vulgarização publicados na Revista Brasileira foram assinados pelos principais cientistas do final do século XIX no Brasil, como por João Baptista de Lacerda, Luís Cruls, Louis Couty, Emilio Goeldi e Orville Derby. E, por ser uma realização da elite brasileira, esta iniciativa de vulgarização científica espelha uma de suas características mais marcantes: a reflexão sobre a nação não passava pela participação política, ou seja, os vulgarizadores e os cientistas não pensavam em instruir o povo para favorecer uma melhor atividade na esfera política. A ciência não era pensada como uma forma de preparação do cidadão. Assim, o povo surge nas páginas da Revista Brasileira não como corpo político, mas como objeto da ciência.

Clique aqui para baixar o arquivo completo em PDF.

 

Referência:

VERGARA, Moema de Rezende. A Revista Brasileira: vulgarização científica e construção da identidade nacional na passagem da Monarquia para a República. Revista da SBHC, v. 2, n. 1, p. 163-167, 2003.


Versão para impressão: