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Revista Brazileira – Jornal de Sciencias, Letras e Artes

Em 1857, a revista Guanabara muda de nome e de orientação, passando a se chamar Revista Brazileira - Jornal de Sciencias, Letras e Artes, com circulação trimestral.

Seu diretor era Candido Baptista de Oliveira, presidente da “Palestra Científica”, uma espécie de academia científica fundada por professores da Escola Militar com o objetivo de estudar as ciências físicas e matemáticas e sua aplicação no Brasil. Atas e trabalhos desta Sociedade eram divulgados na revista.

A publicação incluía textos elaborados pela própria equipe e transcrições de artigos reproduzidos de publicações nacionais e estrangeiras. Os mais ativos colaboradores eram Giacomo Raja Gabaglia, Guilherme Schüch de Capanema, Francisco e Manoel Freire Alemão, Emmanuel Liais, F.L.C. Burlamaque, J. Norberto e Fernandes Pinheiro.

A aplicação prática da ciência era também foco da Revista Brazileira, como informava a primeira edição: “(...) além das ciências puramente especulativas, ou de publicações literárias de mero gosto, farão regularmente objeto da Revista quaisquer conhecimentos de utilidade prática: compreendendo-se especialmente nesta categoria o estudo comparativo de importantes fatos históricos de qualquer ordem, nacionais e estrangeiros; e das matérias econômicas, industriais e financeiras, com particular aplicação ao Brasil".

Levantamento realizado pela jornalista e pesquisadora Luisa Massarani na primeira fase da revista aponta que, do total de 103 matérias publicadas, distribuídas em 10 volumes, 21 (20%) eram de divulgação científica, ocupando o terceiro lugar no ranking de seções mais publicadas, perdendo para artigos científicos ou técnicos (30%) e relatórios ou documentos (22%). Na retaguarda estavam ensaios, poesias, crônicas e assuntos literários (16%) e notícias curtas científicas e artísticas (13%).

A revista também publicou diversos artigos de química, em especial sobre minerais analisados no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. É interessante destacar o texto “O estado atual da química”, em que o autor, desconhecido, faz, em quarenta páginas, um relato sobre o desenvolvimento das químicas inorgânica e orgânica no mundo, com detalhado resumo histórico.

Em artigo intitulado “Os estudos experimentais no Brasil”, o biólogo francês Louis Couty, professor (lente) de biologia aplicada na Escola Politécnica, chama a atenção para a necessidade de se fundar "laboratórios e centros de experiência largamente providos de todos os meios de pesquisa e instrumentos de investigação” e critica a imprensa que, segundo o autor, "limita-se a vulgarizar as descobertas científicas da Europa, sem se ocupar suficientemente dos problemas do Brasil".

Fontes:

MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

SANTOS, Nadja P e ALENCASTRO, R Bicca de: Pinto, Ângelo da C. “Jornais científicos brasileiros do século XIX (1813-1889) - Publicações na área da química”. Química Nova. (Submetido)


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