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Fundação Oswaldo Cruz

Ética e mídia: os periódicos de divulgação cientifica brasileiros e seus discursos sobre ética da ciência

Dissertação (Mestrado) - 2005

Autor: Valeria Trigueiro Santos Adinolfi

Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas

Resumo

A ciência participa cada vez mais do cotidiano humano ao mesmo tempo em que se torna mais hermética e distante, exercendo importante função social e econômica. As relações entre ciência e sociedade têm sido nas três últimas décadas profundamente marcadas pela multidisciplinaridade, especificidade e aplicabilidade. Esse aumento da esfera de influência da ciência na vida quotidiana tem trazido conseqüências diversas áreas, da geração de energia à saúde, com impacto social e ambiental tanto positivo quanto negativo, o que tem gerado controvérsias e debates. A sociedade tem discutido a relação desenvolvimento científico versus desenvolvimento humano e a ética do fazer científico. Numa sociedade da informação, a imprensa de divulgação científica tem sido palco dessas discussões. Mais que espaço de informação e debate, a atividade de divulgação científica é um canal de educação informal, atingindo um público mais amplo que os bancos escolares. Nesse cenário de inovação e debates a bioética surgiu como uma possível instância de discussão e resposta a esses questionamentos, e a mídia de divulgação científica tem sido importante canal de discussão sobre a ética da ciência e a bioética, inclusive no Brasil. Considerando a importância da atividade de divulgação científica enquanto instância de educação informal, entendemos ser importante estudar a forma como se dá no contexto brasileiro esse processo educativo e de discussão dos temas éticos. No presente trabalho buscamos estudar o discurso sobre ciência, ética e bioética da imprensa brasileira de divulgação científica. Para isso analisamos reportagens das revistas especializadas Galileu e Superinteressante de 2001 tendo como referencial teórico a Análise do Discurso Francesa. Os resultados do estudo empreendido indicam uma tendência prevista por Authier-Revuz: a encenação da participação no processo comunicativo que afasta o leitor de uma participação efetiva no debate científico, silenciando o discurso político e preservando a ciência como instância decisória em questões éticas.


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