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Fundação Oswaldo Cruz

Educação não formal e informal em ciência e tecnologia: divulgação científica e formação de opinião sobre reprodução assistida e seus desdobramentos na Folha de São Paulo

Dissertação (Mestrado) - 2008
 
Autor: Clecí Körbes

Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Paraná

Resumo:

Esta dissertação avalia as características da divulgação científica e da educação informal em ciência e tecnologia desenvolvidas pelo Jornal Folha de S. Paulo no ano 2005. Os tópicos específicos analisados são as tecnologias reprodutivas e o uso de embriões excedentes da fertilização in vitro para pesquisa. O ano 2005 é de particular relevância devido à aprovação de dois marcos legais polêmicos: a Nova Política de Direitos Sexuais e Reprodutivos, que trata da implantação de centros de reprodução humana assistida nas capitais brasileiras e a Lei de Biossegurança, em especial o seu artigo 5º, que se refere à liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias humanas excedentes de fertilização in vitro. O conteúdo da informação sobre reprodução assistida e pesquisas com embriões humanos que chega ao público através do jornal é examinado com base em quatro eixos analíticos: a) direitos à constituição de família e de acesso às tecnologias reprodutivas; b) perspectiva de gênero ao tratar da maternidade, paternidade e família; c) interesses científicos, empresariais, governamentais e outros envolvidos; e d) implicações sociais, éticas e riscos das tecnologias reprodutivas e da pesquisa com embriões humanos. A dissertação conclui que o jornal Folha de S. Paulo tende a incorporar elementos do modelo democrático de divulgação científica, que estimula o desenvolvimento da cidadania através da discussão pública do desenvolvimento científico-tecnológico. Entretanto, continuam presentes com bastante força traços do modelo de déficit, que reforçam o distanciamento entre cientistas e leigos. A pesquisa também constatou uma tensão entre a crescente profissionalização da divulgação científica desenvolvida pelo jornal, enquanto campo de educação não-formal, e a tradicional educação informal desenvolvida pelos meios de comunicação de massas. No contexto de uma forte controvérsia sobre o uso de embriões para pesquisa, esse último enfoque serviu para promover nos leitores do jornal a visão de mundo progressista dos cientistas frente a posições conservadoras.


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