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Fundação Oswaldo Cruz

Memória e representações femininas no periódico A Mãi de Família (1879-1888)

Dissertação (Mestrado): 2008

Autor: Cynthia Fevereiro Turack

Programa de Pós-graduação em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Resumo:

Esta dissertação aborda as significações concernentes às mulheres e à maternidade no século XIX no Brasil a partir dos textos produzidos e impressos pelo periódico A Mãi de Familia: Jornal Scientifico, Litterario e Illustrado, publicado no Rio de Janeiro, então capital do Império, de 1879 a 1888. Tendo como pressuposto o fato de que os discursos médicos contribuíram para a construção entre nós de uma memória discursiva (ORLANDI, 2005) a respeito das mulheres e da maternidade, esta pesquisa tem como objetivo analisar o discurso médico e higiênico presente nas seções Palestra do Médico, A Educação da Mulher e Variedade, que estão inseridas no periódico supracitado. Nossa abordagem teórica se alinha aos princípios da Análise de Discurso de tradição francesa. Por considerarmos o discurso enquanto acontecimento, buscamos compreender sob que condições de produção semelhante discurso foi enunciado. Fizemos também uso da noção de formação ideológica (PÊCHEUX, 1997), identificando em nosso corpus a predominância de uma formação ideológica científica e de uma formação ideológica religiosa. O percurso analítico que empreendemos sinalizou no jornal a presença de um comportamento feminino contrário à memória social tradicionalmente estabelecida para as mulheres daquela época: passeando pela rua do Ouvidor ou divertindo-se em salões e bailes de uma cidade que se queria francesa, as mulheres abastadas do Rio de Janeiro “se liberam” de suas responsabilidades maternais – ainda que por intermédio do trabalho de outras mulheres, as escravas. Ao tentar reconduzir as mulheres das elites a seu papel de mães, o discurso do jornal se utiliza de uma argumentação que afirma a divisão social das funções femininas e masculinas como um fenômeno natural e biologicamente determinado. Conseqüentemente, a compreensão dos sentidos da maternidade propagados pelo jornal passa necessariamente pela categoria de gênero (SCOTT, 1996).


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