Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz

Análise das demandas e perspectivas de alunos de pós-graduação sobre o campo da comunicação em saúde

Dissertação (Mestrado) - 2007

Autor: Fernanda Egger Barbosa

Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde, Fundação Oswaldo Cruz

Resumo

O campo da Comunicação em Saúde e sua complexidade para as práticas em benefício da sociedade têm atraído profissionais que atuam em pesquisa, saúde pública, educação, informação e divulgação científica. A presente dissertação analisa as demandas, perspectivas e representações de alunos de pós-graduação que cursaram uma disciplina de Comunicação em Saúde na Fundação Oswaldo Cruz, RJ. Nosso objetivo foi buscar uma avaliação destes profissionais sobre as suas concepções e práticas no campo, tendo em vista a passagem pela disciplina como propiciadora de reflexões em comunicação e saúde, e os resultados que estas reflexões produziram, identificando dificuldades, obstáculos e estratégias de atuação em seu trabalho cotidiano. A metodologia utilizada está em consonância com a pesquisa social (Minayo, 1999) e avaliativa (Hartz, 1997). Para a coleta dos dados utilizamos 41 questionários aplicados na disciplina “Comunicação e Saúde” nos anos de 2004 e 2006, e 09 entrevistas semi-estruturadas realizadas com alunos que cursaram a disciplina nos anos de 1999 a 2004. Para as entrevistas destacamos que a escolha dos participantes se deu pela sua atual inserção profissional no campo da comunicação e saúde. Dados adicionais foram obtidos com base nos documentos da referida disciplina. Nossa hipótese era a de que as concepções e demandas estariam fortemente relacionadas à veiculação de mensagens informativas impressas, baseadas em modelo linear e mecanicista da comunicação, realizadas sem parcerias com outros profissionais e sem pesquisas prévias ou participação dos públicos a quem tais mensagens pretendem beneficiar. Nossos resultados apontaram que, apesar desta vertente ainda prevalecer (42% das respostas), cuja intenção no campo da saúde, se formaliza no mero repasse de informação, uma outra linha de racionalidade, mais crítica ao processo de construção e utilização das mensagens impressas, também esteve presente no nosso grupo estudado (34 % dos respondentes apresentaram uma concepção dialógica da comunicação). Os resultados mostraram que os alunos perceberam a passagem pela disciplina de Comunicação e Saúde como diferencial na sua formação, relacionados principalmente: ao oferecimento de um espaço de vivência e reflexões coletivas e incorporação de uma concepção mais democrática sobre o campo, e uma concepção de comunicação como um processo e um campo filosófico, bem como uma visão crítica à produção excessiva de materiais. A comunicação começa a ser definida como interlocução, como a possibilidade de construção de vínculos com a comunidade. Finalmente, na análise das entrevistas, verificou-se uma cisão entre as concepções sobre o campo da Comunicação e Saúde e a implementação de práticas diferenciadas no cotidiano de trabalho desses profissionais. Dentre os obstáculos para implementar os conhecimentos foram referidos: excesso de tarefas exigidas ao profissional, os prazos para realizá-las, as demandas de produção, falta de interação entre disciplinas e equipes e as normas institucionais. Destacam-se as dificuldades geradas por imposições institucionais burocráticas das instituições onde esses profissionais trabalhavam, vistas como distanciadas das realidades locais.


Versão para impressão: