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Fundação Oswaldo Cruz

Popularização da ciência e as políticas públicas no Brasil (2003-2012)

Tese (Doutorado) - 2014

Autor: José Ribamar Ferreira

Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Biofísica

Resumo

O presente estudo tem como propósito avaliar o comportamento do campo da popularização da ciência no Brasil, em face das políticas públicas de caráter nacional, colocadas em prática no período de 2003 a 2012. Os campos estruturantes foram os da popularização da ciência e o das políticas públicas, que forneceram os aportes teóricos para o desenvolvimento desta pesquisa. As políticas públicas implantadas no período em análise foram objeto de pesquisa documental, na qual se destacaram as políticas regulatórias que levaram à criação do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia e da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Além disso, também foram disponibilizados meios para realização de atividades por parte da sociedade, como os editais dirigidos às diversas áreas da popularização da ciência. Foi efetuada, ainda, uma pesquisa de campo sobre a percepção dos líderes das diversas áreas da popularização da ciência, de todas as regiões do Brasil, sobre este processo e suas visões de futuro para a área em questão. Nesta pesquisa de percepção, foram aplicados questionários semiestruturados online aos profissionais envolvidos com a gestão de instituições, programas e projetos voltados para área em estudo. Os 163 questionários preenchidos (31,35% da população consultada) ofereceram uma mostra estatisticamente significativa da população selecionada. Os dados documentais sobre os editais e sobre as questões de múltipla escolha do questionário foram tratados estatisticamente e as questões abertas foram analisadas através da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. A pesquisa indicou que: houve forte avanço da popularização da ciência em relação à situação anterior; há tendência de crescimento dessa área; existe uma visão positiva em relação ao processo nas Unidades da Federação; em parte, já foi implantada uma “política pública nacional” de popularização da ciência; e, nessa área, o país ainda está muito aquém da realidade de países que estão na vanguarda deste movimento. As desigualdades entre as regiões persistem, apesar de políticas voltadas para sua redução. As percepções presentes nos discursos em geral destacam as políticas implantadas e os avanços, mas apontam também para a necessidade de maior regularidade e previsibilidade no fomento, além de alguns questionamentos ao modelo praticado. Os editais foram distinguidos como importantes fontes de fomento, que caracterizaram uma nova realidade, ainda que apresentassem grande oscilação no atendimento à demanda. A partir dos resultados obtidos, concluímos que a política pública para a popularização da ciência no Brasil é ainda muito recente e necessita de um maior fortalecimento de suas estruturas, de políticas regulatórias e da consolidação de meios oferecidos para o desenvolvimento do campo. Concluímos, após análise dos dados, que a popularização da ciência já entrou na agenda governamental, porém não na dimensão necessária de centralidade política e investimentos que permitam cumprir a importante missão social que é capaz de realizar. A nossa percepção, após esta pesquisa, é que a superação deste patamar somente acontecerá quando a importância da educação não formal for assimilada pela sociedade e pelo Estado, como promotora de cidadania e diálogo das pessoas com a ciência ao longo das suas vidas.

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