Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz

A mobilização da comunidade científica na década de 1920

Pode-se dizer que o embrião da comunidade científica brasileira surgiu nos anos 1920, junto com a tentativa de se criarem condições para a institucionalização da pesquisa no país. Os cientistas que se destacaram por sua atuação na divulgação e educação científica no país, nessa época, eram em sua maioria médicos e engenheiros, muitos de classe média alta.

A criação, em 1916, da Sociedade Brasileira de Ciências (SBC) – que seis anos depois veio a ser a Academia Brasileira de Ciências – buscou centralizar os esforços dos cientistas brasileiros, atuando como instrumento de coesão das agremiações e sociedades especializadas. A idéia era ampliar o contato entre os estudiosos, rompendo com o que Henrique Morize chamava de “compartimentos estanques que no Brasil dificultam o progresso da ciência".

A primeira diretoria da SBC incluía em sua formação alguns dos principais expoentes da divulgação e educação científica, como Henrique Morize (presidente), Edgard Roquette-Pinto (primeiro-secretário) e Manoel Amoroso Costa (segundo-secretário). Os demais membros eram J.C. da Costa Senna e Juliano Moreira (vice-presidentes), Alberto Löfgren (secretário-geral) e Alberto Betim Paes Leme (tesoureiro).

Durante as reuniões da Sociedade, os membros trocavam experiências em suas áreas de atuação e difundiam suas próprias pesquisas. Questões como a oposição entre ciência pura e aplicada e a crítica ao positivismo eram recorrentes naquele período. Na avaliação de Morize, o objetivo principal da entidade era "espalhar a importância da ciência como fator de prosperidade nacional".

Algumas iniciativas resultaram desse primeiro movimento organizado de cientistas e intelectuais da época, como a criação da Rádio Sociedade, em 1923, e da Associação Brasileira de Educação (ABE), em 1924.

Fontes:

MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

Revista da Sociedade Brasileira de Sciencias, ano I, vol. I, n. 1, 1917. p. 9.

ROQUETTE-PINTO, Edgard. Ensaios Brasilianos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, s/d. p. 71.


Versão para impressão: