Durante mais de três décadas dedicadas ao estudo da doença de Chagas no início do século XX, o pesquisador Emmanuel Dias se destacou pelo estudo pioneiro de estratégias de eliminação do vetor, fundamentais para o controle da doença em toda a América Latina, reunindo o mais numeroso acervo de artigos da história do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). No centenário de seu nascimento, o IOC prestou uma homenagem, com a nomeação do Anfiteatro Emmanuel Dias e a inauguração da exposição Doutor Emmanuel Dias, que resgatou a história das contribuições científicas do pesquisador. A comemoração aconteceu em 15 de agosto.
Casa de Oswaldo Cruz (COC / Fiocruz) |
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Em 30 anos dedicados à pesquisa em doença de Chagas, Emmanuel Dias desenvolveu estudos pioneiros na biologia do parasito, na análise da cardiopatia associada à doença e no controle dos insetos vetores |
Casa de Oswaldo Cruz (COC / Fiocruz) |
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Emmanuel Dias teve papel fundamental no combate ao vetor da doença de Chagas no Brasil e na América Latina, com trabalhos pioneiros na utilização de inseticidas contra o barbeiro e na formulação de estratégias de controle do inseto |
Depois de formado, tornou-se pesquisador do IOC e herdou o comando do laboratório que era liderado por Chagas, pouco antes da morte do padrinho. Em 1943 fundou, em Bambuí, Minas Gerais, um centro de estudos do IOC, até hoje em funcionamento, onde também passou a atuar constantemente, como diretor. A partir dessas experiências, ele publicou a maior casuística sobre forma aguda de transmissão vetorial da doença da Chagas no Brasil e, junto com outros pesquisadores do IOC, o mais completo estudo sobre a cardiopatia chagástica realizado até hoje no mundo, além de diversos artigos sobre a biologia, a epidemiologia e o diagnóstico da doença.
O trabalho desenvolvido por Emmanuel Dias também o coloca, ainda hoje, como uma das mais importantes agentes do controle da doença nos países latino-americanos. Em 1947, Emmanuel publicou um de seus mais clássicos e pioneiros trabalhos, sobre o emprego do Gammexane, um inseticida, no controle do principal vetor da doença no Brasil, Triatoma infestans. A partir dessa descoberta, o pesquisador atuou ativamente na divulgação da doença junto a políticos, intelectuais, médicos, sanitaristas e demais profissionais da saúde, visando seu controle e a eliminação de seus vetores.
Casa de Oswaldo Cruz (COC / Fiocruz) |
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Sobrinho de Carlos Chagas e filho do primeiro assistente de Oswaldo Cruz, Emmanuel Dias teve sua carreira sempre ligada ao IOC, foi fundamentalpara a criação do Centro de Estdudos de Bambuí e conviveu com diversos dos pesquisadores mais importantes da história do Instituto |
Integrando as comemorações do Centenário da Descoberta da doença de Chagas, o Centro de Estudos do IOC da próxima sexta-feira, 15 de agosto, marcará o centenário de nascimento do pesquisador Emmanuel Dias. O evento, marcado para as 10h, contará com a presença dos pesquisadores José Rodrigues Coura, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC; e João Carlos Pinto Dias, do Centro de Pesquisas René Rachou, filho de Emmanuel Dias, que apresentarão as palestras Contribuição de Emmanuel Dias ao estudo do Trypanosoma cruzi e da doença de Chagas e seu controle e Emmanuel Dias: Trajetória e encruzilhadas por uma Ciência a serviço da vida, respectivamente.
Gutemberg Brito |
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Através de fotos e documentos históricos, a exposição resgata a trajetória de Emmanuel Dias, suas principais descobertas a as mais importantes parcerias que estabeleceu em sua carreira, com muitos dos maiores pesquisadores da ciência brasileira |
Em seguida, será inaugurada a exposição itinerante Dr. Emmanuel Dias, também relacionada ao ciclo de comemorações do centenário da descoberta da doença de Chagas, no térreo do Pavilhão Arthur Neiva. A mostra reunirá dez painéis que resgatam a trajetória do pesquisador e suas mais importantes contribuições para a ciência brasileira, além de uma bomba para fumigação original, como as utilizadas nas campanhas para eliminação do barbeiro promovidas pelo pesquisador. “Os painéis apresentam reproduções de fotos do acervo da COC e também imagens obtidas junto ao arquivo da família de Emmanuel Dias, que nunca vieram a público”, conta Lisabel Klein, curadora da exposição. Também estarão em exposição a reprodução de documentos, cartas e até um cartaz de uma campanha de erradicação do vetor da doença de Chagas.
Lisabel ressalta a importância de exposições como essa para o resgate e a valorização da história da instituição e de seus pesquisadores. “As imagens retratam a infância de Emmanuel, todas as fases de sua carreira na instituição, seu trabalho no Centro de Estudos de Bambuí e algumas das principais parcerias que estabeleceu ao longo de sua carreira, com outros grandes nomes da ciência brasileira”, explica a curadora. “Resgatar a riqueza de histórias como essa é fundamental para inspirar as novas gerações de pesquisadores e sensibilizá-las para a grandeza e a importância da instituição.”
A exposição contará, ainda, com uma peça histórica: o coração de um paciente chagásico, estudado por Emmanuel Dias na década de 1940. A peça pertence ao acervo da Coleção de Anatomia Patológica do IOC, sob a guarda do Laboratório de Patologia do IOC.
Gutemberg Brito |
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O coração de um paciente morto em decorrência da cardiopatia associada à doença de Chagas, que faz parte da exposição, é o unico exemplar conhecido comprovadamente estudado por Emmanuel Dias. |
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