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Fundação Oswaldo Cruz
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1900 a 1970

O Ensino do IOC entre 1900 e 1970

A criação do Instituto Soroterápico Federal de Manguinhos em 1900 como parte da estratégia de combate às doenças pestilenciais na virada do século, inaugurou a primeira infra-estrutura científico-tecnológica do país e também deu início a uma longa tradição de formação de pesquisadores da área biomédica, hoje representada pelos Programas de Pós-Graduação do Instituto Oswaldo Cruz.

Arquivo COC

Alunos do curso de aplicação realizado na década de 1910 tiveram aulas com o próprio Oswaldo Cruz

O projeto de Oswaldo Cruz previa, desde seu início, a constituição de uma instituição em que a tríade produção-pesquisa-ensino se fizesse presente.

À frente da Diretoria Geral de Saúde Pública, em seu relatório de 1903 ao Ministro, ele defendia que, além de fabricar soros e vacinas, o Instituto deveria realizar todos os estudos científicos e preparar pessoal a quem pudesse ser confiada a missão de salvaguarda da saúde pública.

Assim, mesmo antes de concretizar a idéia de uma escola no Instituto, a participação de alunos da Faculdade de Medicina na vida do antigo Instituto Soroterápico era uma realidade cotidiana e, já em 1901, três desses alunos, Otávio Machado, Mário de Toledo e Oscar Araújo apresentaram teses apoiadas em seus trabalhos desenvolvidos no Instituto.

O primeiro desenvolveu tese sobre a 'Etiologia e Profilaxia da Peste', o segundo sobre 'Crioscopia' e o terceiro sobre impaludismo.

É a partir de 1908, ano em que o Instituto recebeu a denominação de Instituto Oswaldo Cruz, que os alunos egressos da Faculdade de Medicina passam a ter a oportunidade de frequentar o 'curso de Manguinhos', denominado então de Curso de Aplicação.

Arquivo COC

As aulas eram realizadas nos laboratórios, então localizados no Castelo Mourisco, que hoje abriga as unidades administrativas do IOC. Foto de 1950. 

Oswaldo Cruz inspirou-se no Instituto Pasteur para a criação do curso, mas em seu desenvolvimento, além da escola francesa, a Escola de Manguinhos também sofreu influências da escola alemã, através de Henrique de Beaurepaire Aragão, Henrique de Rocha-Lima e Alcides Godoy que fizeram sua formação em Berlim e, mais tarde, da escola suíça alemã, com Adolpho Lutz, que diplomou-se em Berna.

Desde cedo, a Escola de Manguinhos, caracterizada como uma grande escola de medicina experimental, passa a ter uma procura intensa.

Olympio da Fonseca Filho, ao tentar matricular-se para o curso de 1912, encontrou-o com todas as vagas preenchidas, tendo que adiar seu projeto de estudos para o curso de 1913/1914.

É ele que nos revela as características do curso naquela época.

O curso tinha um programa amplo e rígido, desenvolvido ao longo de quatorze meses ininterruptos, não se admitindo mais de dez faltas, e apenas entre um terço e metade dos alunos que o iniciavam alcançavam as qualificações de frequência e aproveitamento necessárias para a diplomação.

O quadro abaixo, também apresentado por Olympio da Fonseca, nos dá conta das disciplinas que compunham seu currículo e dos professores responsáveis: Carlos Chagas, Antonio Cardoso Fontes, Adolpho Lutz, Arthur Neiva, Alcides Godoy, Gaspar Vianna e Henrique Figueiredo de Vasconcellos.

Arquivo/COC

Cientistas que fizeram a história da Ciência no Brasil foram os primeiros professores do Curso de Aplicação

 

INSTITUTO OSWALDO CRUZ

Programa do curso de 1913

1 - Aparelhos e métodos gerais de investigação em microscopia e bacteriologia: GODOY
2 - Micróbios em geral: FONTES
3 - Técnicas das culturas, colorações. Experimentação em animais: VASCONCELLOS
4 - Técnica histológica aplicada à microbiologia: VIANNA
5 - Análise de ar, solo e água: FONTES
6 - Grupo do carbúnculo: GODOY
7 - Cocos:estafilococos, estreptococos, pneumococos, meningococos e gonococos Exame de pús, exsudatos e transudatos: FONTES
8 - Difteria e pseudo - difteria. Exame de falsas membranas: FONTES
9 - Tuberculose, lepra, ácido-resistentes. Exame de escarro: FONTES
10 - Peste. Septicemias hemorrágicas. Exame bacteriológico de sangue: VASCONCELLOS
11 - Mormo: VASCONCELLOS
12 - Grupo coli - tifo. Exame bacteriológico de urina: FONTES
13 - Cólera e vibriões. Exame de fezes: GODOY
14 - Anaeróbios (Tétano. Carbúnculo sintomático): GODOY
15 - Imunidade em geral. Teorias da imunidade: GODOY
16 - Reações sorológicas aplicáveis ao diagnóstico: Wassermann e suas modificações. Bordet - Gengou: VASCONCELLOS
17 - Técnica soroterápica. Preparo dos diferentes soros: VASCONCELLOS
18 - Dosagem dos soros: GODOY
19 - Antissépticos. Determinação de seu valor: FONTES
20 - Cogumelos patogênicos. Actinomicose. Tinhas: VASCONCELLOS
21 - Esporotricose e blastomicose: VIANNA
22 - Protozoários em geral: CHAGAS
23 - Amebas: CHAGAS
24 - Flagelados. Tripanosomidas. Leishmanias. Piroplasma: CHAGAS
25 - Moléstia de Carlos Chagas: CHAGAS
26 - Esporozoários em geral. Impaludismo: CHAGAS
27 - Ciliados parasitos: CHAGAS
28 - Espiroquetas: CHAGAS
29 - Clamidozoários. Germes filtráveis. Varíola. Febre amarela: CHAGAS
30 - Animais transmissores de moléstias. Dípteros. Hemípteros. Sifonápteros: NEIVA
31 - Animais venenosos e peçonhentos: NEIVA
32 - Animais parasitos do Homem e de outros animais: LUTZ

O Curso de Aplicação formou centenas de especialistas que vieram a integrar os quadros do próprio Instituto Oswaldo Cruz e de outras instituições de pesquisa no Brasil e no exterior.

O Instituto Biológico e o Instituto Butantan, em São Paulo, o Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas e o Instituto Evandro Chagas, em Belém, são exemplos de instituições que se beneficiaram da colaboração de pesquisadores oriundos do curso.

O Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, hoje importante núcleo de pesquisa e de difusão científica em vários campos das ciências biomédicas, foi fundado por antigo pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, Carlos Chagas Filho, também ex-aluno do Curso de Aplicação.

Arquivo COC

Turma da década de 50 reunida: primor pela excelência no ensino exigiria disciplina e comprometimento dos alunos 

E grande parte dos países da América Latina enviou pesquisadores para se especializarem em Manguinhos, que, em sua maioria, retornando a seus países de origem, vieram a compor importantes quadros das instituições de pesquisa e ensino.

Apesar da importância e do sucesso na formação de pesquisadores alcançado pelas atividades de ensino do Instituto Oswaldo Cruz, em 1970, por ocasião da fusão do Instituto Oswaldo Cruz com a Fundação Ensino Especializado em Saúde Pública que criou a FIOCRUZ, o ensino deixa de ser uma atribuição do Instituto, sendo repassado à Escola de Saúde Pública.

Com isso, o Curso de Aplicação foi extinto e foi criado na Escola de Saúde Pública, então denominada Instituto Presidente Castello Branco, o Curso de Iniciação à Pesquisa em Biologia, de duração de um ano, que funcionou de 1970 a 1974, sofrendo posteriores restruturações.

 Arquivo COC

Alunos na década de 60: por razões institucionais, o ensino deixou de ser atribuição do IOC entre 1970 e 1980

 

Embora os pesquisadores não tenham se distanciado completamente das atividades de ensino, colaborando sistematicamente com os cursos da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), é somente em 1980 que o Instituto retoma a formação de pesquisadores como uma de suas atribuições fundamentais, ao receber os alunos transferidos dos cursos de Virologia e Parasitologia da ENSP, dando início ao programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Biologia Parasitária.

Nas últimas décadas as atividades de ensino expandiram-se e, além da formação de pesquisadores, que, a partir de 1984, passa ainda a contar com o Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Medicina Tropical e com o de Biologia Celular e Molecular, a partir de 1989, o Instituto volta-se também para a formação de técnicos de pesquisa e de especialistas.

:: Ensino no IOC - de 1980 a 2009

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