Em busca de elaborar estratégias de controle mais eficazes, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), em colaboração com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, saíram a campo para investigar a produtividade de criadouros e infestação pelo Aedes aegypti, vetor da dengue. Publicado na edição de junho das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, o estudo avaliou duas áreas com características diversas – Tubiacanga, na Ilha do Governador, e a Favela do Amorim, em Manguinhos – durante as estações seca e chuvosa. As caixas d’água e tonéis foram identificados como os reservatórios mais produtivos do mosquito. Isso não significa que a população pode descuidar da atenção a pequenos reservatórios, como vasos de plantas, que comprovadamente atuam como criadouros, mas que deve redobrar a atenção a reservatórios de maior porte, como caixas d'água e tonéis.
Gutemberg Brito |
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Larva do mosquito Aedes aegypti observada em microscópio ótico |
Os pesquisadores registraram índices de infestação muito superiores ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Enquanto o índice de infestação do Aedes aegypti recomendado pela OMS é de no máximo 1%, registramos uma taxa de 21% em Tubiacanga e de 11% na Favela do Amorim”, apresenta Rafael Freitas, doutorando do Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC, que participou do estudo orientado pelo pesquisador Ricardo Lourenço de Oliveira.
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Rafael Freitas (primeiro plano) realiza o estudo durante o doutorado no IOC |
“A alta infestação em Tubiacanga pode ser explicada pela maior produtividade de criadouros grandes localizados no peridomicílio das casas, onde geralmente a fêmea de Aedes aegypti realiza a postura de ovos. Os dados sugerem influência da infra-estrutura local na infestação por A. aegypti. Entretanto, não foi observada influência das estações do ano na produtividade dos focos. Possivelmente, isso se deve ao fato de criadouros permanentes e que não sofrem influencia das chuvas, geralmente utilizados para o armazenamento de água, como caixas d'água e tonéis, terem sido apontados como os mais produtivos em ambas as localidades”, Ricardo explica.
Sabendo que cada tipo de criadouro contribui de forma diferenciada para a infestação de uma área, dentre os 18 tipos de depósitos avaliados, caixas d'água e tonéis produziram até 65% das pupas coletadas em Tubiacanga. “Futuramente, pretendemos avaliar o impacto da eliminação dos criadouros mais produtivos no nível de infestação de uma área”, Rafael adianta.
Gutemberg Brito |
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Larvas (amarelas) e pupas (marrons) de Aedes aegypti, cultivadas no Laboratório de Transmissores de Hematozoários do IOC |
Vôo da fêmea é direcionado a criadouros mais produtivos
Em outro estudo realizado nas mesmas áreas e com colaboração de pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) e do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC), foi observado que fêmeas de Aedes aegypti apresentam tendência a se deslocar em direção a pontos onde haja maior concentração de criadouros produtivos, como as caixas d’água e tonéis e/ou áreas com maior concentração de seres humanos.
“Verificamos que em áreas com maior oferta de sítios de oviposição e de seres humanos, como nas favelas, os mosquitos têm um raio de vôo menor. Observamos que esses dois parâmetros podem influenciar também a direção do vôo das fêmeas que, nos bairros estudados, apresentaram deslocamento mais intenso para áreas onde havia maior concentração de criadouros permanentes como caixas d’água e tonéis e/ou seres humanos”, Rafael afirma.
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13/02/2008
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