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Capacitação em poliomielite

Consultores técnicos do Ministério da Saúde estiveram no Laboratório de Enterovírus do IOC para aprofundar conhecimentos sobre o agravo

Entre os dias 18 e 20 de maio, o Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) recebeu membros da equipe da Coordenação Geral de Laboratórios de Referência do Ministério da Saúde (CGLAB/MS) para uma reunião técnica com foco na capacitação em Paralisia Flácida Aguda (PFA), quadro provocado pela poliomielite. O Laboratório atua como referência nacional para diagnóstico laboratorial do agravo junto ao Ministério da Saúde e como referência para a região das Américas junto à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Durante os encontros, Bruno Silva Milagres, Gabriela Andrade Pereira e Miriam Prando Livorati visitaram as instalações do Laboratório e acompanharam de perto os protocolos e rotinas de pesquisadores e técnicos no recebimento e análise de amostras.

“Foi uma experiência fantástica por compreender a complexidade do diagnóstico de PFA/Pólio. A equipe do Laboratório, muito conectada e competente, conseguiu nos mostrar todos os processos com bastante detalhe: desde a entrada e o cadastro das amostras até a realização dos primeiros exames e sequenciamentos. Sabendo como tudo funciona, e o tempo certo de cada processo, temos embasamento para responder os LACENs [Laboratórios Centrais de Saúde Pública], a equipe de Vigilância e a imprensa”, destacou Miriam.

Foto: Max Gomes (IOC/Fiocruz)

A pesquisadora Fernanda Burlandy apresentou a rota de recebimento e análise de amostras com os integrantes da CGLAB


Nas palestras, estiveram em foco as contribuições históricas do Laboratório e os esforços de cientistas para a erradicação global da poliomielite. Ao longo das atividades práticas, os representantes tiveram a oportunidade de observar desde o processo de cultura celular até o isolamento viral, com extração de material genético e sequenciamento do vírus.

“A história desse laboratório é notável desde a sua criação, na década de 1960, com a presença de duas figuras importantes: os pesquisadores Hermann Schatzmayr e Akira Homma. Esses importantes cientistas se dedicaram aos estudos da poliomielite, fazendo com que o Laboratório fosse o primeiro do Brasil a produzir lotes de vacina Sabin oral contra a doença. Em 1980, o Laboratório foi credenciado como Centro Nacional de Referência para Enteroviroses junto ao Ministério da Saúde e, em seguida, em 1988, foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como Laboratório de Referência para a Região das Américas, no contexto do Programa Global de Erradicação da Poliomielite”, descreveu Edson Elias, chefe do Laboratório de Enterovírus do IOC.

Foto: Max Gomes (IOC/Fiocruz)

O virologista Edson Elias apresentou a trajetória do Laboratório, da sua criação até as ações atuais, e os principais feitos no enfrentamento da poliomielite


Cooperação de décadas
O trabalho conjunto entre a Coordenação Geral de Laboratórios de Referência e a Fiocruz foi destacada na abertura do encontro pela assessora técnica da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação, Tania Fonseca. “A CGLAB é uma parceira forte da nossa Coordenação e fazemos questão de solidificar ainda mais essa relação de longa data”, declarou.

A característica de cooperação foi reforçada por Maria de Lourdes Oliveira, vice-diretora de Laboratórios de Referência, Ambulatórios e Coleções Biológicas do IOC. “É muito importante ter essa parceria cada vez mais estreita. Os membros da CGLAB aqui presentes serão assessorados por um grupo extremamente forte. É um Laboratório de grande importância para o IOC, com reconhecimento internacional e liderado por um pesquisador que gera profunda admiração pelo seu trabalho e por ter participado do programa de eliminação da poliomielite”, destacou.

Foto: Max Gomes (IOC/Fiocruz)

Equipes debateram perspectivas e ações de contenção da poliomielite


Dando continuidade às apresentações, os representantes da CGLAB salientaram a importância da capacitação e o antigo desejo de realizar o encontro. “Há bastante tempo temos essa vontade de conhecer melhor o Laboratório, porém essa reunião não pôde ser realizada antes devido ao cenário de emergência em saúde causado pela Covid-19”, lembrou Gabriela.

“Queríamos entender mais sobre os protocolos estabelecidos no Laboratório para as análises de poliomielite para conseguir responder com propriedade sobre o assunto. Era necessário ir além da teoria e vivenciar na prática. Nada melhor do que estar em um laboratório de referência internacional para adquirir esse conhecimento”, acrescentou Bruno.

O apoio do Laboratório de Enterovírus no diagnóstico de amostras oriundas dos mais diferentes municípios brasileiros também foi realçado. “O trabalho de contenção é uma missão muito difícil. É um prazer estar aqui e ver de perto como todos os processos funcionam. O Laboratório tem sido um grande parceiro, que trabalha muito unido conosco”, concluiu Miriam.

Foto: Max Gomes (IOC/Fiocruz)

Equipe do Laboratório de Enterovírus e representantes da diretoria do IOC e da presidência da Fiocruz reunidos com os consultores técnicos do Ministério da Saúde


Também participou do encontro Marilia Santini, assessora da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz. Do Laboratório de Enterovírus, participaram Brendo Oliveira, Cristiane Sousa, Gabriel Assad Baduy, Fernanda Burlandy, Ivanildo de Sousa Jr., Ketlyn Araújo, Marcia Leite e Silas de Souza Oliveira.

Sobre a poliomielite
Desde 1990, o Brasil não registra casos de pólio, como resultado do sucesso das campanhas realizadas desde 1980 no país, que se via assombrado por um longo e triste histórico da doença conhecida como paralisia infantil, que vitimou cerca de 27 mil crianças entre 1968 e 1989. A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda. Não existe cura e o vírus causador da doença se multiplica no intestino. A transmissão ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados com fezes (contato fecal-oral) e, por isso, crianças pequenas, que ainda não estabeleceram hábitos de higiene, correm mais risco de infecção. Apenas 1% dos infectados desenvolve a forma paralítica, decorrente da migração do vírus para o sistema nervoso central. As sequelas podem ser permanentes e, quando há comprometimento do bulbo cerebral, o paciente pode morrer por insuficiência respiratória.

Reportagem: Max Gomes
Edição: Raquel Aguiar
24/05/2022
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