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Antibióticos: Crescimento da resistência global

A disseminação global de genes de resistência em bactérias de origem hospitalar foi o tema de debate durante o último dia de programação do I Simpósio em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Doenças Bacterianas e Fúngicas, realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).  Como conferencista convidada, a pesquisadora Luiza Peixe, da Universidade do Porto (Portugal), apresentou um panorama sobre a evolução das bactérias multirresistentes no mundo e ressaltou a importância do investimento em pesquisa para combater o problema.

“Na década de 50, os antibióticos revolucionaram a medicina, mudaram a forma de tratamento das infecções e aumentaram em 70% a chance de vida do paciente. Hoje em dia, com as bactérias multirresistentes, as chances baixaram para 20%. Temos um problema de saúde pública global”, disparou Luiza. Segundo a pesquisadora, as ações de combate à disseminação destes microorganismos foi intensificada na década de 90. “Em 1995, foram adotadas medidas clássicas como a política de uso de antibióticos e vigilância em hospitais e a educação da população. Além disso, entidades internacionais passaram a acompanhar o processo. Porém, a pesquisa hoje precisa aprofundar a investigação nos padrões de resistência, identificar as enzimas que conferem resistência a bactérias, seus perfis, linhagens e circulação em nível mundial.”

Gutemberg Brito

Luiza Peixe elencou os principais mecanismos de resistência e de aparecimento de bactérias multirresistentes em diversos países e em momentos diferenciados 


Entre outros aspectos, a conferencista ressaltou o aumento do número e da diversidade de enzimas responsáveis pela resistência e alertou para a necessidade do foco maior na disseminação no meio extra-hospitalar. “Todos os nichos têm potencial de selecionar genes de resistência. Por isso, o hospital deixou de ser o único ambiente para a disseminação. As bactérias que adquirem estas enzimas pela transferência de genes saem do hospital e encontram outros nichos como frangos e suínos. Isso é importante, porque quando uma bactéria multirressitente chega à comunidade, o controle de sua disseminação torna-se mais difícil”, alertou.

Luiza Peixe elencou os principais mecanismos de resistência e de aparecimento de bactérias multirresistentes em diversos países e em momentos diferenciados. O destaque foi para o aparecimento das enterobacteriaceae que produzem uma enzima do tipo NDM-1 e são resistentes a todas as classes de antibióticos. “Esta enzima foi disseminada na Índia, Paquistão e Bangladesh. Com o turismo cirúrgico, chegou ao Reino Unido por meio de pacientes que haviam se submetido a intervenções como cirurgias plásticas nesses países por oferecerem preços mais acessíveis”, esclareceu.

A produção de antibióticos com base em estudos genômicos, o investimento em novas moléculas por parte da indústria farmacêutica e a utilização de produtos naturais foram fatores apontados pela especialista como armas na guerra contra as bactérias multirresistentes. “É preciso fazer opções. Estamos em uma situação em que cada vez mais vamos enfrentar infecções não tratáveis. Porém, recomendar a não utilização de antibióticos só é possível em países que tenham uma situação muito favorável. O importante é que o tema vem sendo debatido e, quando estamos em uma situação de emergência, encontramos a solução”, finalizou.

 

Renata Fontoura

08/11/2010

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

 

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