Solidariedade científica
Uma coleção desenvolvida durante 50 anos pelo esforço individual de um admirador dos insetos acaba de ser doada para a Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a mais antiga e uma das maiores da América Latina. Os números impressionam: são 44 mil novos exemplares de coleópteros (besouros) de 19 mil espécies brasileiras. Com a doação de sua coleção pessoal, Ayr Belo deu um valioso exemplo de solidariedade e dedicação a ciência, contribuindo também para que a Coleção Entomológica do IOC torne-se a mais completa do país na ordem Coleóptera. Os insetos, já fazem parte do acervo do IOC e estão disponíveis para consultas.
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Rodrigo Méxas |
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Para Ayr Belo enfatiza a doação para a Coleção Entomológica do IOC representa a certeza de que sua coleção de Coleoptera será utilizada cientificamente |
Ayr conta que começou a colecionar insetos ainda criança, mas que foi só aos 18 anos, quando ingressou na Aeronáutica, que passou a se dedicar aos coleópteros. “Quando entrei para a Aeronáutica pude coletar e identificar espécies de todo o Brasil. Com isso, consegui reunir exemplares de 19 das cerca de 35 mil espécies existentes no país”, afirma, acrescentando que coletou pessoalmente a maioria dos exemplares.
Colaborador da Coleção Entomológica do IOC há quatro anos, Ayr chegou ao Instituto recomendado por um renomado pesquisador de uma instituição estrangeira. Aos 68 anos, ele já identificou espécies de coleópteros para várias instituições brasileiras, dentre elas Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), Museu Paranaense, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Universidade de Goiás, Universidade de Minas Gerais, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa –Brasília), Universidade Estadual de Londrina e Universidade Estadual de Santa Maria.
Ayr Belo enfatiza que a doação para a Coleção Entomológica do IOC representa a certeza de que sua coleção de Coleopteros será utilizada cientificamente. “Estou com a idade avançada e não queria que a coleção fosse perdida ou desmembrada. A excelente qualidade das instalações, a capacidade técnica de manutenção da CEIOC e a certeza que ela será utilizada por pesquisadores como referência para pesquisa e identificação de espécies me motivaram a escolher o IOC para doar meu acervo”, justifica.
Esta doação representa um acréscimo significativo na representatividade deste grupo de insetos em termos de biodiversidade. Para se ter uma ideia, das 111 famílias de coleópteros existentes no Brasil, 107 estão representadas na coleção doada por Ayr Belo.
A curadora da Coleção Entomológica do IOC e chefe do Laboratório de Biodiversidade Entomológica do Instituto, Jane Costa, destacou a importância da doação. “A ordem Coleóptera da Coleção Entomológica do IOC estava estimada em 60 mil exemplares. A inclusão deste novo acervo significa um acréscimo de mais de 60% neste grupo. Assim, passamos a ser a Coleção mais completa do país nesta ordem. A doação feita pelo Ayr Belo é um exemplo de amor e dedicação à entomologia”, conclui.
Sobre a Coleção Entomológica do IOC
Uma das maiores coleções de insetos da América Latina, a Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) representa a diversidade dos insetos da fauna brasileira e a importância desses espécimes para a história da ciência. Seu início data de 1901, ano em que o próprio Oswaldo Cruz descreveu o mosquito Anopheles lutzi, a primeira espécie nova proposta no então Instituto Soroterápico Federal (Instituto de Manguinhos). Atualmente, conta com cinco milhões de exemplares coletados desde o início do século 20 por grandes pesquisadores, como Adolpho Lutz e Lauro Travassos, em suas expedições pelo Brasil.
Cristiane Albuquerque
29/11/2010
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