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Workshop padroniza diagnóstico da doença de Chagas

A doença de Chagas ainda coloca muitos desafios para a ciência. Um dos mais importantes  é o aperfeiçoamento dos medicamentos disponíveis – ainda muito limitados – e a busca de novas alternativas terapêuticas. O Benzonidazol é o único medicamento utilizado atualmente para tratamento da doença. O projeto BENEFIT (BENznidazole Evaluation For Interrupting Trypanosomiasis) foi criado justamente para avaliar os resultados deste medicamento no tratamento de pacientes com a doença de Chagas cardíaca, sobretudo no que se refere à redução da carga do Trypanosoma cruzi, parasito causador da doença. Mais de mil pacientes participam do estudo, que envolve Brasil, Colômbia, Argentina, Bolívia e El Salvador.

No Brasil, o projeto – que é financiado pela OMS e  Population Health Research Institute, da McMaster University (Canadá) – conta com a colaboração do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), por meio do Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas, que vem atuando desde 2007 como responsável pela realização de todos os ensaios de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) dos pacientes recrutados por 17 centros clínicos do país. Há cerca de 20 anos, o laboratório foi responsável por desenvolver o primeiro protocolo de diagnóstico da doença pela metodologia de PCR, que permite identificar, de forma exata, a presença do material genético do agente causador da doença nas amostras analisadas. Entre 22 e 27 de novembro, o Laboratório do IOC recebeu pesquisadores dos países parceiros do projeto BENEFIT no Workshop para o estabelecimento de um protocolo consenso para PCR em tempo real para o estudo BENEFIT. O objetivo foi estabelecer uma metodologia para padronizar o ensaio de diagnóstico com intuito de avaliar a carga parasitária dos pacientes que fazem parte da iniciativa.

Peter Ilicciev

 

Representados respectivamente por Juan Davi Ramirez, Universidade de Los Andes e Elsa Velázquez, Instituto Nacional de Parasitologia Dr. Mario Fatala Chaben, Colômbia e Argentina também participaram do encontro

Padronização

Pesquisador conveniado do IOC e organizador do workshop, Otacílio Moreira explicou que cada um dos pesquisadores envolvidos no projeto desenvolvia uma metodologia diferente para o diagnóstico molecular e o procedimento de avaliação da carga parasitária dos pacientes. “Resolvemos promover esse encontro para que pudéssemos gerar uma metodologia padrão para avaliar os pacientes que fazem parte da iniciativa”, comentou. “Existem diversas metodologias e equipamentos utilizados para esta avaliação e cada uma apresenta uma particularidade. Com o workshop, será possível chegar a um consenso com todos os Centros que participam do estudo BENEFIT sobre a melhor forma de comparar os dados de todos os pacientes analisados tanto no Brasil, quanto nos demais países da América do Sul”, completou o pesquisador.

No encontro, os representantes de cada país apresentaram os protocolos trabalhados – desde a fase de extração do material genético do patógeno presente nas amostras de sangue dos pacientes até o ensaio de PCR em tempo real utilizado para diagnóstico. A padronização da metodologia permitirá comparar os resultados obtidos sobre a ação do benzonidazol na redução da carga parasitária dos pacientes.

Aprimoramento

“O Laboratório de Biologia Molecular e Doenças Endêmicas já analisou mais de mil pacientes portadores da doença de Chagas no contexto do estudo BENEFIT. Neste momento, nossas pesquisas visam quantificar a carga parasitária nesses pacientes, a fim de avaliar a evolução do tratamento com benzonidazol e verificar se o tratamento com este medicamento está fazendo com que a carga parasitária diminua progressivamente até negativar o teste”, descreveu Otacílio.

De acordo com o pesquisador, todas as amostras foram analisadas pelo Laboratório com base em ensaios de PCR convencional, método classificado como semi-quantitativo por identificar a presença do parasito, mas não permitir qualificar com exatidão a carga parasitária dos pacientes. “Queremos dar um passo adiante e estamos, nessa etapa do projeto, no processo de quantificação de T. cruzi presente nas amostras de sangue. Nesse ponto, a PCR em tempo real é a metodologia que nos permite quantificar com extrema precisão essa carga parasitária”, ressaltou.

Segundo o pesquisador, a metodologia de PCR em tempo real apresenta a vantagem de ser uma metodologia direta (que identifica a presença do agente patogênico na amostra) e de permitir, no caso específico do teste de medicamentos, avaliar a eficácia terapêutica através da diminuição da carga parasitária. Ao contrário da sorologia [um método indireto de diagnóstico, em que é identificada a presença de anticorpos produzidos em resposta à presença do microorganismo], essa metodologia vai direto ao DNA do parasito.  O relatório do encontro será enviado para a central de coordenação do Projeto BENEFIT, no Canadá.

 

Cristiane Albuquerque

1/12/2010

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)

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