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Colaboração internacional contra as gastroenterites virais

O início de uma colaboração que pode levar a muitos avanços no estudo das gastroenterites virais e ajudar na criação de redes de monitoramento ambiental para rotavírus, norovírus e outros vírus similares. Todas essas expectativas cercaram a visita dos pesquisadores Lennart Svensson, do Swedish Institute for Infectious Disease Control e da Universidade de Linköping (Suécia), e Claudia Istrate, da Universidade Nova de Lisboa (Portugal), ao Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (LVCA-IOC/Fiocruz). Entre os dias 2 e 4 de março, os especialistas conheceram as instalações do Instituto, com o objetivo de lançar as bases para uma possível colaboração entre Brasil, Portugal e Suécia na geração de conhecimento, pesquisa básica e clínica, além de capacitação de pesquisadores em gastroenterites virais. Os especialistas também visitaram o Instituto de Puericultura Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) buscando integrar este instituto nesta parceira.

Durante a visita ao Laboratório do IOC, que atua como referência regional para rotavírus, Lennart destacou a importância do desenvolvimento de colaborações com países de todo o mundo para o estudo das gastroenterites virais. “Fortalecer parcerias com países de fora da Europa é fundamental quando falamos de doenças globais, como é o caso das gastroenterites virais”, afirmou. “O Brasil tem muita tradição em pesquisa básica e clínica e uma ótima infraestrutura laboratorial, além de uma população muito maior do que a Suécia, com grande incidência da doença. É uma ótima oportunidade de colaboração para expandir a amostragem dos diagnósticos e aprimorar sua qualidade”, acredita.

Um dos focos da parceria é o desenvolvimento de pesquisas sobre gastroenterites virais agudas em crianças. A doença é uma das maiores causas de morbidade neste grupo no mundo – estima-se que esteja relacionada a mais de 800 mil mortes por ano, apenas nos países em desenvolvimento. No Brasil, o Ministério da Saúde calcula que a cada ano ocorrem cerca de 2.500 mortes entre crianças com menos de cinco anos. “Pretendemos desenvolver pesquisas conjuntas, trocar tecnologia e atuar no treinamento de pessoal, produzindo ciência de qualidade e melhorias em saúde pública, especialmente no combate às gastroenterites virais em crianças”, reforçou Lennart.   

Pesquisas sobre o monitoramento ambiental de vírus também estão em foco na parceria. “Na Europa, existem colaborações para a aplicação de métodos de vigilância epidemiológica no monitoramento da contaminação da água e de alguns alimentos, como certas frutas, verduras e sorvetes, por vírus”, destacou o sueco. O especialista acredita que o Brasil pode desempenhar papel fundamental em vigilância para toda a América do Sul.

José Paulo Leite, chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC, lembra que o Laboratório já realiza a análise de amostras de água suspeitas de contaminação em casos de surtos de gastroenterites no Brasil. “Além de analisar água suspeita de contaminação, desenvolvemos metodologia de análise de contaminação viral em certos alimentos, além de recebermos em nossas bancadas profissionais de países vizinhos, como Argentina, Chile e Uruguai, além de outros pesquisadores latinoamericanos através de solicitações da Organização Pan-Americana da Saúde”, ressaltou. 

Lennart acumula experiências bem-sucedidas em parcerias internacionais em gastroenterites virais. Além de atuar na coordenação de diversos encontros europeus sobre rotavírus, seu grupo é responsável por importantes trabalhos na Índia e na Nicarágua. “Colaboramos há 30 anos com a Nicarágua, onde ajudamos a desenvolver um grande estudo epidemiológico, gerando dados básicos para a elaboração de estratégias vacinais para toda a população”, relembra. “Após a vacinação, mantivemos um monitoramento constante para a identificação de mutações e de possíveis cepas recombinantes emergentes.”

Marcelo Garcia

04/03/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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