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Dia Mundial de Combate à Malária

Na última segunda-feira, dia 25 de abril, foi comemorado o Dia Mundial de Combate a Malária. Este ano, a data foi ainda mais especial. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos fatais da doença infecciosa – que mata uma pessoa a cada 45 segundos na África – caíram de 985 mil em 2000 para 781 mil em 2009. No Brasil, no mesmo período, o número de casos caiu quase pela metade e houve redução de mais de 50% no número de mortes. Apesar dos avanços, o especialista do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Cláudio Tadeu Daniel-Ribeiro, ressalta que ainda há muitos desafios a serem enfrentados.

No Brasil, aproximadamente 99,6% dos casos da doença concentram-se nos estados da Amazônia Legal. Em 2010, quatro municípios concentraram 86.152 casos, o equivalente a 26% do total no país – Porto Velho (RO), Anajás (AM), Cruzeiro do Sul (AC) e Manaus (AM).

“Na década de 1950, a Campanha de Erradicação da Malária, proposta pela OMS tinha como objetivo erradicar a malária do planeta. Apesar do grande esforço político e econômico, tal resultado não foi alcançado. Mas, em decorrência da iniciativa, a doença foi eliminada em vários países e regiões. No Brasil, conseguimos praticamente eliminar a malária de toda a Região Extra-Amazônica, situação que se mantém até os dias atuais”, explica Daniel-Ribeiro, chefe do Laboratório de Pesquisa em Malária do IOC.

O especialista ressalta que a ocorrência da doença está mais restrita às áreas tropicais e mais pobres do planeta nas últimas décadas. “Embora grupos de instituições de pesquisa do mundo inteiro venham trabalhando em seu desenvolvimento, ainda não há vacina contra malária”, aponta. Já em relação ao tratamento dos casos, outro aspecto é particularmente desafiador. “O tratamento, realizado primeiramente com a quinina, extraída da casca da quina desde o século XVI, e depois com a cloroquina, obtida por síntese química a partir dos anos 40, é atualmente baseado em terapias combinadas com a artemisinina. Hoje, a resistência do parasito às drogas disponíveis é um obstáculo que precisamos vencer com a identificação de novos princípios ativos e o desenvolvimento de novos fármacos”, afirma.

Outro desafio enfrentado no combate à doença é a chamada “malária do viajante”, quando os pacientes são infectados durante a estadia em áreas endêmicas e depois retornam a seus locais de origem. “Antes do deslocamento, o viajante deve ser informado e sensibilizado para a importância de utilizar medidas de proteção durante a estadia em áreas de transmissão. Em grande parte das capitais da Região Extra-Amazônica do país, há Centros de Aconselhamento para Viajantes, onde consultas médicas podem ser agendadas a fim de que o risco de adquirir malária ou outras doenças seja avaliado e reduzido”, sugere.

Evitar o contato com o vetor ainda é a forma mais eficaz de prevenir a doença. “Como é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, a melhor medida de prevenção é evitar o contato com este vetor”, reforça o pesquisador, ressaltando iniciativas que deram certo. “Na Ásia e na África, o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas reduziu a prevalência e a gravidade da doença, sobretudo em crianças, em localidades onde estudos controlados têm sido realizados. Pesquisas semelhantes conduzidas na Amazônia brasileira mostraram resultados promissores, como a diminuição na densidade populacional do mosquito dentro das residências”, comemora.

Segundo o malariologista, a doença tem importância no cenário internacional. “Os desafios atuais são diferentes. Se ontem não dispúnhamos de ferramentas de controle adequadas, hoje precisamos dar acesso às populações acometidas aos mosquiteiros impregnados, aos testes rápidos de diagnóstico e às novas drogas disponíveis para os parasitos cada vez mais resistentes”, conclui, acrescentando que os recentes resultados positivos no Brasil decorrem das ações do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária e, no mundo, de uma mobilização política de vários Organismos Internacionais (como a OMS, a Secretaria das Nações Unidas e o Banco Mundial), governamentais (envolvendo iniciativas como a da presidência dos Estados Unidos) e mesmo de Organizações Não-Governamentais, como a Fundação Bill e Melinda Gates.

Sobre a doença
A malária é uma doença infecciosa, causada por um parasito do gênero plasmodium. A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles. Gestantes, crianças e pessoas infectadas pela primeira vez estão mais sujeitas às formas graves. Quem tem malária uma vez não fica imune e pode ser infectado e adoecer sucessivas vezes antes de adquirir um grau razoável de imunidade clínica (o indivíduo pode ter o parasito no sangue mas fica pouco doente ou mesmo sem sintomas).
A doença pode se manifestar de forma aguda ou crônica. O quadro clínico e a gravidade da infecção variam de acordo com a espécie de parasito e o estado imunológico do paciente. Os sintomas mais comuns são febre alta e intensos calafrios que se manifestam intermitentemente, a cada dois ou três dias, além de dores de cabeça e no corpo. A doença pode, entretanto, se apresentar, de forma menos característica, com febre diária. Casos graves podem provocar anemia importante e o comprometimento de praticamente todos os órgãos, incluindo rins, pulmão e cérebro, podendo levar à morte.
Quando diagnosticada precocemente, a malária pode ser tratada com medicamentos ou associações de medicamentos específicos para cada espécie do parasito, em dosagens adequadas à situação particular do paciente.

 

Renata Fontoura

25/04/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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