Fiocruz
no Portal
neste Site
Fundação Oswaldo Cruz
Página Principal

Homenagem a Hermann Schatzmayr

A emoção tomou conta do auditório Emmanuel Dias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) na manhã da última quarta-feira, 11/05. No dia em que completaria 75 anos, o virologista Hermann Schatzmayr foi homenageado por amigos e colaboradores que compartilharam, em algum momento de sua trajetória, as conquistas de uma vida dedicada à ciência. Durante o evento, depoimentos e vídeos reforçaram a importância do legado do cientista, morto em 21 de junho de 2010. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz por mais de cinco décadas, a trajetória de Hermann acompanhou a própria história da virologia no país: estudou a pandemia de gripe de 1957-8 no Rio de Janeiro e participou dos esforços de erradicação da varíola e de combate a poliomielite no Brasil, além de ter coordenado a equipe que realizou os isolamentos pioneiros dos vírus tipo 1, 2 e 3 da dengue em território brasileiro.

Gutemberg Brito

  O Auditório Emmanuel Dias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) ficou repleto de amigos, colaboradores e admiradores que conviveram com Hermann Schatzmay

Amiga e colaboradora de Hermann por mais de 30 anos, a chefe do Laboratório de Flavivirus do IOC, Rita Nogueira, abriu a programação destacando a importância da atuação do virologista para a virologia brasileira, para o IOC e para todos que trabalharam com ele. A pesquisadora também  relembrou a construção do núcleo de virologia no IOC, do qual o “mestre” foi precursor na década de 1970. “Tive o privilégio de trabalhar com Hermann durante 37 anos. Participar desta homenagem é um grande honra e também uma grande responsabilidade, já que ele norteou nossas pesquisas e nos ensinou muitas lições de vida. Era um pesquisador de bancada, mas nunca se desvinculou do mundo social. Falava com todos os públicos e tinha uma grande qualidade: sabia ouvir. Tenho uma eterna gratidão a esse grande mestre”.

Gutemberg Brito

Rita Nogueira, chefe do Laboratório de Flavivirus do IOC, destacou que Hermann era um pesquisador de bancada, mas nunca se desvinculou do mundo social

Homenagem ao mestre

Em seguida, os pesquisadores Luis Fernando Ferreira, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e Akira Homma, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), prestaram suas homenagens. No depoimento gravado em vídeo, Akira pontuou algumas vitórias conquistadas ao lado de Hermann Schatzmayr e a importância desses feitos para a saúde pública brasileira. “Participamos da primeira avaliação da vacina oral contra poliomielite no Brasil. Depois, fomos pioneiros na área da virologia ambiental, realizando estudos sobre a presença de vírus em águas de rios”, ressaltou o atual presidente do Conselho de Política e Estratégia de Bio-Manguinhos.

José Rodrigues Coura, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, também prestou uma homenagem emocionada ao amigo. “Hermann foi um dos mais brilhantes virologistas brasileiros de todos os tempos, a quem o Instituto Oswaldo Cruz e a Fundação Oswaldo Cruz devem grande parte de sua evolução nos últimos 48 anos. Hermann trabalhou em tempo integral como bolsista, como pesquisador titular e como presidente da Fiocruz, com a dedicação de um filho agradecido, até os últimos dias de sua vida”, ressaltou “Além disso, foi um dos maiores scholars que o Brasil já teve na área de Virologia, na qual formou dezenas de discípulos, organizou laboratórios do mais alto nível internacional e participou da erradicação do controle de dois flagelos internacionais: a varíola e a poliomielite. Foi um cientista e um homem que serviu ao Brasil e ao mundo, deixando órfãos, além de sua esposa Monika e seus dois filhos Rainer e Betina, uma legião de discípulos e amigos”, completou Coura.

Gutemberg Brito

José Rodrigues Coura, chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, leu emocionado alguns trechos da cronologia de um dos mais brilhantes virologistas brasileiros

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”

Em seguida, foi apresentado um vídeo com depoimentos gravados por representantes dos laboratórios que compõem o núcleo de Virologia do IOC foi apresentado. Os pesquisadores lembraram o início do antigo Departamento de Virologia da Fiocruz, além da importância que Hermann teve na vida profissional de cada um e as lições de generosidade e de bom humor que o virologista deixou por onde passou. Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Riquetisioses do IOC e uma das organizadoras do evento, finalizou a série de depoimentos. “Eu guardo lembranças fantásticas do Hermann e não raro, principalmente no momento das maiores dificuldades e das maiores alegrias, lembro das mensagens que ele enviava para mim, não somente no aspecto profissional, mas também no aspecto humano, na sensibilidade e no carinho de uma pessoa que era um lorde”, declarou. “Impossível não lembrar de uma dessas mensagens, enviada na véspera de seu aniversário, no dia 9 de maio de 2009. Ele tinha ido ao Forte de Niterói e encontrou uma imagem de uma frase que eu repetia muito, do Fernando Pessoa, que diz que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. E ele mandou essa imagem com o trecho da poesia. E, por fim, enviou uma foto dele subindo no próprio forte. Isso para mim é muito marcante, dá a impressão que a gente tem que caminhar, exatamente da forma como está a foto, para frente e para cima, com um céu bem azul”.

Pudim de leite, cocadas e Campari

A viúva do virologista, a pesquisadora do IOC Monika Barth, foi a última a prestar sua homenagem à memória de seu companheiro por mais de 45 anos. Ela revelou à plateia a detalhes curiosos da vida pessoal e familiar do virologista, como a preocupação em construir uma casa para cada um de seus dois filhos, sua preferência por pudim de leite, cocada, vinho tinto, licor, Campari e cerveja sem álcool. Segundo Monika, Hermann dançava duas vezes por ano: na festa de confraternização de final de ano do laboratório e na festa de Ano Novo com a família. Algumas das maiores satisfações da vida do cientista também foram destacadas pela viúva: ter conhecido mais de 50 países, ter criado dez laboratórios e o Departamento de Virologia do IOC e ter conseguido reunir todos em um prédio só no Pavilhão Hélio e Peggy Pereira. “Além disso, Hermann orgulhava-se de ter sido presidente da Fiocruz, membro titular das academias Brasileira de Ciências e de Medicina Veterinária, de ter escrito o livro A virologia no Estado do Rio de Janeiro - uma visão global, e de ter criado a Biblioteca de Manguinhos”, contou Monika. 

Gutemberg Brito

Monika Barth, viúva do cientista, revelou detalhes curiosos da vida pessoal de Hermann

No final do evento, Denilde Ferreira e José da Rocha Farias Filho (Zequinha), que trabalharam com Hermann por décadas, foram homenageados. A apresentação musical dos Irmãos Lucena encerrou a programação.

 

Renata Fontoura e Úrsula Neves

12/05/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

Versão para impressão:
Envie esta matéria:

Instituto Oswaldo Cruz /IOC /FIOCRUZ - Av. Brasil, 4365 - Tel: (21) 2598-4220 | INTRANET IOC| EXPEDIENTE
Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360

Logos