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Cólera: curso reforça vigilância

A cólera, que hoje causa preocupação na região do Caribe, matou milhares de brasileiros nos anos 90. A doença que assola países como Haiti e República Dominicana é motivo de alerta para autoridades aqui no Brasil. Para que a rede de vigilância epidemiológica esteja atualizada e pronta para monitorar qualquer caso que possa surgir no país, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) do Ministério da Saúde oferecem treinamento para profissionais de saúde dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) que atuam no diagnóstico laboratorial do agravo.

O curso ‘Atualização no Monitoramento de Cólera e Enteroinfecções Bacterianas de relevância em Saúde Pública’ teve início na segunda-feira (04/07) e ocorre até dia 08. O evento reúne mais de 30 representantes de Laboratórios Centrais das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e pesquisadores da Fiocruz. Dalia dos Prazeres, chefe do Laboratório de Referência Nacional de Cólera e outras Enteroinfecções Bacterianas do IOC, coordena a iniciativa. “É necessário agir na atualização das metodologias preconizadas, capacitação técnica e fortalecimento de equipes laboratoriais das áreas ambiental, alimentar e clínica, no sentido de diagnosticar os enteropatógenos emergentes”, conta Dalia.

 Foto: Gutemberg Brito

 

De acordo com a pesquisadora Dalia dos Prazeres do IOC, o curso "é uma estratégia para reforçar a rede de monitoramento epidemiológico, redobrando a vigilância sobre uma possível reintrodução da cólera no país."

Segundo dados do Ministério da Saúde, desde 2001 não há registros de morte por infecção de cólera. O ápice do número de infectados pela enterotoxina no Brasil ocorreu em 1994, quando foram registrados 51.324 casos. Em 1993, quase 700 pessoas morreram no Brasil em virtude da doença.

Dalia afirmou que há uma situação de vigilância para que se evite a reintrodução da doença no país. Na rede de vigilância epidemiológica, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN), vinculados às Secretarias Estaduais de Saúde e observados pela Agência Nacional de Vigilância em Saúde (ANVISA), são responsáveis pelas análises microbiológicas de alimentos, de águas envasadas e de consumo humano. “O problema da carência de saneamento básico e a temperatura da água no Nordeste e Norte do Brasil propiciam a reprodução destes microorganismos aquáticos. Estes dois elementos combinados são combustíveis para a proliferação de enterobactérias”, explica Dalia.

Lúcia Helena Berto, representante da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) ligada ao Ministério da Saúde, disse que o curso nasceu da preocupação do Governo Federal em relação a uma possível reintrodução da cólera no Brasil depois de casos confirmados no Caribe em 2010. “O curso é uma atualização para todos os estados do Brasil no que diz respeito ao monitoramento das Enteroinfecções Bacterianas de relevância em saúde pública”, conta.

O curso já foi oferecido na região Norte e Nordeste, em abril deste ano, e agora acontece com uma atenção especial nas outras três regiões do país: Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

 Foto: Gutemberg Brito

 

 “Todos os LACEN estão prontos para dar resposta caso ocorram surtos do vibrião no país”, afirma Lúcia Berto, gerente da Sub-rede de Enteroinfecções Bacterianas do Ministério da Saúde.

A cólera atingiu fortemente o Brasil na década de 90 do século passado. “O último caso clínico desta doença foi importado da República Dominicana neste ano, tendo sido notificado e diagnosticado no estado de São Paulo”, diz Lúcia.

Olhar abrangente

O curso destacou que o monitoramento ambiental é importante. Este monitoramento deve ser realizado como ação contínua, para que haja um mapeamento da qualidade da água nos estados brasileiros.

Micro-organismos como Vibrio spp, Pseudomonas aeruginosas e Aeromonas sp, que vivem no ambiente aquático, são relevantes no mapeamento, uma vez que podem ser utilizados como indicadores da qualidade da água, para consumo humano e no uso em piscicultura.

Entenda a cólera

A cólera é uma doença infecciosa intestinal aguda, causada pela enterotoxina Vibrio cholerae. Pode se apresentar de forma grave, como diarreia (com ou sem vômitos), e dores abdominais. Esse quadro, quando não tratado de imediato, pode evoluir para desidratação, acidose e colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal.

O agente etiológico da cólera, o V. cholerae O1 ou O139, foi primeiramente isolado pelo bacteriologista alemão Heinrich Hermann Robert Koch no Egito e na Índia em 1884.

A doença é transmitida mediante a ingestão de água ou alimentos contaminados pela bactéria. Sem tratamento imediato, as perdas de água ocasionadas pela diarreia podem atingir 1 litro por hora para cada ser humano, com desidratação intensa e risco de morte em 18 horas ou em poucos dias. O tratamento é baseado na administração dedo soro fisiológico (soro caseiro) para repor a água e os sais minerais perdidos. A receita do soro é simples: em cada litro de água potável, acrescenta-se uma colher de chá de sal e uma colher de sopa de açúcar.

Prevenção

As recomendações quanto à prevenção da doença incluem lavar constantemente as mãos com água e sabão, evitar ingerir alimentos crus ou mal cozidos, usar hipoclorito de sódio para purificar a água que não foi devidamente tratada, manter limpos todos os utensílios usados na mesa e na cozinha e mergulhar verduras, legumes e frutas na água com algumas gotas de hipoclorito ou uma colher de água sanitária antes de consumi-los.

João Paulo Soldati

06/07/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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