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Busca implacável pela cura do HIV

“A ‘cura’ do HIV é um mito? Não. Porém, ainda podemos levar alguns anos para que a cura seja de fato uma realidade” afirmou Jörg Hoffman, chefe do Departamento de Diagnóstico do  Instituto de Virologia Médica da Charité University Medicine de Berlim (Alemanha) em palestra realizada, nesta terça-feira (23/08), no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Hoffman é responsável por obter o primeiro caso de ‘cura’ para a Aids, adotando um procedimento que eliminou o HIV do organismo de um paciente de 40 anos através de um transplante de medula de um doador aparentemente resistente ao vírus.

“O paciente era portador do vírus desde 1996, era usuário do ‘coquetel anti-Aids’ desde 2002 e sofria de leucemia”, destacou o especialista durante a palestra ‘The cure of HIV - medical care implications and the impact for new strategies’, realizada em sessão conjunta especial do Centro de Estudos e dos Seminários Avançados de Imunologia do IOC.

 Foto: Rodrigo Méxas

 

 Casa cheia: Pavilhão Leônidas Deane parou para assistir a palestra do cientista responsável por tratamento pioneiro para a Aids.

“A partir do transplante, notamos que não houve replicação viral. O que houve, com o passar dos meses, foi uma elevação do numero de células T CD4+. O sistema imune começou então a dar resposta positiva, pois houve um aumento significativo da ativação e proliferação destas células”, completou. O tratamento ainda não poder ser utilizado como rotina, por sua complexidade e os riscos envolvidos, mas abre a perspectiva de compreensão dos mecanismos associados à eliminação viral.

Ineditismo

A experiência do cientista europeu foi pioneira. A pesquisa, que teve início em fevereiro de 2007, contou com a participação de outros seis cientistas da mesma universidade. O artigo ‘Evidence for the cure of HIV infection by CCR5-Δ32/Δ32 stem cell transplantation’, que comunica os achados, foi publicado em março deste ano no Journal of the American Society of Hematology.

 Foto: Rodrigo Méxas

 

 De acordo com o cientista da Charité University Medicine de Berlim, a ´cura´ para o vírus HIV não é utopia.

Segundo Hoffman, quem faz o tratamento contra o vírus através da Terapia Antirretroviral Altamente Ativa (HAART, na sigla em inglês) tem mais chances de viver. “As principais barreiras para a cura da doença com o tratamento deve-se à vida longa das células latentes infectadas, à replicação viral residual [apesar da utilização do ‘coquetel’] e ao acesso limitado das drogas para os reservatórios anatômicos”, afirmou.

O pesquisador apresentou dados recentes da doença e o histórico do vírus, que foi descoberto há 30 anos e isolado pela primeira vez em 1983. “Dez anos depois, foi feita a primeira tentativa de vacina contra o HIV. De lá pra cá, temos avançado muito”, sublinhou Jörg, que também apresentou números recentes sobre a doença. “Em 2009, o número de infectados no mundo atingiu a marca de 33,3 milhões de pessoas, sendo que 1,8 milhões de mortes foram causadas pelo HIV. As crianças infectadas são hoje 2,5 milhões”, disse.

 Foto: Rodrigo Méxas

 

 Com todos os assentos tomados no auditório Maria Deane, parte do público precisou ficar em pé ou sentada no chão.

A convite da Fiocruz, o cientista alemão de 52 anos, pai de duas filhas e recém avô de gêmeos, está pela primeira vez no Brasil. Otimista, Hoffman concluiu com uma mensagem de entusiasmo: “Mesmo que este procedimento não venha a ter uso em outros indivíduos, vencemos. A eliminação do vírus no organismo daquele paciente foi clara. É possível controlar a replicação viral por meio deste método.”

João Paulo Soldati

24/08/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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