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Malária: Memórias do IOC publica edição especial sobre a doença

Há 25 anos, a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz ganhava a primeira edição especial integralmente dedicado à malária, publicada logo após o primeiro encontro entre pesquisadores brasileiros sobre o tema, realizado no Rio de Janeiro. Em 2007, a dose foi repetida com sucesso e, agora, em 2011, a terceira edição chega gratuitamente online (acesse aqui). A edição é o resultado de um compromisso assumido por parte da comunidade científica brasileira e estrangeira que participou da 12ª Reunião Brasileira de Pesquisa em Malária, realizada em Ouro Preto (MG). O evento foi realizado em 2010, ano em que se comemorou o centenário da descoberta da resistência do parasita Plasmodium vivax à quinina, utilizada no tratamento da doença, feita pelo cientista Arthur Neiva, do Instituto Oswaldo Cruz.

A publicação surge em um momento em que a erradicação da doença está de volta à agenda de saúde global, no contexto do esforço para aliviar a pobreza extrema até 2015. A revista destaca 28 trabalhos de cientistas tanto da Fiocruz quanto de outras instituições brasileiras, além de pesquisadores colombianos, norte-americanos, africanos e de países como Austrália, Portugal, Lituânia e Dinamarca, que se debruçam sobre investigações de diversos temas. Os artigos abrangem novos avanços científicos sobre resposta imune protetora,  desenvolvimento de vacinas, mecanismos da patogênese, biomarcadores para a infecção e novos alvos para a quimioterapia com base no conhecimento das vias metabólicas do parasita e vetores.

Wolbachia Anopheles

Como a malária é uma doença transmitida pela picada do mosquito Anopheles, o controle de vetores é predominantemente realizado por meio de inseticidas e mosquiteiros. No entanto, atualmente, os métodos de controle do vetor muitas vezes não são sustentáveis por longos períodos. Por isso, métodos alternativos são necessários. O uso da bactéria Wolbachia para o controle da malária é proposto em artigo assinado pelo pesquisador Luciano Andrade Moreira, da Fiocruz-Minas, em parceria com Thomas Walker, da Universidade de Queensland, Austrália. A bactéria, uma vez dentro do organismo do vetor, reduz significativamente os níveis de infecção pelo Plasmodium vivax, parasito causador da malária terçã benigna, inibindo a replicação desse parasito no vetor e interferindo diretamente na transmissão da doença.

Gravidez

Durante o período de gestação, a malária causada por Plasmodium falciparum pode ser um grave problema de saúde em mulheres não-imunes ao parasita. Em áreas onde a transmissão da doença é estável e as mulheres são semi-imunes (muitas vezes com quadro assintomático durante a infecção), a malária pode levar ao óbito mães e filhos, segundo estudo norte-americano assinado por especialistas do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, órgão ligado ao Instituto Nacional de Saúde dos EUA. Sequelas, como anemia grave e hipertensão na mãe, baixo peso do bebê ao nascer e mortalidade infantil, muitas vezes não são reconhecidos como consequências da infecção por malária. Durante a malária na gravidez, a doença é mediada por eritrócitos infectados (IEs) que se ligam ao sulfato de condroitina A e que, por sua vez, são sequestrados ao passarem pela placenta. As mulheres se tornam resistentes à malária quando elas adquirem anticorpos contra o IE placentário, o que leva a níveis mais elevados de hemoglobina na mãe e a formação de bebês com massa corporal maior. Essas proteínas exportadas por parasitos na placenta foram caracterizadas pelos cientistas e algumas destas já estão na fase pré-clínica de testes de uma vacina. Segundo o estudo, a vacina que previne a doença parasitária em mulheres grávidas é viável e pode salvar centenas de milhares de vidas a cada ano.

Quimiorresistência

No Brasil, a malária continua a ser uma síndrome febril clinicamente importante para populações da região amazônica e para indivíduos que estão em trânsito por aquela região. A pesquisa Chemoresistance of Plasmodium falciparum and Plasmodium vivax parasites in Brazil: consequences on disease morbidity and control, realizada em conjunto pelo Laboratório de Pesquisas em Malária do IOC e a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, de Manaus, teve como objetivo relatar, desde os anos 40, os principais esforços empregados para controlar esta doença e o surgimento da resistência química do P. falciparum e P. vivax  à cloroquina, sulfadoxina-pirimetamina, dentre outras drogas. O artigo ainda mostra estudos moleculares, in vivo e in vitro, bem como as consequências da disseminação da quimiorresistência nos parasitos, além de informações sobre a morbidade da malária e das diretrizes da política de tratamento da doença.

Controle e eliminação

Artigo assinado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) discute a epidemiologia e controle da malária no país, bem como a perspectiva de interromper a transmissão em algumas áreas. Os conceitos de receptividade e vulnerabilidade de uma área para a transmissão da doença são analisados para prever onde a eliminação pode ocorrer em um futuro próximo. O artigo defende que fora da região amazônica e nos estados da Amazônia oriental (Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) é provável que a transmissão da doença possa ser eliminada com o desenvolvimento e a utilização sustentada de um bom sistema de vigilância.

Para acessar a edição especial clique aqui.

João Paulo Soldati

31/08/2011

Permitida a reprodução sem fins lucrativos do texto desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz).

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